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Eu Cinéfilo #54: Django Livre

Com a ajuda de um caçador de recompensas alemão, um escravo libertado parte para resgatar sua esposa de um brutal proprietário de uma plantação no Mississippi.

Django

Django, você deve enfrentar outro dia

Django

Django, agora seu amor se foi

Uma vez que você a amou

Agora você a perdeu

Mas você a perdeu para sempre, Django

Com essa estrofe da música principal do filme começo dizendo que as aparências enganam, principalmente se for um filme do Tarantino, e já saibam que esse filme não é nenhum pouco parecido com o que você conhece como “western”, ou qualquer outro filme do Tarantino.

Após esse começo espero que você leitor esteja tendo o mesmo pensamento que Calvin J. Candie (Leonardo DiCaprio) teve na noite que ele conheceu o Django que foi:“ Você tinha a minha curiosidade agora você tem a  minha atenção).

Por onde começar falando quando temos um filme que fala sobre escravidão, racismo, herói incomum, trilha sonora maravilhosa e completamente diferente da de outros filmes western que existe, eu penso que tem quer ser pelo enredo e seu roteiro.

Como é padrão do Tarantino(tirando Jack Brown) temos um roteiro original ganhador do Oscar de 2013  e é curioso que no final das filmagens o Quentin percebeu que seu final não iria funcionar, e como conta Jamie foxx, Tarantino entrou em seu trailer e mudou o final do script e é o que vemos no filme, sendo que ao ler o script do filme pude ver como o final era diferente daquele que vi no filme.

E esse roteiro é simplesmente espetacular, você consegue ver o filme inteiro apenas lendo o roteiro e isso é muito espetacular e mostra uma qualidade muito grande do Tarantino como escritor.

A construção de cada um dos personagens beira a perfeição, você rapidamente se simpatiza com o Django (Jamie foxx) e com o Dr. Schultz(Christoph Waltz), e começa a torcer pelos dois. 

Temos a construção dos vilões  feita de forma espetacular Samuel L Jackson dizendo termos racistas e sendo quase como um branco daquela família escravagista, é pesado e até difícil de ver, mas é uma atuação espetacular e a do Leonardo DiCaprio na minha opinião está na top 5 atuações da carreira dele.

É curioso como esse filme segue contando sua história e usa como base um conto alemão, que é contado pelo Doutor em um momento para o Django, que o conto de Broomhilda(nome da esposa de django). 

Broomhilda da lenda que era a líder das valquírias e conta como o herói tem que passar por várias provações como o próprio inferno para poder salvar sua amada.(será que podemos chamar esse filme de conto medieval de western?)

Durante todo o longa temos a evolução do Django como pessoa e como herói, e o Tarantino conta como ele tava cansado dos personagens negro, que não passavam por momentos de estrelato de verdadeiros heróis ainda mais no gênero de western, então ele foi lá e fez a sua própria mudança naquele problema.

É curioso como o Django difere de vários dos personagens de Quentin Tarantino que normalmente buscam por vingança, o Django luta também por liberdade pelo certo e pela justiça e para salvar sua amada, mas também ocorrem momentos que ele age por pura vingança contra seus agressores.

Durante o filme vemos ações extremamente racista e xenófobas, e isso não está apenas ali para mostrar a realidade da época na qual o longa se passa, mas também como uma crítica a nossa sociedade atual e de como os pensamentos daquela época eram ilógicos e apenas movidos por ódio.

Agora sobre a trilha sonora do filme Tarantino escolheu músicas principalmente de rap e hip hop, que é algo completamente incomum e anormal para o estilo do gênero. mas, porque será que ele escolheu essas músicas?

 Acredito que não foi apenas para enaltecer seus artistas negros já que o personagem principal é negro, mas novamente elas são utilizadas para no ligarmos com os dias atuais e a com a realidade em que vivemos onde essas músicas são marginalizadas e como elas são críticas para com como a sociedade tem agido.

Questões como figurino, ótimas escolhas de local para filmagens e outros aspectos perdem o brilho diante do roteiro, da trilha sonora e das atuações, mas merecem ser citadas e que são aspectos essenciais para a conclusão da magnitude desse longa.

Acho interessante abordar aqui também algo que o próprio Tarantino disse uma vez que é que ele é como um regente e o filme é sua orquestra, ele vai passando sentimentos para o espectador sendo seu desejo passar o máximo possível de sentimentos para os espectadores. 

Então é legal usar esse método para saber se um filme é realmente bom vendo quantos sentimentos e emoções você vai sentindo ao longo de todo o filme.

Para ajudar posso dizer que enquanto assistia esse filme senti, angústia, euforia, tristeza, raiva, empatia, dor e satisfação, sendo então um filme que eu me divertir e pude até mesmo me deleitar com ele.

Chegando a uma conclusão tenho uma opinião diferente de diversos críticos e podem até mesmo falar que estou sendo fanboy, mas penso que sim esse filme merece ser 5 de 5 estrelas.

 Por tudo que ele representa, por todas suas mensagens e também por ser uma obra fácil de se ver e de se divertir(sim entendo que quem tem dificuldade com cenas fortes como tortura com escravos, muito sangue em tiroteios, não vai sentir o que eu sentia vendo, mas com certeza vai sentir diversas emoções).

Se você chegou até aqui me conta qual é o seu western favorito e porquê.

 Pergunto também você acha que a música tema é de acordo com o que acontece no filme?

para aqueles que desejarem o link do script: http://www.dailyscript.com/scripts/Django.pdf

playlist do soundtrack: https://www.youtube.com/watch?v=OhlVBpEnjig&list=PLcpBBg8UA1Oxz7973OVcCzyBR-caH7hCQ

Texto escrito por: Teodoro Camargo Guimarães

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