Crítica: Quarta de Cinzas (curta-metragem)
Quarta de Cinzas faz parte de uma campanha e foi criado em formato próprio para o celular.
Ficha técnica:
Direção: Diego Monteiro
Roteiro: Heloísa Pontes
Elenco: Ines Buchatsky, Silvia Guerra, Felipe Moretti
Para que serve o cinema? Vídeos para celular se enquadram como cinema? Provavelmente sim.
Nos primórdios do cinema, a tela era quadrada. Ninguém viu Harold Lloyd se pendurar no relógio em widescreen anamórfico. E desde os primórdios da literatura, histórias são contadas com o objetivo de ensinar algo positivo, desde as fábulas de Esopo ao Decamerão de Boccaccio.
Nos dias de hoje, temos as campanhas publicitárias de cunho social. São contos, são histórias, e quando contadas em forma de audiovisual, são cinema. Cinema que é exibido muitas vezes na tela do celular. Ao menos “Quarta de Cinzas” funciona desta forma.
O formato da tela, as imagens que pulam diante de nós e o tempo de duração servem perfeitamente para os usuários das redes sociais. Se a ideia é ser impactante em pouco tempo, a produção consegue, e ainda ousa ao contar algo em forma de flashbacks, com mudança na fotografia e nas cores.
Acompanhamos Marcela, jovem que decide curtir o carnaval e acaba se envolvendo em um acidente, tendo que lidar com as consequências depois. O resto é informação necessária: afinal, trata-se de uma campanha de conscientização!
No mundo real, dificilmente os envolvidos em acidentes são atacados nas redes sociais, como é mostrado no curta, ainda que isso adicione conflito à história. Será que o namorado de Marcela também sofreu as consequências? Creio que, juridicamente, apenas o motorista é responsabilizado. Moralmente, no entanto, ele tinha sua parcela de responsabilidade. É triste, portanto, que vivamos em uma sociedade na qual se evita acidentes aumentando o tempo de prisão dos culpados, e não ampliando o senso de responsabilidade pela vida alheia.
“Quarta de Cinzas” é um importante alerta. É storytelling, publicidade, e acima de tudo, uma mensagem fundamental na plataforma ideal para o tempo em que vivemos.
*esta crítica foi escrita em função da parceria do Cinem(ação) com a Smarty Talks, produtora do curta divulgado pela ONG Não Foi Acidente.
Saiba mais sobre o curta Quarta de Cinzas!
Resumo
É triste, portanto, que vivamos em uma sociedade na qual se evita acidentes aumentando o tempo de prisão dos culpados, e não ampliando o senso de responsabilidade pela vida alheia. “Quarta de Cinzas” é um importante alerta. É storytelling, publicidade, e acima de tudo, uma mensagem fundamental na plataforma ideal para o tempo em que vivemos.