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Crítica: Círculo de Fogo

Era como se estivesse assistindo a um anime. A chuva caía constante em um guarda-chuva preto. Ao mesmo tempo em que gira, ele se volta para trás, revelando o rosto de uma jovem. Os cabelos curtos e negros que caem sobre um rosto de pele clara se tornam azuis nas pontas.

Não acompanhei tantos animes, mas os cabelos, a expressão facial e o guarda-chuva são signos recorrentes da animação japonesa. E esta é apenas uma das referências que Guillermo del Toro faz a produções nipônicas. O próprio tema do filme “Círculo de Fogo” é uma ode às produções japonesas com robôs gigantes lutando contra monstros, ou a criatura mais famosa do mundo a destruir cidades: Godzilla.

Pacific-Rim-08Não há tanta novidade da trama de “Círculo de Fogo”. Uma organização militar que ganha descrença dos políticos da Terra tenta a todo custo derrotar os Kaijus (monstros) por meio dos Jaegers (robôs) criados pelos humanos. Em meio a isso, Raleigh (Charlie Hunnam) e Mako (Rinko Kikuchi) vivem dramas que fazem suas participações como “pilotos” dos robôs não serem tão fáceis.

Acima de tudo, Guillermo del Toro mostra que sabe o que faz. Não inventa a roda, mas a faz girar como ninguém. As batalhas do filme são críveis, os robôs são realistas, as piadas são feitas sem exagero, e as tomadas de câmera ousam nos momentos certos: destaque para a cena em que uma menina japonesa se vê sozinha em uma cidade recém dizimada.

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Os personagens são, em geral, muito bem estruturados. Del Toro sabe que um filme só tem efeito quando o público se conecta realmente com os papéis dos atores, e aproveita-se do fato de que os humanos são conectados neurologicamente para comandarem os robôs. Isso significa que as pessoas que dividem um Jaeger passam a compartilhar de todas as suas memórias e sentimentos. O espectador consegue entender o que sente Raleigh a respeito de seu irmão, assim como compreende aos poucos a relação entre Mako e Pentecost (Idris Elba).

XXX PR-TLR-2402R.JPG D ENTHá falhas, mesmo que poucas. Uma delas é quando dois parceiros, que dividem absolutamente tudo o que guardam na mente, perguntam-se um ao outro se “estão bem”, algo que seria totalmente desnecessário. Também fica difícil entender como que Chuck (Robert Kazinsky) é um personagem tão rancoroso mesmo após ter compartilhado todas as frustrações de seu próprio pai, o que faz com que seu comportamento se explique apenas para ser um rival do personagem principal. Ainda assim, é o personagem responsável por uma das cenas mais emocionantes do filme.

Aliado um 3D bem realizado, mesmo que convertido, “Círculo de Fogo” é uma ótima homenagem aos clássicos da TV japonesa, remonta um tema que encanta os mais saudosos e se mostra um filme de ação com todos os elementos necessários sem se render aos clichês do gênero.

E ainda tem Ron Perlman… impagável.

Nota: 04 Claquetes

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