47ª Mostra de São Paulo começa em tom de alívio e com mais recursos
Ocorreu no último dia 7 de outubro a coletiva de imprensa da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que será realizada entre 19 de outubro e 1º de novembro.
Eu tive que buscar nos arquivos do Cinem(ação) para rememorar as coletivas anteriores da Mostra que eu cobri. A primeira delas foi em 2017 (41ª edição) quando grupos conservadores se preocupavam com a nudez presente em museus e exibições culturais. Estávamos vendo a extrema direita se preparando para dar o bote. Na coletiva da 42ª Mostra, em 2018, apenas um dia antes do primeiro turno da eleição que levaria essa extrema direita ao poder no Brasil, o tom era de cautela e os discursos falavam da resistência da cultura. Em 2019, a 43ª edição da Mostra de São Paulo deu foco ao cinema brasileiro. Sem saber do que viria no futuro, nós do Cinem(ação) fizemos um podcast imersivo no festival, trazendo sons da cidade em efervescência, pequenas entrevistas e observações sobre os filmes.
A 44ª edição foi totalmente online e procurava olhar para o lado positivo de estar em uma plataforma na internet. O clima era de deslocamento e de que algo não estava no seu lugar – algo esperado quando se tinha uma pandemia e um governo nada afeito à cultura.
Em 2021, a 45ª edição teve coletiva online e exibição de filmes tanto online quanto presencial (já com alguns filmes sendo exibidos na sala de cinema com a retomada gradativa das atividades).
A 46ª edição da Mostra foi o auge do governo de extrema direita, mas teve seus renascimentos: o evento ocorreu sem a Lei Rouanet, mas marcou o retorno da Cinemateca.
Nesses anos, especialmente devido à queda dos patrocínios, o festival vinha reduzindo a quantidade de filmes: eram cerca de 200 nas últimas edições.
360 filmes de 96 países!
Em tom de alegria, a diretora Renata de Almeida anunciou o aumento no número de filmes na coletiva de imprensa da 47ª Mostra de São Paulo, que ocorreu no Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta.
“Se a mostra está numa situação mais confortável, isso tem que ser revertido para o público”, explicou a diretora do festival. A presença de representantes dos patrocinadores do evento trouxe falas que contaram detalhes de cada um deles.
O SESC, com suas inúmeras propostas e atividades em suas unidades, reforçando a importância da fruição artística e exibições itinerantes em outras cidades (6 filmes em 10 cidades). A agência de fomento do estado, a Desenvolve SP, falou da importância do crédito para a cultura. A empresa de cinema e audiovisual do município de São Paulo, SPCine, falou sobre a importância de ser perene no apoio à Mostra. A representante da Fundação Itaú parabenizou e elogiou o trabalho da Renata de Almeida, destacando a importância da economia criativa e seu potencial, que pode ser ainda maior do que os pouco mais de 3% do PIB do país. Por fim, sob risos de felicidade pelo retorno como patrocinador, o representante da Petrobras referenciou os projetos culturais da empresa, incluindo grandes filmes do cinema nacional. A empresa de energia já está confirmada como patrocinadora da próxima edição.
Temática da Mostra – comunicabilidade
Por fim, Renata de Almeida cita a arte de Michelangelo Antonioni como tema do evento neste ano. Antonioni é o cineasta da incomunicabilidade, conta ela, lembrando que hoje nós nos comunicamos demais pelas redes sociais, mas questionando: “que comunicação é essa que a gente vive? É uma comunicabilidade que está nos tornando menos comunicativos. Isso mostra uma atualidade do trabalho do Antonioni”, explica, citando o público jovem que sempre vai à Mostra de São Paulo e o fato de que muita gente nunca viu um filme do Antonioni em uma sala de cinema.
Após apresentar as novidades do evento em 2023, a apresentação à imprensa terminou com risos.