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Artigo

[HQ] Pílulas Azuis

Pílulas Azuis (Pilules bleues no original) é uma HQ Suíça escrita e ilustrada por Frederik Peeters, traduzida e publicada no Brasil pela editora Nemo. Aqui temos Frederik escrevendo sobre sua própria vida quando esse se apaixonou por uma mulher com HIV positivo (na década de 90) e toda a descoberta do casal sobre como passaram pelos problemas e conseguiram vencer preconceitos.


O mais legal de ler HQs fora do grande circuito dos EUA é conseguir ler esse tipo de história tão pessoal, mas ao mesmo tempo serve para qualquer outra pessoa em qualquer outro país. Como uma história de um suíço pode conseguir emocionar um brasileiro e vice-versa? Por meio de palavras e imagens Frederik consegue isso e muito mais.

SINOPSE

Frederik Peeters conta sua história ao lado da companheira, Cati, desde os primeiros encontros nas rodas de amigos até a revelação de ela e seu filho (um menino de quatro anos, de um relacionamento anterior) serem soropositivos.

Entram em cena todas as emoções contraditórias que o autor tem de aprender a gerenciar, como amor, piedade, raiva e compaixão, sem deixar de lançar algumas verdades duras e surpreendentes sobre o assunto do HIV, seus preconceitos e o tratamento.
(sinopse retirada do site Universo HQ)

PONTOS FORTES

É incrível como Frederik transforma uma história que poderia muito bem ser romanceada como uma grande tragédia dramática para as pessoas ficarem com pena e caírem no choro (Olá, A Culpa é das Estrelas) em uma história bem divertida. Não que não tenha partes tensas e dramáticas, mas o leitor se sente amigo do personagem onde ele divide com nós seus anseios, medos e desejos, além de tratar os diálogos de forma bem real o que torna algumas partes bem nonsense. Por exemplo na hora que sua parceira revela que tem HIV o Frederik não faz um estardalhaço, cai no choro ou coisas do tipo que aconteceriam em um filme Hollywoodiano, ele reage como uma pessoa normal faria e essa quebra de expectativa faz o leitor não achar a leitura pesada ou dramática.

Os desenhos de Frederik são bem simples e o tom de preto e branco dá um certo charme a história ao mesmo tempo que consegue transmitir uma certa carga que os personagens tem que carregar ao longa da história (diminuindo os tons de preto ao longo da história demonstrando as cargas pesadas que o casal ia deixando para trás a cada vitória/descoberta).

PONTOS FRACOS

Em certo momento Frederik tira o pé do chão de construir a história com bastante grau de realidade e nos transporta para uma viagem bastante lúdica respondendo várias perguntas sobre a vida e sobre como devemos avaliar nossas posições e reações perante o próximo. Não é necessariamente ruim, mas alguns leitores podem se sentir incomodados por conta de dois pontos:

  • Quebrar essa história bastante real de forma abrupta para entrar em uma fantasia poética que não tinha sido demonstrada em nenhum outro momento e que também não se repetiu depois;
  • Ou, achar que o autor esteja subestimando sua inteligência ao ponto de utilizar essa liberdade poética para te ensinar tudo que a história já passa por meios subjetivos ou em outras palavras. Algo como “Se ainda não entendeu deixa que eu explico”. Bem parecido com a cena em Nárnia que Aslam diz “Na terra tenho outro nome” para referenciar Jesus (como se ninguém percebeu antes) ou em Cavaleiro das Trevas quando Coringa queima toneladas de dinheiro e ainda assim precisa discursar falando seus motivos para tal ato (como se também não estivesse claro) entre tantos outros exemplos.

Nota
  • Geral
4.5

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