Entrevista: Com a Atriz Christiana Ubach - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Cinema Nacional

Entrevista: Com a Atriz Christiana Ubach

Dona de um talento incrível e uma profissional muito determinada em cada passo de sua trajetória, estamos aqui hoje com ela que, além de atriz é locutora, realizadora, psicóloga e escritora.

Já foi Marina, Flora, Isabela, Natália, Maria, Paula, Ana, Ludmila, Adriana, Joana, Lucinha, Letícia, Marília, Clara, Dorotéia, Angelina, Maria Leopoldina, Elisa, Alice e até mesmo uma Cristiana.

Participou de clipes, curtas, protagonizou novelas, fez cinema e séries conceituadas, fora que lançou o seu próprio romance literário.

Coroada como melhor atriz no Festival de Cinema Luso-Brasileiro, ela que participou da Oficina de Atores da Globo e se aperfeiçoou na arte de interpretar na Itália, com vocês: Christiana Ubach!!

Agradeço aqui o tempo cedido pela atriz. Seja bem-vinda ao espaço do Cinem(ação).

Meu Deus, é muito talento pra uma pessoa só! Teremos muito pano pra manga por aqui! Estou bem contente em poder te entrevistar. Sério mesmo Chris, aliás posso te chamar assim? Bom, quero começar lá atrás, pedindo para que nos conte um pouco, quando veio o ‘click’ no qual te fez querer ser atriz.

Christiana Ubach: Sim, Chris. Pode chamar assim. Na verdade não foi um click exatamente. Eu nunca tinha sonhado com isso. Nunca fui uma criança extrovertida que diverte a família no natal, pelo contrário inclusive. Eu estava cursando a faculdade de psicologia, e tentando encontrar a área que gostaria de trabalhar, fui fazendo alguns cursos. Fiz psicanalise infantil, RH… e até que me vi fazendo uma aula na escola de Antônio Amâncio, ArtCênicas que chamava. E me identifiquei muito com a maneira dele pensar e abordar a arte. Tinha uma linha lacaniana que eu tinha muita afinidade já. Então, pra mim era como se fosse a psicologia na prática. Criar personagens, entender a linha de construção de uma personalidade virou minha paixão. E também uma coisa física de viver tudo isso. Amava estudar psicologia mas não me via trancada num consultório com 19 anos, e nem nos outros estágios da faculdade. Então me encontrei com a ajuda e “pressão”, rs, desse homem chamado Antônio Amâncio, que teve uma importância ímpar em tudo isso.

Que história bonita! Todo começo é um enrosco só, complicado, não sabemos bem qual é a melhor escolha a se fazer, para onde ir o que aceitar, mas qual foi a sua maior dificuldade que julga ter enfrentado nessa área?

Christiana Ubach: Não sei direito, tudo foi acontecendo de sopetão e meio natural pra mim. Acho que a dificuldade é sobreviver mesmo, entender que os projetos são temporários, que somos autônomos. Que vão existir projetos mais interessantes, outros que pagam melhor, outros que você não vai topar porque realmente não tem nada a ver com você, e você não faria bem. Acho que nessa profissão a dificuldade não está no início, mas na vida toda. Claro que a medida que você vai amadurecendo, você vai lidando melhor com toda essa equação que é bem complexa. Vai entendendo que ator não tem que fazer tudo, não tem que saber tudo. E vai entendendo que é importante ser feliz nisso. No início talvez eu achasse que tinha um caminho correto a ser trilhado, e eu tinha que seguir. Com o tempo fui entendendo o meu caminho, a minha trajetória, mas isso só o tempo de estrada que faz mesmo.

Olha, eu vou ser bem sincero. Conheci o seu trabalho antes da Malhação ID. Eu tinha ido em um show da banda Scracho no antigo Hangar 110 – conhecida casa aqui de São Paulo – e a banda que abriu foi a Madame Machado. Enlouqueci no som dos caras e fui atrás. Primeiro clipe que abro, você estava lá! Foi daí que te reconheci na Malhação, que na época era algo que eu consumia vorazmente ano após ano. Mas nostalgia – que bateu forte e sem dó aqui – à parte, como foi participar de clipes como ‘’Beijo de Cinema’’ e ‘’Curto um Circuito’’? Como surgiu os convites?

Christiana Ubach: Uma coincidência tremenda. Minha família não tem ninguém que viva de arte. A não ser uma prima, e um primo na época que era o vocalista da banda Madame Machado. O Bê me chamou para fazer esse clipe, e fizemos. Eu ainda morria de vergonha, mas contracenava com a minha prima, Fernanda, mas que depois foi para o circo de solei. E eu fazia as coisas que apareciam, precisava entender como funcionava, filmar de madrugada, outro mundo, outra vida.

Além dos clipes, vejo também que por mais que você tenha passagens em SBT, MTV, Globo, Universal, Multishow, Canal Brasil, SONY e HBO, você ainda topa fazer Curtas-Metragens. É pelo desafio, pela arte, tesão ou ganhar experiência?

Christiana Ubach: Depende. Rs. Quando comecei queria fazer tudo, a qualquer momento. Fiz bastante curta principalmente. Hoje em dia, faço por amor, pra me renovar, pra trabalhar com pessoas que gosto, e que não teria oportunidade. E o mercado de curtas cresceu muito. Hoje estão muito organizados, mais artesanal e estruturados. Já fiz curta que era mais exigente do que longa, e acabou indo pra Cannes e ninguém esperava. Então é uma questão de dedicação mesmo. Mas pra mim uma chance de fazer algo diferente, me descobrir num outro lugar.

Pois é, este cenário evoluiu consideravelmente. Mas o que é fundamental para você aceitar um papel? Aprova aquele que você sente que realmente pode agregar na personagem e vice-e-versa como uma troca, ou tem mais a ver com o que o roteiro quer passar?

Christiana Ubach: Acaba sendo os dois. Vejo, sinto a personagem, a força, o quanto aquilo faz sentido e dialoga comigo. E é muito difícil o projeto ter uma personagem boa e ser um roteiro ruim. Mas, pra além do quanto aquilo me toca, eu vejo o quanto aquele conflito é coerente psicanaliticamente. Sou psicóloga não tem jeito. Às vezes a personagem tá escrita de uma forma que não faz sentido como curva psíquica, aí vejo se tem diálogo, na maioria das vezes tem. Mas se não, prefiro não fazer, porque sei que vou sofrer mais tarde. Observo também o discurso que está por trás do roteiro. Qual a mensagem que aquele filme quer passar pro público, que público. Tenho um cuidado muito grande com responsabilidade cívica, que eu gosto de chamar. Que é: criar uma realidade de tenha o potencial de transformar, ou dar foco naquilo que precisa ser visto, ou transformado pela sociedade.

Falando em sociedade, algumas coisas por mais que evoluam dentro de suas propostas, acabam ainda agredindo as pessoas, seja ela a violência, o humor ou a nudez. Como você que fez ‘’PSI’’ e ‘’Perrengue’’, vê a nudez? Se trata de uma ferramenta narrativa, um gole de libido indispensável para alguns roteiros ou algo que agrega uma parcela maior de realidade para quem está assistindo?

Christiana Ubach: Acho que muitas vezes joga contra a dramaturgia na verdade. Uma vez Pedro Cardoso falou sobre isso muito bem. A nossa dramaturgia é recente enquanto roteiro, acabamos usando dessa maneira o corpo pra tapar um buraco. Mas é tanta coisa que envolve. Não acho que a nudez por si seja capaz de agredir alguém. Mas sim o modo que se faz, que se trata, as circunstancias, e onde ela vai ser encaixada. Não acho que é ferramenta narrativa, nem gole de libido, ou parcela de realidade. Acho que é só um corpo nu, que as vezes pelo desencaixe na historia, pelo constrangimento do ator, (da atriz, na maioria dos casos), ou pela pura exigência do patrocinador, ou canal, ou diretor acaba agredindo sim. Mas o problema não é o corpo.

Ouvimos diariamente casos que pipocam por todo o mundo, envolvendo assédio dentro da indústria. Você como profissional do meio e mulher, já viu ou sofreu algo do tipo?

Christiana Ubach: Sim, diversas vezes. E honestamente, não conheço uma atriz que não tenha passado por isso. É bem delicado. Quando comecei isso não era dito. E hoje graças a força e união das mulheres estamos podendo olhar, falar e fazer algo com isso. Que não pode mais acontecer. Não podemos ficar à mercê deste tipo de comportamento, de poder. Pois só nos prejudicamos por sofrer esse tipo de violência.

Isso é um triste absurdo. Fora que homens povoam e dominam quase todo o cenário. Vemos aos poucos a ANCINE procurando dar mais força a diretoras e roteiristas por aqui, ano passado tivemos diversas conquistas feministas no cinema, Berlim, Cannes, mais títulos voltados a mulher como o poderoso nome: Mulher Maravilha e séries como The Handmaid’s Tale fazendo o maior barulho por aí. Claro que é tudo ainda muito pequeno, engatinhando para o devido valor, mas estão em movimento. A maravilhosa Frances McDormand ao receber o Oscar, citou o ‘’Inclusion Rider’’, que nada mais é que uma cláusula onde fortalece o aumento da representatividade em projetos. Maior inclusão de mulheres, negros, indígenas, gays, lésbicas, bissexuais e trans. O que você acha sobre este cenário?

Christiana Ubach: São muitas pautas que parecem estar no mesmo lugar, mas ao mesmo tempo não. Me sinto apta a responder o que eu vivo diretamente tudo bem?

Acredito que temos que olhar para isso. E encarar a realidade que é: mulher tem menos cargos de poder, ganha menos, e isso tem que mudar. E está mudando. Não é incluir as mulheres, é aceitar a posição que elas têm e exercem, e pagá-las por isso. Temos que atentar que: a luta de direitos das mulheres é a luta contra o racismo. Sim, as mulheres negras são as que mais sofrem com tudo isso, e essa luta precisa andar junto. Sobre o cenário de opção sexual e gênero, temos que mostrar para as pessoas que não querem ver isso, assim preservar os direitos destas pessoas. E sem dúvida a arte e o cinema é o lugar dessa revolução. Mas essa resposta só daria a entrevista inteira, é muito para ser dito e mexido nestes assuntos.

Quando quiser Chris, podemos combinar um bate-papo por aqui, podcast, seja o que for, chamamos mais pessoas e debatemos isso, porque tem que ser debatido.

Mas voltando as perguntas, o que é mais dificultoso como construção de personagem: O trabalho físico, em questão de mudança peso, musculatura, cabelo e no seu caso que teve aprender a lutar, fazer tatuagens falsas, dirigir uma moto, ou seria algo mais intelectual e introspectivo, de esculpir camadas, talhar diversas nuances para takes não verbalizados?

Christiana Ubach: Depende do momento de vida. Do que são essas mudanças e de como está seu ponto de partida. Às vezes a mudança física é uma coisa que talvez você como pessoa já esteja querendo, então é mais fácil de transformar. Outras vezes, a questão emocional e psíquica da personagem mexe com você de um jeito, que acaba dando mais trabalho do que ganhar músculo. Depende do conflito, da personalidade, e principalmente do momento de vida do ator.

Existem diversas formas de compor um personagem, sua parceira em A Garota da Moto – Daniela Escobar – costuma usar a música para conceber, o querido Jim Carrey usa animais, creio que para você a psicologia deve ser uma grande ferramenta para compreender e desenvolve-las, não? Nos fale um pouco de como é o processo.

Christiana Ubach: Depende muito do projeto, e de onde você está partindo. Já tive um método mais fechado, e fui mudando ao longo. Às vezes é a música, às vezes é a coisa física, às vezes é um cheiro, um olhar. Duas coisas que gosto de fazer além de traçar no roteiro a problemática psíquica e emocional da personagem, é trabalhar junto com a caracterização e escrever a história pregressa. Gosto de trabalhar junto com a maquiagem, figurino e arte. Entender o que eles pensam e como concebem a personagem pra daí eu colocar alma naquilo. Às vezes é uma bota que te dá um jeito de andar diferente do seu. Às vezes é um objeto de valor pra personagem que você entende como ela se relaciona com o mundo.

E eu gosto também de imaginar junto com roteiristas ou diretor(a), o que veio antes da vida daquela pessoa para ela chegar até ali. Isso situa ela na linha do tempo, e da estofo.

Como te acompanho a um tempão, vim com uma pergunta bem sacana quanto a suas competências praticadas desde a infância. Em um papel hipotético, você prefere estrelar um filme que explorasse completamente suas aptidões como bailarina ou a cavalo?

Christiana Ubach: Já que é pra responder… rs… andar a cavalo diz mais sobre a minha personalidade, e eu teria mais repertório.rs.

Foge um pouco do tema do site, mas que eu queria tocar, pois eu também tenho uma coisinha ou outra publicada de forma independente e já fui livreiro por anos, queria pedir para a Chris autora, que nos falasse um pouco sobre o Zoológico de Fogo.

Christiana Ubach: Zoológico de Fogo foi uma necessidade da Christiana artista, que precisava contar essa história, e só poderia ser através da literatura. Sempre escrevi, foi a única atividade que mantive desde os oito anos de idade, começando com diários. E escrevo até hoje, e tenho tudo guardado. Escrever me organiza, me define, me delimita, faz entender meu lugar no mundo. Tenho uma relação muito forte com a escrita, e com livros de uma forma geral. Sempre me sinto acompanhada. E foi um turbilhão, pois escrever me deixou nua de um jeito que nunca tinha sentido. Nunca ninguém vai entrar nos seus pensamentos. E colocar no papel uma história é mais ou menos isso. Se virar do avesso.

Entendo perfeitamente. Cresci escrevendo e escrevo tudo o tempo todo. Amo. Logo que me deparei com a sua obra, amei a ideia dos ‘’bichos’’, de onde surgiu a inspiração para o seu livro? Veio aquele estalo e você rabiscou ou a literatura sempre fora um objetivo? A história já estava ali, entalada na garganta e você tinha que pôr para fora ou quem sabe, estrategicamente lançou primeiro como romance, visando a possível migração para uma obra fílmica?

Christiana Ubach: Quando era criança tinha um sonho recorrente que era, escrever um livro num país que não fosse o brasil. Já tinha essa vontade, e estava esquecida. Sempre tive uma relação muito forte com animais. Fui criada em fazenda, morava na serra, e tive animais de todos os tipos que pude. Enquanto filmava uma série no Uruguai, resolvi ficar em Montevideo ao invés de voltar pro brasil durante um intervalo. E remexendo no meu computador, achei o gancho, e me veio a escaleta inteira da história. E quando me vi, estava em um pais estrangeiro, passando oito, nove horas diárias em cafés diferentes, e já tinha metade do livro escrito. E lembrei desse sonho de menina. O Zoológico foi minha maior realização sem dúvida, não teve nada igual. E não tenho pretenção de virar filme não, rs. Nasceu pra literatura.

Foda, parabéns! E não deixe de escrever nunca. É um desafogo e tanto. Se me permite, uma dúvida que eu sempre tive: realmente há muita diferença de como ocorre a preparação de uma personagem quando é para o cinema, novela, série e teatro? O que muda exatamente entre os métodos para você?

Christiana Ubach: O que muda na verdade é o tempo que você tem de preparo, que na maioria das vezes no cinema é maior. Mas depende do quão longe da sua realidade é aquele personagem. Ficamos com uma mítica de que no cinema o mergulho é mais profundo, a tela é maior, mas novamente, depende da personagem e do quanto que ela te exige. Às vezes a preparação é estar no mundo, na rua, observando e se testando em lugares diferentes, e às vezes é um retiro, um recolhimento. Depende do que a personagem te propõe e de como ela te convoca. Isso é o meu método né. Não faço exatamente essa distinção.

Como é contracenar com grandes nomes do meio? Você é daquelas que se sente pressionada pela experiência por parte do parceiro, temendo ser engolida em cena ou gosta e lê isso como um estímulo, usando assim todos

 aqueles olhos virados para a gravação para poder brilhar e mostrar a que veio?

 Christiana Ubach: As pessoas mais renomadas que já trabalhei foram tão generosas quanto seu talento, demoraram para chegar até ali. E sabem que arte não se faz sozinho, então tiveram sempre um jeito de levar o set admirável, isso também faz um ator, como ele contagia o set. O Leonardo Sbaraglia, ator argentino, por exemplo, acho que foi o ator mais incrível que já contracenei, e nunca conheci um artista tão divino. Fazíamos o Hipnotizador, e ele foi um cara que mudou minha vida. Depois desta experiência entendi que precisava me mudar pra São Paulo, e mudar meu jeito de trabalhar. Outro exemplo aqui no Brasil foi o Irandir, ele também tem essa maestria de set, e pessoas extremamente humanas, e inteiras no que fazem e acreditam.

Qual foi a fase que mais lhe rendeu fotos, autógrafos e fãs por aí? No protagonismo na Malhação ID ou na Garota da Moto? E como a Chris lida com o sucesso?

Christiana Ubach: Mais do que personagem, tem uma diferença brutal entre novela, serie e cinema. Novela é praticamente ao vivo. Você grava uma cena num dia, e é exibida no dia seguinte, o público te enxerga como a personagem. Não tem diferenciação. Você está com o mesmo cabelo, cara do que ela. Série lança depois de ter feito. Você já está diferente, com cabelo maior, de outra cor, já mudou o estilo, e cinema então, que demora mais ainda. Por isso muda abordagem.

A Chris aprendeu a lidar com isso. Tinha dificuldades no início, não entendia direito, nunca tive essa relação com nenhum artista. Mas depois fui acostumando. Eu não atribuo esse assédio do público a sucesso. Sucesso pra mim é realização (interna, no caso).

Na atuação, quais são as suas maiores inspirações nesta saborosa arte?

Christiana Ubach: Aqui no Brasil tenho uma admiração especial pela Tonia Carreiro, que foi uma mulher que soube conjugar beleza, talento e empreendedorismo para realizar seus projetos. Mas, Fernanda Montenegro sempre. Maryl Streep monstra, amo tudo que vejo, e ela trabalha com uma sutileza que me agrada muito. Marion Cotillard, francesa!!! Amo, Piaf tocou muito meu coração. Viola Davis, sempre pela sua força sem medo. Jack Nicholson, amo tudo o que fez. Greta Garbo é minha diva predileta talvez.

Uma vez conversando com o Daniel Rezende – diretor de Bingo O Rei das Manhãs e montador de Cidade de Deus e Tropa de Elite – ele me falou que se arrependia de ter se negado a montar o longa dirigido pelo Ryan Gosling. Teve algum trabalho que você deixou passar por não estar apta na época, por causa de agenda ou quem saber pelo simples fato de não estar afim? Existe algo que se lamente?

Christiana Ubach: Olha, assim de primeira mão, não tem nada não. Já tiveram trabalhos que quis muito fazer e depois que vi pronto, eu agradeci por não ter feito. Se parar pra pensar sempre tem algo que gostaríamos de ter feito, mas eu realmente olho pra frente na minha vida.

E isso é ótimo, viu. Qual é o seu maior sonho como atriz? Ganhar um determinado prêmio? Ser uma incontestável estrela Nacional? Contracenar com algum titã lá de fora? Ser dirigida por alguém que sempre admirou?

Christiana Ubach: Meu maior sonho como atriz, é que ela conquiste todos os sonhos da Christiana. Tenho mais sonhos pessoais do que profissionais. Um desejo é poder ser mais artista do que atriz, sem dúvida. Trabalhar não só na frente da câmera, mas fora dela também.

Preconceito do público, a falta de incentivo e a má distribuição nas salas que só aceitam blockbusters… Qual é a maior dificuldade que você observa hoje no cinema nacional?

Christiana Ubach: Falta de educação. Num país que não prioriza a educação não tem como ter outro pano de fundo, de frente pra cultura nacional.

Pois é. Chris, trabalhando em que, indo para onde, vai testar novos ares? O que podemos esperar da Christiana Ubach – e suas mil faces – nos próximos anos? Dê um petisco do que vem por aí.

Christiana Ubach: No momento atual estou de férias, em casa, cuidando de mim.

Daqui pouco volto para filmar uma série no rio de janeiro. Ano que vem volto pro cinema. Não penso tãaaao pra frente assim. Rs Mas quem sabe um livro novo, ou um projeto de teatro que não faço há muito tempo. Ou os dois. rs

Com certeza todo o caminho é cheio de pedras, não há facilidade na arte, mas qual a maior dica que você pode dar para quem está começando?

Christiana Ubach: Existe uma diferença entre talento e vocação. Aprendi isso logo. Talento se aprimora com o tempo, com as oportunidades, mas se você não tem vocação, nem adianta tentar. E vocação nesse caso, é ser forte e humano a todo momento. Estar sensível, e ao mesmo tempo ser firme. Os “nãos” vão existir sempre, vindo dos outros ou de você, às vezes é o que melhor define uma trajetória. E entender se a vida de ator é o que você quer. Não temos vida, muitas vezes, nem corpo, rotina menos ainda. É para os fortes e amantes. Porque os aplausos são 2% de tudo.

Que frase final maravilhosa! Que papo gostoso! Que pena que chegou ao fim. Queria primeiramente parabenizá-la por tamanha dedicação e tamanha competência, a forma em que escolhe os degraus da sua carreira é de bater palmas. Fora que investir em tantas áreas de uma só vez e ser boa em todas, não é para qualquer um não. Parabéns pelo esforço! Agora para encerrar a entrevista, te presenteamos com este espaço para que convoque o público para conhecer todos os seus trabalhos e deixe uma mensagem para o pessoal do Cinem(ação).

Christiana Ubach: Eu que agradeço, gosto de falar do meu trabalho, é uma maneira de eu me observar também, e entende como as coisas vão mudando. Esse ano, acabei de estrear a série DESencontros na Sony, Brasil e América Latina. Ainda vou lançar mais dois projetos: Amigo de Aluguel pelo Canal Universal, que é uma comédia, que eu nunca tinha feito algo no gênero, e dei muita sorte nos meus companheiros de cena que são monstros nisso. E também Toda Forma de Amor no Canal Brasil que trata sobre gêneros, faço uma personagem andrógena, e a caracterização foi um desafio. Convido a todos para assistirem, e também quem quiser se aprofundar Zoológico de Fogo está disponível para a venda na internet.

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