Doc "Atleta A" impulsiona denúncias de abuso sexual -
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Doc “Atleta A” impulsiona denúncias de abuso sexual

O lançamento do documentário Atleta A, tem causado um grande impacto em diversos países. O longa acompanha um grupo de jornalistas investigativos do The Indianapolis Star que apura uma série de denúncias de abuso sexual dentro da Federação de Ginástica dos Estados Unidos, uma das organizações olímpicas mais importantes do país.

O documentário nos apresenta a história do médico da equipe nacional de ginástica artística, Larry Nassar, responsável por abusar de centenas de jovens ginastas, entre elas estava Maggie Nichols, um grande prodígio do esporte, a qual competia diretamente com Simone Biles.

A denúncia da família de uma das ginastas, chamada “Atleta A“, foi o estopim para uma grande investigação jornalística, a qual expor uma centena de casos de abuso acobertados pela Federação de Ginástica. O escândalo fez com que o Congresso dos Estados Unidos exigisse respostas.

Além do depoimento dos jornalistas envolvidos na apuração das denúncias, o documentário traz declarações de diversas ginastas que sofreram algum tipo de abuso. O longa também revela a cultura de abusos psicológicos e a cultura de crueldade que foi permitida e estabelecida desde a década de 1990, para tornar a Ginástica norte-americana vitoriosa.

Maggie Nichols era uma das principais atletas americanas. Após denunciar assédio acabou de fora das Olimpíadas Rio 2016.

Quando assisti ao documentário logo imaginei os casos de abuso psicológico e sexual certamente se repetem em países em outros países entre eles o Brasil. O que me surpreendeu foi que, ao pesquisar sobre o assunto descobri que Atleta A tem sido um grande incentivador para a quebra de silêncio de centenas de atletas, seja mulheres ou homens.

Nos últimos 5 anos, o número de denúncias só vem aumentando. Em junho de 2015 surgiram as primeiras acusações contra Larry Nassar. Um ano depois, pouco antes das Olimpíadas do Rio o técnico da seleção brasileira Fernando de Carvalho Lopes é afastado da equipe após o pai de um jovem registrar boletim de ocorrência por abuso sexual.

Larry Nassar.

Em fevereiro de 2018, Larry Nassar foi condenado a 360 anos de prisão. No mesmo ano uma atleta japonesa denunciou o técnico por maus tratos. Em seguida, o presidente da Federação Americana de Ginástica é preso por acobertar os crimes de Nassar. De junho em diante, mês em que foi lançado o documentário, ginastas de países como Inglaterra, Suíça, Austrália, Nova Zelândia, Holanda e Bélgica denunciaram os abusos psicológicos e sexuais cometidos por membros de equipes dos clubes dos quais são atletas.

E claro, o Brasil infelizmente faz parte dessa lista, porém com um novo e velho ingrediente: o racismo.  Contudo, esse não é o primeiro caso de injúria racial a ser denunciado. O caso do ginasta Angelo Assumpção, ex-atleta do Esporte Clube Pinheiros, só coloca o assunto novamente em discussão. Uma auditoria interna feita pelo Pinheiros revelou a existência de outras graves denúncias de injúria racial e de assédio moral contra técnicos da equipe de ginástica artística. Segundo o clube as ocorrências se deram no período de 2013 até 2019. Ao todo, 16 atletas foram ouvidos.

Angelo Assumpção

Entretanto, não paramos por aí. Pouco tempo tempos do escândalo na Federação Americana, o Fantástico, da Rede Globo, divulgou uma reportagem com denúncias contra o treinador da seleção masculina de ginástica olímpica, Fernando de Carvalho Lopes. Ele foi acusado de ter praticado abusos sexuais enquanto trabalhava no MESC (Movimento de Expansão Social Católica), de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, por pelo menos 42 atletas.

Atualmente o ex-técnico é réu em um processo criminal, o qual foi suspenso no ínicio de 2020. Caso seja condenado pela Justiça, sua pena pode variar de 54 até 150 anos de prisão.

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