Crítica: Pacto Brutal
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Crítica: Pacto Brutal

O documentário Pacto Brutal: O assassinato de Daniella Perez consegue trazer sensibilidade narrativa em meio a brutalidade de um homicídio

True crimes, traduzido para o português como “casos verdadeiros”, vem chocando cada vez mais os espectadores com histórias criminais intensas e, muitas vezes, inacreditáveis. O que causa uma fascinação mundial neste gênero, que está em alta nos streamings.

Pacto Brutal: O assassinato de Daniella Perez é um desses casos inacreditáveis criminais: a nova obra da HBO Max, retrata, como o próprio nome diz, o assassinato da atriz de 22 anos Daniella Perez, filha da brilhante escritora de telenovelas, Glória Perez, nos anos 90.

A minissérie de 5 episódios, conta os detalhes do crime que parou o Brasil em 1992, pela brutalidade dos acontecimentos contra a jovem que estava em seu auge de carreira. Daniella era a protagonista Yasmin da novela das 20h, “ De Corpo e Alma”, escrita por sua mãe na maior emissora do país. Os meios de comunicação na época já a consideravam a nova “namoradinha do Brasil” por seu talento e beleza, o que causava diversos holofotes na sua vida profissional e pessoal.  

E foi nestas condições de vida que Daniella foi brutalmente assassinada por Guilherme Pádua e sua mulher, Paula Thomaz. Não só isso foi capaz de chocar, como também o fato de Guilherme ter sido o par romântico de Daniella na novela. Pádua interpretava o jovem Bira na época.

Assim, Pacto Brutal traz novamente esta fatalidade com uma narrativa emocionante e intimista sob a perspectiva de uma mãe atrás de justiça ao homicídio de sua filha. Glória Perez impressiona ao relatar todos os acontecimentos com uma clareza, dando ênfase em sutilezas em diversas passagens de sofrimento de uma mulher que não consegue paz para vivenciar o luto de sua própria filha.

O documentário pode ser considerado um dos melhores já feitos, e muito disso se deve a capacidade do roteiro de relembrar os acontecimentos com uma preocupação narrativa voltada para o machismo da mídia na época, e, principalmente, no desrespeito que tiveram com Daniella ao tentarem justificar seu assassinato por meio do romance totalmente ficcional de Yasmin e Bira.

A obra da HBO Max, com direção de Guto Barra e Tatiana Issa, choca e emociona o espectador na mesma intensidade- o que costuma ser difícil de acontecer em outras obras do gênero true crime que investem mais no crime em si, e não nas particularidades humanas dos envolvidos. Levar a sensibilidade em meio a absurdidade que foi o homicídio da jovem, é uma tarefa muito difícil, mas é realizada com êxito nas declarações de Glória junto a amigos e testemunhas da acusação no caso de Daniella. A minissérie vale cada minuto de seu tempo.

  • Nota
5

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