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A IMPORTÂNCIA DE AQUAMAN PARA A DC

Eu lembro de assistir a trilogia Batman do Cristopher Nolan no cinema. Para mim, e acredito que para muitos, era algo muito especial devido à importância do herói em si e porque vínhamos dos filmes do Batman dos anos 90, que tinham um visual até que bacana, um ambiente meio dark, com escalas de cores neutras e acinzentadas, mas que colocaram mamilos no uniforme do George Clooney (fato esse, que o mesmo até hoje não gosta de falar sobre o assunto), ou seja, os filmes eram bacaninhas mas ainda faltava muito, MUITO MESMO!

Não preciso dizer o enorme sucesso que a trilogia do Nolan fez. O cavaleiro das trevas é [era] a maior bilheteria de toda a DC na história e na época foi top 10 de todos os tempos, superando a arrecadação de US$ 1 Bilhão. Heath Ledger ficou eternizado como o coringa, Anne Hathaway fez uma ótima mulher gato, Michael Caine, que já era lendário, nos sensibilizou como Alfred, Gary Oldman, um dos melhores atores que existem na minha opinião, como o honesto e implacável Gordon, Morgan Freeman como Lucius Fox, Liam Neeson como Ra’s Al Ghul, Aaron Eckhart fazendo o papel do duas caras, que venhamos e convenhamos, foi infinitamente mais profundo e aterrorizante do que o de Tommy Lee Jones dos anos 90, Katie Holmes fazendo par romântico com Christian Bale e finalmente o “ator mascarado”  Tom Hardy, como Bane.

Um elenco desses, além de invejável, passa um recado da DC para o mundo: “Nós somos a maior empresa de quadrinhos do mundo e nossos heróis são melhores”. Esse recado é poderoso e por algum tempo foi verdade. Na época a Marvel no cinema se resumia a primeira trilogia x-men (2000) que era controlada pela FOX, Homem Aranha (2002) e os ridículos filmes do quarteto fantástico (2005). Alguém lembra dos filmes do Demolidor e Hulk (2003), O Justiceiro (2004), Elektra (2005) e Cavaleiro Fantasma (2007)? O primeiro grande filme da Marvel foi Homem de Ferro em 2008 que arrecadou mundialmente US$585 milhões, quase metade do que o Cavaleiro das Trevas arrecadou no mesmo ano.

Depois de Batman a DC se perdeu em um limbo (que até Aquaman, sim, o artigo não é sobre o Batman) parecia infinito. Fracassos como Lanterna Verde, Super Homem, o ridículo Batman x Super Homem e Esquadrão Suicida (2016). Eu, como fã dos personagens da DC, estava totalmente desacreditado e até cheguei a torcer para que a empresa desistisse de fazer filme, porque estava doloroso de assistir e acompanhar. Em 2017 algo mudou e veio Mulher Maravilha, que lembrava bastante a raiz de Batman. Tons acinzentados e neutros, um clima meio dark, cenas tensas e uma mulher linda e empoderada dando porrada em todos os marmanjos. “UHULL!!! Finalmente a DC voltou a fazer bons filmes de herói”, pensei. E eis que no mesmo ano de 2017 aparece o patético Liga da Justiça para afundar de vez todas as esperanças de algum dia a empresa conseguir competir novamente com a Marvel.

Eu nunca me interessei por Aquaman. O achava um personagem sem graça, que falava com os peixes e que vestia uma camisa laranja. O próprio James Wan, diretor do filme, falou que “é o herói que as pessoas gostam de fazer piada”. Hoje o considero um herói iradíssimo, com diversas possibilidades a explorar. O principal feito da DC nesse filme foi ter a coragem de sair da fórmula que deu certo com todos os filmes do Batman e Mulher Maravilha (cinzas, visual dark, monocromático) e explorar as cores do oceano. Visualmente o filme é LINDO! Fora da água, o visual monocromático prevalece como se fosse uma assinatura da DC, contudo, dentro do mar, a história é outra. Eu ficava torcendo para que voltassem a mostrar embaixo d’água. A cada cena era uma nova alegria de ver o quão bonito e bem explorado eram as possibilidades. Atlântida é ao mesmo tempo futurista e real, já que conseguiram usar muito bem a vida marinha e a complexa paleta de cor.  Os cabelos flutuando, as roupas feitas de escamas, as armaduras, o vestido de água viva da Mera, a velocidade com que se movem quando submergidos, é intrigante. Me peguei com o mesmo pensamento que tive quando assisti O Cavaleiro das Trevas no cinema, torcendo para que o filme não acabasse.

A narrativa é bem ritmada, o enredo é rico, a jornada do herói (apesar de clichê) é complexa. Envolve sua identidade e falta de pertencimento ao mundo Atlântico e Terrestre, a culpa que o personagem sente por ser a causa da morte de sua mãe, o único amor verdadeiro que ele consegue sentir é por seu pai, que também é seu único amigo. No entanto, tudo isso não teria sido tão legal se não fosse Jason Mamoa no papel. Por si só ele já tem o visual de fodão. Musculoso, tatuado, alto, cabelos longos e desajeitados, atitude rebelde e principalmente, carismático, brincalhão, humano e com defeitos para caramba. Isso faz com que o público se sinta mais próximo do personagem, quase como se fosse um amigo querido o qual queremos bem.

Tudo isso, se mal feito, seria uma grande piada, outro grande fracasso, o herói seria ainda mais ridicularizado e a luz no fim do túnel para a DC seria mais uma esperança do que realidade. Com Aquaman a DC volta mandar o recado “Nós somos a maior empresa de quadrinhos do mundo e nossos heróis são melhores”, o problema é que agora, o grande público já tem um carinho muito maior pelos personagens da Marvel e esperam ansiosamente pelos próximos filmes, enquanto que a dona do Aquaman somente agora parece ter voltado a fazer filmes bons, contudo, ainda precisa mostrar consistência. É necessário provar aos fãs que a empresa consegue manter o alto nível em TODOS os filmes e competir de igual para igual contra a Marvel.

Aparentemente, a saída de Zack Snyder fez bem para a DC.

Film Name: AQUAMAN Copyright: © 2018 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC. Photo Credit: Jasin Boland/ ™ & © DC Comics Caption: (L-r) AMBER HEARD, director JAMES WAN, JASON MOMOA and WILLEM DAFOE on the set of Warner Bros. Pictures’ action adventure “AQUAMAN,” a Warner Bros. Pictures release.

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