Crítica: Lilo & Stitch (2025)
Lilo & Stitch – Ficha Técnica
Direção: Dean Fleischer Camp
Roteiro: Chris Kekaniokalani Bright, Mike Van Waes
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 22 de maio de 2025
Elenco: Maia Kealoha, Sydney Agudong, Chris Sanders, Zach Galifianakis, Billy Magnussen, Courtney B. Vance, Amy Hill, Tia Carrere, Kaipo Dudoit, Hannah Waddingham.
Sinopse: Uma garotinha havaiana e um alien fugitivo formam uma amizade inusitada e tocante.
.
Impressionante a dificuldade desses filmes em serem orgânicos. Acho que a única coisa notável de qualidade mínima (que na verdade é só obrigação) além da fofura da dupla central (que logo se perde também por ser tão apelativamente costurada) é ser fotografado de um jeito apenas visível fugindo do aspecto monocromático chapado do cinema blockbuster atual e iluminando esse Havaí solar e levemente colorido como um comercial de televisão.
É claro, é visível, tem cores, mas além de genérico, é também extremamente mal montado e mal dirigido deixando evidente uma encenação toda apressada e atrapalhada em questão de composição, movimentação e posicionamento principalmente quando tenta criar cenas mais movimentadas e agitadas como Stitch entrando num casamento ou o primeiro encontro dos dois. Isso tudo com uma produção que lembra um longa original dos tempos da Disney Channel só que com mais dinheiro, cinismo e covardia.
De resto temos um filme esquemático que recicla o original de modo apressado – toda a parte emocional do filme por exemplo é a que mais sofre com essa pressa em jogar os sentimentos, falar textualmente sobre eles e não se debruçar por eles – sem dar atenção para o seu lado cotidiano, humano, pessoal e suas nuances (que é o que faz a animação de 2002 especial de fato) preferindo só uma reprodução a ele tem de superficial e sacrificando esses fatores. Qualquer cena de emoção e drama é substituída por um sentimentalismo protocolar justamente por conta disso. Ou então elas são diluídas e suavizadas com medo de gerarem desconforto como o bullying e isolamento de Lilo que se torna algo completamente disperso nesse filme, o que prejudica um entendimento mais singular dela como personagem.
É assustador como uma animação de 2002 da Disney, com menos tempo de duração, conseguia respiros e autenticidade que faltam nesse filme em que todo mundo é só um boneco pra trama andar e amarrar as coisas. Parece que o estúdio capaz de fazer isso não existe mais. O fato por exemplo do filme apresentar que Nani possa ter uma vida profissional e pessoal com ambições maiores é um bom conceito, mas isso é construído artificialmente e de modo conveniente só para deixar a história longe de conflitos e incertezas quanto ao futuro das irmãs. É algo jogado e falado mas não desenvolvido.
As mudanças inclusive que existem são ruins por conta disso, não porque são diferentes, mas sempre levam o filme pro caminho mais óbvio, mais genérico e mais didático. A decisão de colocar Jumba como um vilão principal perverso só lhe reserva o lugar de ser um antagonista burocrático, enquanto Cobra Bubbles ao invés de ser um assistente social duro e severo que já trabalhou anteriormente na CIA mas é um homem empático que se comove com a situação das irmãs porém tem de cumprir o seu trabalho se tornando aqui desde o começo um agente do governo que investiga o alienígena e tem todas essas características diluídas no seu disfarce ou colocadas repentinamente.
As adições personagens de personagens originais como Tia Carrere – que fez a voz de Nani na animação original – e Amy Hill são muito mais obrigações de roteiro para a história ficar mais palatável, não existirem brechas, dúvidas ou conflitos do que personagens. Toda narrativa do filme infelizmente é sacrificada e mal feita já que o seu ponto é que o Stitch é esse bicho alienígena caótico, endiabrado e maligno que vai se humanizando e se acalmando gradualmente com o relacionamento com a Lilo.
E aqui assim que ele conhece ela tudo que ele comete de caos e problemas são por “inocência” e a conexão dele com a Lilo vai automaticamente pra esse terreno do “fofo” logo de cara sem isso ser gradualmente construído e nada de negativo do personagem é apontado ou enfatizado, tirando quando Jumba tem que didaticamente dizer em diálogos um arco de personagem e atitudes que não foram bem estabelecidas. Por isso o filme diz textualmente que ele se redimiu e passou por uma mudança isso acaba sendo falso porque nunca vimos essa construção acontecendo de fato.
Nota: 2 /5