Entrevista: Narjara Turetta - Cinem(ação)
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Entrevista: Narjara Turetta

Duas décadas após ter enfrentado dificuldades financeiras, a vida da atriz Narjara Turetta encontra-se em um momento muito melhor, intercalando trabalhos no cinema, dublagem e teatro. Ela acaba de retornar do Rio Grande do Sul onde rodou uma participação no filme Barão Hirch e este ano deve estrear outro longa chamado Desapega em que atuou ao lado da amiga de longa data Glória Pires, além de ter feito outros trabalhos para as telonas que ainda não foram lançados, além de uma série para a Netflix.

Em entrevista para o jornalista André Araújo, aqui no Cinem(ação), a veterana atriz falou sobre os mais diversos assuntos, como: carreira, fama, cinema, e a dublagem, sua outra paixão.

1- Você acabou de rodar um filme no Rio Grande do Sul, poderia dar mais detalhes sobre a produção?

Isso, acabei de voltar do Sul eu fiz uma participação no filme chamado “Barão Hirch – O Judeu de Quatro Irmãos” é um filme maravilhoso de um cineasta amigo meu do Rio Grande do Sul, de Erechim. No elenco tem Marcos Wainberg e estivemos em Xanxerê em Santa Catarina, filmamos lá, depois filmamos na cidade de Quatro Irmãos no Rio Grande do Sul onde essa história do Barão Hirch começou. É uma história de judeus muito interessante, tem vários atores eu, Wainberg, Daniela Albuquerque estreia dela na telona (apresentadora da Rede TV), Humberto Martins e vários outros que vão participar ao longo desse filme, que é com recursos próprios e algumas pessoas patrocinando, então deve continuar até o final do ano, talvez só para 2023 será lançado.

2- Você também fez uma participação em outro filme antes, conte essa experiência?

Eu fiz uma participação no filme Desapega com a Glória Pires e Marcos Pasquim, fiz uma participação ano passado. Esse ano talvez deve ser lançado, faço uma personagem engraçada envolvida com a Glória Pires. Já fiz também um média-metragem chamado “De 9 a 90” rodado em Juiz de Fora (MG), que foi dirigido e escrito por José Del Duca, também fiz uma participação no filme “É Fada” com a Kéfera, e também fiz uma participação no filme do Rodrigo Santana que ainda não foi lançado, filmamos em 2018, mas ainda não saiu.

3- Além de atriz, você também é dubladora, já tendo feito várias dublagens de filmes, novelas, séries, realities etc.

 Eu sou dubladora desde 2006, eu gosto demais de dublar, gosto muito e tenho dublado séries, filmes para a Netflix, Apple TV, etc.

4- E no streaming alguma novidade?

Deve ser lançado este ano uma série que eu fiz uma participação chamada Maldivas, da Netflix, com a Manu Gavassi, Carol Castro, Bruna Marquezine. Acredito que esse ano seja lançado, tomara estou ansiosíssima E é isso que eu tenho feito por enquanto, tem um projeto de uma websérie também e mais outra peça, enfim tem bastante coisa.

5- E novela, projetos?

Novela por enquanto de concreto não tenho não, quero muito voltar a atuar em novela. A última que eu fiz foi Jezabel, que foi macrossérie na Record, e na Globo foi O Outro Lado do Paraíso, então tô com muita saudade, eu gosto muito de fazer novela, espero voltar ainda esse ano em qualquer emissora.

6- Você acredita que a fama precoce pode ser prejudicial quando se começa muito cedo na carreira artística?

A minha primeira novela foi Papai Coração, fiz aos nove anos, eu não posso dizer que foi prejudicial à fama, sucesso, porque foi uma coisa que eu sempre quis, foi uma vontade minha e não da minha mãe, era um desejo muito grande meu. Eu penso que a fama, essas coisas assim… quando é uma vontade dos pais ou da mãe, não acho bacana realmente não, acho horrível. Acho que lugar de criança é brincando, mas para mim o meu parque de diversões era a TV, não sei explicar, então eu gostava muito. Eu não gostava era da história de ser reconhecida, eu não entendia isso, até um dia que eu virei para a minha mãe e disse que estava cansada de sorrir forçadamente, ser obrigada a mostrar os dentes, vamos dizer assim, e a minha mãe então calmamente me explicou: “você gosta de ser atriz, não gosta? Isso aí tá no pacote, vem junto”. Então, você tem que atender bem as pessoas que gostam de você, se é isso que você quer mesmo, então a minha mãe sempre me deixou muito à vontade, a mim não me prejudicou, porque meu intuito não era fama, não era ser famosa, era fazer televisão. É inexplicável representar, tanto que eu pedi muito para minha mãe quando estava fazendo os testes: “ai, mamãe, reza, reza por mim por favor para eu conseguir”, minha mãe disse “calma minha filha, o que tiver que ser, vai ser, e você ainda vai ser conhecida no mundo inteiro, vai sair em capas de revista e jornal”, não saí em muitas capas de revistas (risos), mas sou conhecida no mundo todo, e saí em revistas, jornais e sites né.

7- Não houve então deslumbramentos com a fama?

Eu não sei se me deslumbrei, acho que não, porque como eu disse a minha mãe me mantinha com os pés muito no chão, eu gostava, depois que eu aprendi que eu tinha que sorrir e agradar os meus fãs, então aí eu gostei. Eu gostava de ser reconhecida, eu gosto até hoje, de ser elogiada, de ser reconhecida pelos outros e as pessoas falarem “Ah eu amo o seu trabalho, eu cresci te vendo; nossa eu não perdia uma novela sua” para mim. Isso me dá muito orgulho. Então eu acho que eu não me deslumbrei. não. Eu gostava muito, mas nunca tive ataques de estrelismo ou “oh, meu Deus eu sou a última bolacha do pacote”, nunca, porque aquilo para mim, a fama era só uma consequência do trabalho que eu amo fazer, que eu gosto de fazer, então eu não tive esse deslumbramento não, como eu disse minha mãe nunca deixou, sempre pezinho no chão.

8- Considera Malu Mulher o seu melhor trabalho?

Realmente a Elisa de Malu Mulher foi um trabalho incrível, outro dia estava revendo um episódio que eu não tinha e, foi interessante me ver assim aos 13 anos atuando e fazendo coisas que… nossa, que menina malcriada, uma menina aborrecente. Olha, eu considero um trabalho maravilhoso porque eu tive grandes oportunidades em Malu Mulher, não só de contracenar com a Regina e aprender muito, mas ser dirigida pelo Daniel Filho, e ter contracenado com artistas que eram atores e atrizes convidados dos episódios como Gian Francesco Guarnieri, Marília Pera, Yara Amaral, Míriam Pires, Milton Gonçalves, Mário Lago meu Deus do céu tanta gente boa, Dina Sfat, eu tenho um episódio inteirinho contracenando com ela, meu Deus que privilégio meu. Então, realmente não tem preço eu considero Malu um grande trabalho mesmo.

9- É verdade que você chegou a receber um convite para posar nua quando ainda era adolescente?

Sim, a proposta que eu recebi era da Playboy, eu tinha 15 anos na época, a minha mãe teria que me emancipar, não deu certo porque o dinheiro que eles ofereceram era uma mixaria, eu não era muito a fim de fazer, minha mãe falou pelo menos para a gente conversar para ver qual era a proposta, sei lá, a gente poderia pensar, conversar, assim tudo entre nós era conversado. Então, nós fomos a um restaurante com o diretor da Playboy na época, mas a oferta foi muito baixa e como eu não queria, eu dei Graças a Deus, então OK. Seria maravilhoso para poder comprar um apartamento e tal, mas não me arrependo, e dou Graças a Deus de não ter dado certo.

10- A TV está repleta de reality show, toparia fazer algum?

Eu confesso para você que eu vi o primeiro Big Brother, depois eu vi a primeira A Fazenda, mas eu não sei se eu iria não, mais para não do que para ‘sim’. Porque eu acho que é meio forçação de barra, as pessoas já vão até com o intuito de ‘vou me comportar como fulano, vou me comportar como beltrano, eu vou ser brigão’. Eu acho que o reality perdeu a realidade, então eu não curto. Eu vejo outras coisas, eu dublo reality às vezes, alguns deles, mas acho que não iria não, ia ser muita forçação de barra, eu gosto de ser muito transparente, muito verdadeira, talvez eu explodisse em alguns momentos, porque eu não aguentaria. Ou sairia uma planta. Então não sei, acho que não iria, não.

11- Há pouco tempo você abriu um bazar…

A minha amiga Glorinha Pires sempre falava ‘irmã, tem que dar um jeito nessas coisas’. Aí eu ganhei de uma seguidora no Instagram, uma organizadora pessoal, uma personal organizer, ela disse que ia fazer uma organização para mim, foi maravilhoso ela com a equipe dela, organizaram as minhas coisas (roupas) e me ajudaram a realmente organizar e não é só arrumar a bagunça né. A Glorinha sempre me ensinou isso ‘irmã quando comprar alguma coisa, dê mais duas que seja, nunca deixe aquilo acumulando no seu guarda-roupa’ aí eu fiz uma limpa e resolvi postar no Instagram e foi o que eu fiz, botei o nome de Bazar da Narjara Turetta. São roupas minhas, algumas foram doadas também, e eu envio pelo correio e costumo colocar uma foto e um autógrafo e a metade do que vendo eu escolhi doar para 9 protetores de animais. não são ONGs, são protetoras que eu sigo e eu dou metade do dinheiro para elas, eu tenho muita pena dos animais abandonados, e sempre que eu posso eu ajudo também do meu próprio bolso, era meu sonho poder ajudar mais.

12- No passado, você teve sérios problemas financeiros, como está a sua vida hoje?

Graças ao bom Deus eu guardei, eu tive um contrato muito bom na Record com Jezabel e eu ganhei muito bem na Record e poupei, porque eu sei como são as coisas. Ao contrário dos comentários que eu andei já vendo também, esses comentários errôneos na internet que é terra de ninguém, as pessoas falam o que querem dizendo que ‘ah, essa moça foi vender água de coco porque gastou tudo que ganhava na época’. Só para informar, eu nunca ganhei muito bem, então eu dei até uma entrevista há pouco tempo dizendo que se o que eu tenho de reconhecimento eu tivesse de dinheiro, eu estava bem na vida. Eu não consegui comprar uma casa porque eu nunca ganhei muito bem, eu nunca fui valorizada monetariamente como eu acho que mereço, então o que eu ganhava não deu para comprar apartamento, eu moro de aluguel.

13- Quais são os seus projetos para 2022?

Tenho dado aulas online, agora vou dar presencial, para atuação para câmera e continuo dublando. Vou começar a ensaiar uma peça chamada “Circuncisão em Nova York”, uma comédia de João Bittencourt dirigida pelo Jacques Lagoa com Silvia Massari, Daniel Barcelos, Fernando Reski e mais alguns atores ainda a serem definidos para a gente estrear em março no teatro Vanucci (RJ). Eu gostaria muito de voltar para TV, projeto concreto mesmo eu tenho uma websérie sobre espiritismo, sobre a vida após a morte, não é meu esse projeto, eu apenas faço parte dele, tá em fase de captação para poder fazer um trailer para apresentar para os streamings.

Texto escrito por: André Aram ([email protected])

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