51º Festival de Brasília - Bloqueio + 7 curtas - Dia 5
Festival de Brasília
Cinema Nacional

51º Festival de Brasília – Bloqueio + 7 curtas – Dia 5

O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao quinto dia (quarto da mostra competitiva e segundo da Mostra Brasília). Na noite foram exibidos 8 filmes, 7 curtas e 1 longa.

Confira aqui a cobertura do primeiro dia do Festival. Recheado de homenagens e com a exibição especial de “Imaginário” de Cristiano Burlan e  “Domingo”, longa de Clara Linhart e Fellipe Barbosa.

Segundo dia (Mostra Competitiva): Boca de Loba, Kairo, Torre das Donzelas e Los Silencios

Terceiro dia (Mostra Competitiva): Liberdade, Sempre Verei Cores no seu Cinza e New Life S.A.

Quarto dia. Mostra Brasília: Para a Minha Gata Mieze, O Homem Banco e Marés. Mostra Competitiva: Mesmo com Tanta Agonia e Luna


Vamos aos filmes do dia 5 no Festival de Brasília:

Tivemos uma noite de curtas praticamente (na Mostra Brasília apenas eles, inclusive).

Mostra Brasília:

Curtas:

Entre parentes (documentário, 27 min, 2018, DF, livre) de Tiago de Aragão;

O documentário, em preto e branco, trata da questão indígena alterando o tempo em tela entre uma discussão no plenário e um grupo acampado na Esplanada. No Congresso, a presidência que trata do relatório em pauta não deixa os pró-povos indígenas falar, o filme busca um contraponto fora, ouvindo os manifestantes (inclusive na língua deles). As discussões e a as falas soam bem repetitivas e esse jogo de silenciamento/fala é um dos poucos méritos no curta que se alonga demasiadamente. Típico filme que, infelizmente, o tema se sobrepõe à qualidade cinematográfica Nota: 2/5


Monstros (ficção, 15 min, 2018, DF, 12 anos) de Douro Moura.

Uma menina sofre um trauma e uma assistente social a prepara para falar no tribunal. Um dos méritos de Monstros é evitar a explicação do que ocorreu, optando-se por mostrar a cena e não falar. O final tem duas cenas impactantes, mas não tão bem filmadas. A montagem deixou o desenrolar dos acontecimentos mais abruptos do que precisava. Por exemplo a cena que a mulher sai do tribunal soa logisticamente falsa e ocorre apenas para preparar para o movimento seguinte. Nota: 2,5/5


A roda da fortuna (ficção, 13 min, 2018, DF, 10 anos) de Luciano Porto

Um homem sofre um acidente e fica preso aos escombros do carro. Na estrada uma advogada e um veterinário o encontram e tentam salvar a vida daquele sujeito. Não tarda para encontrarem um bilhete premiado. O curta basicamente é uma discussão bem humorada sobre quem deve ficar com o papel com os números sorteados. Esta produção é a antítese do primeiro. Aqui a historinha é bem leve, apesar do ar trágico. Pode arrancar risadas do público, mas também é um tanto vazio. Nota: 2/5


A praga do cinema brasileiro (ficção, 26 min, 2018, DF, livre) de Willian Alves e Zefel Coff

O glorioso Zé do Caixão roga uma praga nos políticos e logo vemos um apanhado de filmes clássicos nacionais que tratam da relação política-povo e da relação nacionalismo e “entreguismo”. E são quase 26 minutos desse compilado e o filme é só isso. O trabalho de montagem e resgate do filmes é interessante. Vale também a nota que todos estão citados por título, diretor e ano. Nota: 2/5


Brasilha (ficção, 3 min, 2018, DF, livre) de Rafael Morbeck

Um homem de fora do DF encontra por acaso um morador local todo dia no mesmo horário. Ele resolve conversar com o “amigo” pedestre que logo estranha. O filme trata de forma clichê (vide o título) do clichê de que o brasiliense é frio e não fala com os vizinhos e desconhecidos. Nota: 1,5/5


Me deixe não ser (ficção, 20 min, 2018, 12 anos) de Kleber Machado.

Um homem e uma mulher começam a flertar em um bar. Os próximos minutos conhecemos um pouco mais daqueles personagens e como ele escritor acaba sendo influenciado pela presença dessa “musa”. Há um bom trabalho de plano e contra plano, mas os atores deixam um tanto a desejar. Como o filme é basicamente eles em cena perde-se muito. Além disso temos o clichê (mais um) do escritor frustado. Nota 2/5


Mostra competitiva do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: 

Curta: 

Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados (documentário, 23 min, 2018, MG/PE, livre) de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito.

Os diretores basicamente ligam a câmera para filmar a situação dos integrantes do MLB (Movimento de luta dos Bairros). Filmado em grande parte à noite e com a câmera na mão há uma dificuldade de compreensão do que está em tela. A ideia é dar visibilidade, mas esquece-se de fazer um filme. No final há letreiros explicativos contextualizando, coisa que deveria estar no corpo do filme de forma orgânica. A realização se assemelha ao Sempre Verei Cores no seu Cinza, que vimos no outro dia da Mostra. Nota: 1/5



Bloqueio Festival de Brasília
Longa: 

Bloqueio (documentário, 75 min, 2018, PE/RJ, 12 anos) de Victoria Álvares e Quentin Delaroche.

Felizmente o melhor filme da noite foi justamente o longa. E feliz pela seleção deste ano ter escolhido longas (em especial os documentários) tão interessantes. Bloqueio tenta entender as demandas dos caminhoneiros na época da paralisação que impactou o país no primeiro semestre deste ano.

Há um belo trabalho de apresentação dos personagens. Humaniza-os com pequenas passagens com as famílias e até expressando a fé, além de atividades cotidianas. Nada exagerado (por parte do filme) ou que tome muito tempo em tela. Tais atividades ficam, sabiamente, diluídas.

Na parte das reivindicações os diretores dão voz aos caminhoneiros e apontam, usando quase que somente a fala dos personagens, as contradições – em especial a questão militar. Causando até um humor involuntário. Os poucos questionamentos são na medida, sem serem incisivos a ponto de gritar com o entrevistado, mas fazendo perguntas que o público teria vontade de fazer. Não há, no melhor sentido, um confronto de ideia, mesmo que aparentemente os diretores não concordem com 100% do que escutam, ou seja, fazem um excelente trabalho de coleta mostrando que os protagonistas eram os caminhoneiros e não a visão da dupla que dirige (muitos filmes não conseguem tal feito).

A pouca duração, 75 minutos, vem na medida. O tempo é bem equilibrado e usado de forma útil. Apesar de um pouco repetitivo, as repetições servem para reforçar alguns pontos e não chegam a atrapalhar o andamento. Nota 4/5


Estou fazendo a cobertura em parceira com os sites Razão de AspectoO Sete e Louco por Filmes 
Veja meus comentários em vídeo, com toda essa turma, no canal do Razão de Aspecto no Youtube

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