Crítica 2: As Veias do Mundo – 44ª Mostra de São Paulo - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
5 Claquetes

Crítica 2: As Veias do Mundo – 44ª Mostra de São Paulo

Amra é um jovem de apenas 11 anos que mora com sua família no interior da Mongólia. Todos os dias seu pai o leva a escola, onde junto com seus amigos assistem escondidos vídeos de música pelo celular. Com o sonho de participar de um show de talentos o pequeno Amra precisa ajudar seus pais a cuidar do rebanho de cabras e acompanhar seu pai nas vendas de queijo pelo pequeno povoado.

Entretanto a missão de As Veias do Mundo, filme de Byambasuren Davaa, busca discutir por meio da história dessa humilde família de nômades sobre o avanço da exploração mineral e os seus impactos ambientais e sociais. As belas imagens da Mongólia Interior transmitem o contraste entre o progresso desenfreado e a resistência dos povos tradicionais.

Essa peça delicada e comovente sobre a resistência em meio aos avanços do capitalismo desenfreado, o qual explora os recursos naturais e destrói a natural para obter o lucro acima de tudo, pode ser transportado para nossa realidade brasileira.

Através da exploração predatória da mineração sobre os belos campos e pradarias da Mongólia é possível fazer um paralelo sobre o avanço vertiginoso sobre a Floresta Amazônica e a resistência de mais de 500 anos dos povos nativos.

A cada dia que passa a exploração e destruição da floresta é maior. Expulsando os povos originários de suas terras, matando a fauna e a flora, tudo pelo progresso. A construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, é um exemplo claro da degradação do meio ambiente e da cultura dos indígenas, ribeirinhos e quilombolas brasileiros.

As Veias do Mundo é uma ficção muito sensível com uma mensagem muito forte, que serve de alerta não só sobre as questões da Mongólia, mas sobre todo o mundo. As atuações de todo o elenco são cativantes e realistas tornando o longa quase documental. A mensagem do filme é enfática e serve para nós: O Ouro é sofrimento sem fim.

Sofrimento esse que perpassa gerações e gerações. As quais resistem bravamente ao que o homem chama de “progresso”. Precisamos rever o conceito dessa palavra.

  • As Veias do Mundo
5

Deixe seu comentário