Crítica: Faça Ela Voltar
Faça Ela Voltar
Direção: Danny Philippou, Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou, Bill Hinzman
Nacionalidade e Lançamento: Austrália, 2025
Elenco: Billy Barratt, Sally Hawkins, Mischa Heywood, Jonah Wren Phillips, Stephen Phillips, Sally-Anne Upton.
Sinopse: Dois meio-irmãos são alocados para um lar adotivo após encontrarem o pai morto no banheiro. Andy e Piper acabam na casa de Laura, sua nova guardiã. Com um jeito excêntrico, Laura trabalhava como conselheira pedagógica e, além dos irmãos, também adota um jovem mudo chamado Oliver.
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Falar sobre o horror do luto não é novidade para os irmãos Philippou. Danny e Michael já tinham explorado o tema no competente Fale Comigo, longa de estreia da dupla. Em Faça Ela Voltar, eles exploram novamente a temática através de uma ótica diferente. Ainda mais densa, assustadora e tocante.
Andy e Piper são dois meio-irmãos que perdem o pai. Ele, mais velho, está prestes a completar 18 anos e quer a guarda da irmã mais nova, que enxerga apenas luzes e sombras. Como ainda é menor de idade, precisa esperar três meses até ser legalmente capaz de adotar Piper. Por isso, ambos são abrigados por Laura, uma psicóloga que também passou pela dor de perder sua filha.
Quando chegam na nova casa conhecem outro garotinho que é cuidado por ela, Oliver. Ele parou de falar depois de um acidente e tem um comportamento quieto e bastante isolado.

Apesar do estranhamento inicial com sua nova responsável, aos poucos Andy e Piper vão se adaptando e gostando de Laura. Até que o garoto começa a perceber coisas estranhas acontecendo dentro daquela casa. E a dinâmica começa a mudar.
É interessante como a dupla de diretores consegue equilibrar as coisas aqui. Faça Ela Voltar é um filme cuja tensão é constante e crescente, cheio de violência gráfica, e ao mesmo tempo uma narrativa que não se ancora nisso. Apesar de cenas de susto, não é focado em jump scare e se preocupa bastante com o desenvolvimento dos personagens. As dores de cada um, seus traumas e afetos são importantes aqui. E explicam porque cada um deles é como é.
Muito se fala dos estágios do luto, mas a verdade é que por mais que boa parte das pessoas tenha semelhanças ao lidar com ele, no fim ainda é um processo extremamente individual e solitário.
O filme questiona o que a perda de um ente querido faz com quem fica. E questiona também o que a perda de um filho é capaz de fazer com uma mãe. Além de mostrar como cada personagem processa esse luto de maneira diferente. Inclusive, existem aqueles que não processam. E o quanto isso pode ser destrutivo para a pessoa e também para os que estão ao seu redor.
Sally Hawkins entrega uma interpretação assustadora e ao mesmo tempo de partir o coração. É visível o tanto de amor que ela tem pela filha. E o quanto esse sentimento se transformou em algo doentio.
É um filme assustador, e não apenas pelas cenas de susto. Também é uma história muito triste e trágica. Um retrato do quanto uma perda pode ser a maior história de horror que alguém pode viver.
Nota: 4 /5
