#02 de 1001: O grande roubo do trem (1903) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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#02 de 1001: O grande roubo do trem (1903)

Foram-se quase dois anos desde o primeiro texto desse desafio. Em dezembro de 2017, postei aqui no site o “#01 de 1001: Viagem à Lua (1902)“, em que eu me propunha a assistir (em ordem) todos os filmes listados no livro de Steven Jay Schneider: “1001 filmes para ver antes de morrer”, publicado pela editora Sextante, edição de 2010. Desde lá, muita coisa mudou, mas – apesar de parecer clichê – o que permanece intacto é o meu fascínio pela sétima arte.

Na ocasião do texto publicado, eu já indicava que não estava assumindo prazos, mas ao contrário disso, tinha a finalidade de conhecer mais sobre as produções que marcaram a história do cinema e, portanto, a sociedade moderna. Refletindo agora, talvez seja mais um projeto de vida e menos um simples desafio usado como desculpa para assistir mais filmes, mas ainda assim, decidi que quero ir até o final. Confesso que, ao me desafiar, também penso em você (leitor) e na possibilidade de te instigar a assistir mais filmes clássicos, tomando o lugar de apreciador dessa arte de fazer cinema. Por esses motivos, me propus a retomar esse projeto e continuar a lista de filmes rumo ao #1001.

Dito isso, o segundo filme listado no livro de Steven é “O grande roubo do trem” (1903), dirigido por Edwin S. Porter. Lançado há 116 anos, é difícil imaginar que alguém sugeriria naquela época que chegaríamos ao nível de efeito e grandeza do cinema moderno, mas alguns elementos observados na produção de Porter ainda estão presentes nos filmes mais recentes e, por isso, acredito que “O grande roubo do trem” pode ser considerada uma produção histórica.

Composto por inúmeras cenas que aprofundam o enredo, o filme mostra-se bastante complexo para a época em que fora produzido. Em aspecto semelhante ao clássico “Viagem à Lua” (1902), ainda está presente uma linguagem que remete diretamente ao teatro, com a câmera parada (como um telespectador da platéia que assiste à peça) e interpretações com movimentos longos e dramáticos, para dar ênfase às intenções e sentimentos dos personagens sem o uso de falas ou closes.

Justus Barnes em famosa cena do tiro em direção à câmera

O desenrolar da história pode ser considerado simples, mas prende a atenção de quem assiste. Apesar de dramática, a produção – pelos elementos teatrais – pode parecer cômica ao nosso olhar, como na cena em que um dos maquinistas do trem (representado claramente por um boneco) é jogado para fora do vagão ou mesmo quando as personagens atingidas por tiros levantam os braços antes de cair.

“O grande roubo do trem” tem 12 minutos de duração e foi filmado em New Jersey, nos Estados Unidos. Atualmente, é considerado a obra que inaugurou um dos gêneros mais famosos do cinema norte-americano: o faroeste. Entre os atores do elenco, está G. M. Anderson, um dos primeiros astros do estilo faroeste que interpretou o personagem Bronco Billy em mais de 100 filmes; e Justus Barnes, que interpretou a famosa cena em que seu personagem dá tiros em direção à câmera, assustando os espectadores da época.

Assistir a esse filme me relembrou o porquê de eu ter me apaixonado pelo cinema. A junção da música, das imagens e da história, parece despertar em nós algo quase primitivo, suscitando emoções e fantasias que nos descolam da realidade. Essas pequenas reflexões me levam a imaginar o que os próximos filmes da lista podem vir a despertar em mim, mas prometo que não vou esperar mais um ano e meio para assisti-los, ok?

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