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Tédio, ócio e solidão

O ser humano é gregário e social. Comunidades, famílias e amigos são elementos fundamentais para a nossa vida e moldam nossas ações.

No entanto, neste exato momento, o isolamento social nunca foi tão importante. Muitos estão em casa, e por mais que tenhamos familiares próximos no mesmo local, há aqueles que vivem sozinhos e há aqueles que se sentem assim mesmo com alguma companhia.

Com a solidão, vem o ócio e o tédio.

A importância de se manter em atividade é grande. Quem puder trabalhar deve trabalhar. Cuidar da casa, fazer exercícios físicos sem sair, manter o contato a distância por meio de ligações e chamadas on-line são algumas coisas que todos nós vamos fazer.

Consumir Arte também é fundamental. Ler livros, ouvir músicas e assistir a filmes nos ajuda tanto para entreter quanto para processar sentimentos e realizar movimentos catárticos.

Mas precisamos tomar cuidado com a exigência de produtividade. Um período de isolamento social cujo objetivo é vencer uma pandemia não deve ser necessariamente produtivo. Chega ser desumano exigir que as pessoas trabalhem demais ou vivam suas vidas “normalmente” em meio a uma turbulência tão grande.

Em alguns momentos, ficaremos tristes. Ficaremos desamparados. Quietos, acossados, perdidos.

Nessas horas, você ficará sozinho. Olhando para a parede, andando pela casa.

Tudo bem ficar assim.

O tédio também é importante. O ócio também tem seu papel.

Quando não fazemos nada, nosso cérebro se permite ir para lugares aonde geralmente não consegue. Quando desejamos algo que nos é impedido, nossos sentimentos se afloram.

E talvez precisemos disso.

Na sociedade de excessos, parar pode ser algum tipo de remédio – amargo, difícil de engolir, mas ainda assim um remédio.

Excesso de consumo. Excesso de informação. Excesso de estímulo.

Adoraríamos que o mundo melhorasse sem dores. Sem crises tão intensas. Mas se elas surgem, que sirvam para encontrarmos algumas raízes de algumas feridas.

Quando vemos diversos filmes em sequência, podemos nos tornar anestesiados.

Quando vermos um filme com a mente descansada, nos abrimos mais aos sentimentos.

Por isso, esteja aberto também ao tédio. Valorize o ócio. Aprenda a ficar sozinho. Paradoxalmente, estamos todos juntos nesse aprendizado.

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