Crítica: 12 Pessoas Com Raiva - 14º CineBH - Cinem(ação)
12 Pessoas
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Crítica: 12 Pessoas Com Raiva – 14º CineBH

12 Pessoas com Raiva é um teatro online forte, poderoso e necessário.

Direção: Juracy de Oliveira

Performance, 75min, 2020

Sinopse: Um júri é convocado a se apresentar online, por conta da pandemia do coronavírus, e deve chegar a um veredito unânime sobre um assassinato envolvendo pai e filho. Livre adaptação de “12 Angry Men”, de Reginald Rose.

Elenco: Enio Cavalcante, Gabrielly Arcas, Gilson de Barros, Giovanna Araújo, José Henrique Ligabue, Leandro Vieira, Mariana Queiroz, Maurício Lima, Múcia Teixeira, Nely Coelho, Ralph Duccini e Tatiana Henrique.

Direção de Arte e Figurino: Luiza Fardin

Realização: Pandêmica Coletivo Temporário de Criação.

12 Pessoas

Em tempos de pandemia, temos que nos adaptar. As artes tem se adaptado e usado a tecnologia ao seu favor. O grupo Pandêmica Coletivo Temporário de Criação tem feito isso de forma sensacional. O grupo, que é o destaque do 14º CineBH, tem feito criações e apresentações de teatro via Zoom desde o início da pandemia. Uma dessas criações, 12 Pessoas com Raiva, foi o grande destaque da noite de abertura do CineBH.

Baseado na peça 12 Angry Men, no Brasil chamado de 12 Homens e uma Sentença, 12 Pessoas com Raiva foi a primeira montagem feita pelo grupo. Dirigido por Juracy de Oliveira, a performance segue a mesma linha da peça e dos filmes que foram feitos baseados na história, só que adaptados a nossa atual realidade e ao Brasil. Um júri é convocado a se apresentar online, por conta da pandemia do coronavírus, e deve chegar a um veredito unânime sobre um assassinato envolvendo pai e filho.

Com um texto poderoso, urgente, real e necessário 12 Pessoas com Raiva trás uma discussão tão importante que é até difícil de se expressar. Preconceito, direitos humanos, justiça, democracia, irresponsabilidade cívica, respeito, criminalidade, tudo isso é discutido nessa performance. E nisso tudo vemos um show de interpretação e em um texto impecável. O espetáculo te revolta, te faz pensar e faz você refletir em tudo ao seu redor.

No filme, performance, espetáculo, como você quiser chamar, não temos cenários, nem figuração ou figurino, o que vemos são pessoas comuns que você encontra em todo lugar, pode ser seu vizinho seu colega de trabalho, seu parente, ou até mesmo você. E o que vemos é uma discussão por vezes acalorada que te revolta, te faz pensar na sua vida e nas suas prioridades. Por ser uma filme em videoconferência não podemos exigir muito além do que um texto espetacular e atuações incríveis, e é isso que vemos na tela.

É interessante como cada um dos jurados ali presentes refletem bem a sociedade brasileira. Temos aquele que não da importância ao seu papel como cidadão, temos o arrogante que se acha melhor que todos, o observador, que fica quieto, mas quando fala te abre os olhos. Temos ali representado aquele que é o mais odiado ou até amado, dependendo do seu ponto de vista, cujos argumentos podem cair por terra mas mesmo assim se apega a eles. E claro temos o sensato. Mas no caso aqui, é uma sensata. Uma mulher, negra, talvez a classe mais discriminada no país e considerada por muitos como inferiores, e é justamente nela que vemos o fio de sabedoria e esperança.

O mais interessante aqui, é ver como o grupo subverteu os estereótipos. Quem age com preconceito e atitudes desrespeitosas vem justamente de quem menos se espera. Quem usa de sensatez, e cria “uma dúvida razoável”, é justamente de quem menos se espera. Ou seja, sabedoria, prepotência, arrogância, sensatez, maldade, bondade, não vem cor, opção sexual, classe social , vem da índole da pessoa.

Mas vamos falar um pouquinho do que realmente surpreende, choca e faz pensar: o texto. 12 Homens e uma Sentença é originalmente de 1954, e 66 anos depois é ainda atual. E isso incomoda e choca. E a adaptação que foi feita para nossa atual realidade, para a realidade nacional, falando de preconceito de classe e de origens, causa um incômodo necessário. Uma discussão tão necessária e próxima da nossa realidade que é assustadora. A forma como foi abordada, como foi levantada a discussão sobre origens e a índole da pessoa é algo que permeia toda a produção, e te faz refletir e se perguntar: “Será que eu não sou assim? Será que eu não acho que quem cresceu na favela tende a ser marginal e assassino?” Pois é nisso que os “vilões” da peça alegam: “Ele é pobre, ele é favelado”. E você? O que faria no lugar deles? E eu como reagiria numa situação dessa? São perguntas que permeiam toda a produção, que te faz refletir e pensar.

E a arte é pra isso não é? Te fazer refletir, pensar, te cobrar, te provocar, e é isso que 12 Pesoas com Raiva faz. Durante seus quase 90 minutos de exibição você se questiona, se cobra e reflete. É uma experiência única, que emociona e te faz refletir. E no final, não importa se o garoto é inocente ou não, o que importa é que você sai dessa experiência transformado, porque é esse o papel que arte tem na nossa vida!

12 Pessoas

A performance 12 Pessoas com Raiva do Pandêmico Coletivo Temporário de Criação ficará disponível no canal do Youtube da Universo Produção e no site CineBH durante 48h ou seja até sábado a noite. Então se você quer curtir essa experiência única e transformadora corre lá!

Universo Produção está por trás organização do CineBH e do Brasil CineMundi. Em mais de 25 anos de história a Universo Produções, tem valorizado a diversidade da cultura brasileira e estabelecemos novas maneiras de trabalhar, comunicar, relacionar, difundir a arte e valorizar o exercício da cidadania.

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Releases da Mostra: 14º CineBH Online

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5

12 Pessoas com Raiva

Livre adaptação de 12 Homens e uma Sentença, trás um texto forte, bem dirigido e encenado em uma discussão urgente e necessária!

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