Brasil, a terra da comédia
O cinema comercial brasileiro é formado por ondas. Entenda por “comercial” o cinema das grandes bilheterias. Algumas ondas mais fortes, outras mais fracas. Nada mais icônico para o país da “marolinha”.


Na maioria das vezes, são comédias despretensiosas, urbanas e até mesmo despreocupadas com a crítica. O que importa é o público. E tudo indica que as comédias não vão parar.
“Muita Calma Nessa Hora 2”, continuação do primeiro grande filme do diretor Felipe Joffily, deve chegar não somente focada em divertir o público, mas com objetivos comerciais de superar os 1,5 milhão de espectadores do primeiro filme. Em entrevista ao Estadão, Marcelo Adnet, uma das principais figuras do longa, disse que “a vida está tão corrida que as pessoas querem ver algo leve, ágil”.
Talvez seja isso. As dificuldades da vida cotidiana fazem com que a maioria procure relaxar em uma sala de cinema, mesmo que a política nacional esteja em efervescência e que a população, ainda que findada a grande onda de protestos, debata o assunto.
É uma pena, no entanto, que a maioria dos filmes mereça o rótulo de “Globochanchada”. São produções rasas, em sua maioria. Repetem estereótipos, mantém o mesmo status quo da sociedade e não promovem qualquer novidade.
Não consigo ver possibilidade de novos ares com “O Concurso”, recém lançado nas salas de cinema, ou “Meu passado me condena”, próximo filme de Fábio Porchat. Talvez o longa da produtora “Porta dos Fundos” traga algo novo, mas há de se esperar por isso.
Se continuarem a fazer comédias com tanta preguiça, uma hora o povo pode se cansar e combinar manifestações. Ou talvez acabe, como tudo no mundo, que muda o tempo todo como uma onda no mar.
