10 Atuações Marcantes Baseadas em Músicos
Há algumas semanas, foram divulgada as primeiras imagens de Rami Malek como Freddie Mercury, no filme Bohemian Rhapsody. A semelhança física entre o ator e o cantor, falecido em 1991 em decorrência da Aids, chamou muita atenção. Inclusive alguns fãs mais animados, exageraram e falaram de Oscar para o ator. Mesmo sendo cedo demais para falar de premiações, não há como negar a semelhança entre o ator e o cantor.
Inspirado nessas imagens, e com a ajuda de alguns membros do Cinem(ação), elaborei uma lista das melhores encarnações de músicos no cinema. Então pega seu Ipod, liga no último volume e vamos lá!
Gary Oldman – Sid Vicious (Sid e Nancy – 1986)
Indicação: Thiago Mello
Sid e Nancy, conta a trágica história de amor entre Sid Vicious, ex-baixista do Sex Pistols e Nancy Spungen. Eles engatam um romance regado sexo, drogas e rock’n’roll. Sid e Nancy é sempre lembrado nas listas de melhores cinebiografias de músicos, e muito se deve a atuação de Gary Oldman. O ator construiu um personagem desajustado, desequilibrado, instável e agressivo. Além da atuação que evidenciou bem a personalidade de Sid Vicious, a caracterização do ator também ficou ótima. Embora o ator não seja tão parecido assim com o músico, a caracterização e a atuação ficou tão real, que entrou para história do cinema como uma das melhores já feitas. Além de ter lançado Gary Oldman, então em seu segundo filme, para o mundo.
Curiosidade: Gary Oldman poderá ser visto em breve novamente na pele de um personagem real, Winston Churchill. Trata-se do filme O destino de uma nação, que mostrará o momento em que Churchill sobe ao poder, como primeiro ministro da Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial. Pelos trailers pode se ver um trabalho surpreendente de Gary Oldman, tal qual ele fez em Sid e Nancy. Será que vem Oscar por aê?
Val Kilmer – Jim Morrison (The Doors – 1991)
The Doors trata-se da cinebiografia de Jim Morrison, vocalista da banda The Doors, morto em 1971, aos 27 anos, de overdose de heroína. Embora o filme não esteja na lista das melhores cinebiografias do cinema, inclusive Ray Manzarek, ex-tecladista do The Doors, disse que o filme retratou de forma horrível a história da banda, não há como negar a entrega e Val Kilmer ao personagem. Ele entregou uma interpretação quase mediúnica, parece que estamos vendo o próprio Jim Morrison em tela. O esforço do ator foi tanto que ele usou lentes para dilatar a pupila nos momentos em que Jim Morrison aparece drogado. A entrega foi tanta, que em certas fotos na Internet, às vezes é quase impossível distinguir um do outro. Por mais que não seja um grande filme, não há como esquecer a atuação de Val Kilmer. Esse é um daqueles exemplos em que a atuação é maior que o próprio filme. Não é a toa que sempre que se falam de cinebiografias de músicos, a atuação de Val Kilmer é lembrada.
Curiosidade: O projeto de The Doors durou cerca de 20 anos até sair do papel. Entre os envolvidos no projeto para o papel de Jim Morrison estiveram cotado os atores Jason Patric, Tom Cruise e John Travolta. Esse último inclusive foi cogitado na época para assumir os vocais da banda em um possível retorno.
Jamie Foxx – Ray Charles (Ray – 2004)
Ray, filme dirigido Taylor Rackford, é a cinebiografia do cantor americano Ray Charles. Desde sua infância pobre até o estrelato. Mostrando suas polêmicas, vícios em drogas, vida pessoal e é claro sua obra musical. E assim como Val Kilmer, Jamie Foxx faz uma atuação quase mediúnica. O ator encarnou o cantor de corpo e alma. Os trejeitos, os tiques, a forma de cantar, de se portar no palco, de tocar piano, tudo ficou idêntica ao cantor. O esforço de Jamie Foxx para incorporar Ray foi tão grande, que durante toda filmagem, que duravam cerca de 14 horas por dia, o ator usava uma prótese que o deixava totalmente cego. E o mais impressionante é que, em todas as cenas que aparece Ray Charles tocando piano, era o próprio ator que estava tocando. Tanto esforço foi recompensado, o ator ganhou dezenas de prêmios pelo filme, incluindo o Oscar de Melhor Ator.
Curiosidade: Ray Charles esteve envolvido no desenvolvimento do filme. Inclusive Jammie Foxx encontrou com o cantor para poder compor o personagem. Inclusive em uma entrevista na época, Foxx revelou que o próprio Ray pediu para que mostrassem tudo, as drogas, as mulheres, a prisão, tudo. O cantor faleceu em 10/06/2004 enquanto o filme estava sendo finalizado.
Daniel Oliveira – Cazuza (Cazuza : O Tempo Não Para – 2004)
Baseado no livro de Lucinha Araújo, Só as mães são felizes, o filme é a biografia do cantor Cazuza, desde o início de sua carreira no Barão Vermelho, sua partida pra carreira solo, a descoberta da Aids, até sua morte em 1990 aos 32 anos, vítima da Aids. O filme dividiu opiniões, mas uma coisa foi unânime, a entrega de Daniel Oliveira ao personagem. Daniel se entregou de corpo e alma ao personagem, inclusive perdeu 12 quilos para poder fazer o momento que retrata o cantor com Aids. Mas não foi apenas o peso, Daniel estudou Cazuza durante 1 ano, e está tudo ali trejeitos, entonação da voz, a forma de se portar no palco. Inclusive na cena do show O Tempo não Para, no Canecão, último registro ao vivo do cantor, a similaridade entre ator e o cantor é assustadora. Parece que realmente estamos vendo Cazuza, e não Daniel. A atuação dele, inclusive, foi comparada a de Val Kilmer em The Doors. E tanto esforço valeu a pena, Daniel Oliveira ganhou o prêmio de melhor ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Curiosidade: Cazuza – O Tempo Não Para foi sucesso de público. O filme arrecadou mais de R$ 21 milhões e levou mais de 3 milhões de espectadores as salas de cinema. Mas dividiu a crítica. Principalmente pelo fato terem omitido muitos fatos da vida do cantor. Como por exemplo o relacionamento entre ele e Ney Matogrosso, que foi de importância primordial para a formação do cantor.
Joaquim Phoenix – Jhonny Cash (Jhonny e June – 2005)
Indicação: Cauê Petito
Jhonny e June conta a história do cantor Jhonny Cash desde sua juventude, as primeiras gravações, seu envolvimento com drogas, e principalmente sua relação com June Carter, o grande amor de sua vida, que o ajudou a se livrar dos vícios e se reabilitar. Joaquim Phoenix mergulhou fundo no personagem. Embora não tenha feito muitas mudanças físicas é incrível a similaridade do ator com o cantor. Ele encarnou Jhonny Cash em todas suas nuances, maneira de falar, maneira de segurar o violão, de se portar em palco e inclusive na forma de cantar, uma vez que o cantor cantou todas as músicas que aparecem no filme. Ele simplesmente incorporou o cantor em tudo. Não é um ator imitando um cantor, e sim um ator que encarnou o cantor em todas as suas facetas, desde as mais simples até as mais complexas. Não é por nada que o ator foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, junto com Reese Witherspoon, que faturou o Oscar daquele ano no papel de June Carter.
Curiosidade: Joaquim Phoenix e Reese Witherspoon foram escolhidos pelos próprios Jhonny Cash e June Carter para vive-los no cinema. Infelizmente nenhum dos dois conseguiram ver o resultado do trabalho de ambos. June morreu pouco antes do início das filmagens e Jhonny apenas 4 meses depois.
Cate Blanchett – Bob Dylan (Não Estou Lá – 2007)
Indicação: Thiago Mello
Não estou lá, filme de Todd Haines, mostra mutação física e psicológica de Bob Dylan durante sua vida artística, mostrando todas as suas nuances musicais e artísticas. O filme de Todd Haines faz um cinebiografia diferente de tudo o que já foi feito. Ao invés de contar a história cronológica o diretor faz um filme esmiuçando todas as facetas e fase musicais do cantor. E em cada uma delas, um ator ou atriz diferente representa o cantor. Mas quem realmente faz toda a diferença é Cate Blanchet. Cate encarna a fase de 1965 – 1966, e a atriz simplesmente incorporou o cantor em toda sua forma. Parece que realmente estamos vendo Bob Dylan em cena, não apenas o físico, que ficou simplesmente sensacional, mas também os trejeitos, a forma de andar, de se portar, e até de fumar o cigarro. Ficou simplesmente sensacional, é Bob Dylan inteirinho em cena. Não a toa a atriz foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, e ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e o prêmio de MelhorAtriz no Festival de Veneza.
Curiosidade: Antes de Cate Blanchett ser escolhida para o papel, Maggie Gyllenhaal fez testes para o mesmo papel. Mas Cate acabou ganhando o papel, e fez bonito, inclusive a atriz usou uma meia na calça para andar como homem.
Sam Riley – Ian Curtis (Control – 2007)
Indicação: Alexandre Gonçalves
Control é a cinebiografia de Ian Curtis, vocalista do Joy Division. Desde o seu casamento com Debora Curtis, a formação do Joy Division, o estouro da banda, até sua morte precoce aos 23 anos. O filme aborda seus problemas pessoais, profissionais e românticos, que possivelmente levaram ao suicídio do músico. O filme dividiu opiniões, enquanto alguns críticos consideraram o filme um dos melhores de 2007, outros consideraram o filme como decepcionante e superficial. Mas assim como ocorre na maioria dos filmes, a atuação de Sam Riley é simplesmente impecável. O ator conseguiu levar para as telas os trejeitos e maneirismos do cantor. A forma de cantar com o olhar caído com movimentos selvagens foram criados com perfeição. A dança que Ian Curtis fazia no palco, que serviu de inspiração para Renato Russo, é brilhante e hipinótica. O olhar do ator simplesmente retrata a pessoa triste e angustiada que era Ian Curtis. É mais uma caso em que não vemos o ator imitando o cantor, mas vemos a encarnação quase perfeita do cantor.
Curiosidade: Embora com várias imprecisões históricas o filme foi muito bem recebido pelos membros vivos da banda. Stephen Morris chegou a dizer: “Nada disso é verdade realmente, mas a verdade é muito chata”.
Marion Cotilard – Edith Piaf (Piaf: Um Hino ao Amor – 2007)
Piaf: Um Hino ao Amor é um filme francês que conta a história de umas das mais importantes e influentes cantoras francesas, Edith Piaf. Contando desde sua infância humilde até o estrelato, culminando na sua morte em 1963 aos 48 anos de idade. Com uma montagem não linear o filme faz vários recortes em vários momentos importantes da vida de Piaf, mostrando um pouco de sua vida, suas manias, seus vícios, seus amores. E Marion Cotilard ajuda muito nisso. Marion se despe de todas as suas vaidades e encarna de forma brilhante e genuína a vida da cantora. A atriz brilha como Piaf com seus trejeitos, suas manias, seus maneirismos, a maneira de se postar no palco. A cena do Show final, quando Piaf canta Non Je Ne Regrette Rien, é como se realmente víssemos a cantora. E essa canção se torna um símbolo do filme e da carreira de Edith Piaf. Por esse filme Marion Cotillard ganhou inúmeros prêmios incluindo o Oscar de Melhor Atriz.
Curiosidade: Edith Piaf tinha 1,47m de altura e Marion Cotilard tem 1,69m de altura. Por ser 22cm maior que a cantora em muitos momentos do filme Marion precisou atuar encurvada ou com os joelhos meio dobrados para parecer menor.
Babu Santana – Tim Maia (Tim Maia – 2014)
Indicação: Henrique Rizatto
Tim Maia, baseado no livro Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia de Nelson Mota, é a cinebiografia do cantor brasileiro. Desde sua juventude quando ainda se intitulava Tião Marmita até o estrelato. No filme Robson Nunes faz Tim Maia na juventude e manda muito bem. Mas quem realmente rouba a cena é Babu Santana. O ator ofusca todos que estão em tela. Além do visual, que é surpreendente, o ator incorpora o cantor em todas as suas formas. O gestual, os trejeitos, a voz, o sotaque, e até a forma de cantar é igual ao cantor. Sim, o ator cantou no filme. Embora ele tenha dublado o cantor em muitos momentos, existem algumas cenas em que o ator sotou a voz. Por mais que o filme tenha dividido as opiniões, e trazendo algumas imprecisões históricas e causando algumas polêmica, uma coisa não se pode negar, Babu Santana fez um trabalho brilhante e encorporou Tim Maia como ninguém.
Curiosidade: Em janeiro de 2015 a Rede Globo reeditou o filme e o transformou em um docudrama. O docudrama mesclou cenas do filme com depoimentos de Roger Bruno (ex-parceiro de Tim no grupo americano The Ideals), Caetano Veloso, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jorge Ben Jor, Fábio, Hyldon e Eduardo Araújo. Docudrama que inclusive recebeu muitas críticas. A emissora foi acusada de proteger a imagem de Roberto Carlos. Sobre esse assunto Erasmo Carlos diz que o filme exagera ao dizer que Tim foi esnobado por Roberto.
Andrea Horta – Elis Regina (Elis – 2016)
Elis é a cinebiografia da cantora Elis Regina. Desde quando a cantora saiu de Porto Alegre, rumo a São Paulo para se lançar como cantora, passando pelos festivais, pelos casamentos, algumas amizades, as músicas, até sua morte precoce aos 36 anos. O filme foi muito criticado por ter um ar episódico, não aprofundar na vida da cantora e também por não mostrar momentos e parcerias importantes na carreira da cantora. Mas assim como na maioria das cinebiografias, inclusive as citadas nessa lista, a atuação é maior que o filme. Andrea Horta está simplesmente espetacular. Ela está magnética em cena. A atriz estudou, e muito, as entrevistas da cantora e os shows, e está tudo ali representado de forma brilhante. A atriz incorporou Elis em seus trejeitos, sua entonação de voz, suas risadas. Vemos mais do que uma imitação da cantora, vemos em tela uma performance que beira a perfeição. Ela não apenas se veste ou corta o cabelo como o da cantora, foi um trabalho que foi muito além. Ela incorporou com perfeição os grandes momentos da cantora, em especial no palco. Tanto estudo e trabalho teve seus frutos. Além de faturar o Kikito de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Gramado, ela ganhou Prêmio do Cinema Brasileiro de Cinema de Melhor atriz.
Curiosidade: Andreia Horta passou por uma preparação de vários meses para interpretar a cantora. A preparação era de segunda a sexta 8 horas por dia. Ela passava por fonoaudiólogos, preparadores corporais e vocais. Tudo para conseguir incorporar Elis o mais próximo da realidade possível.
Sei que faltou vários que mereciam entrar nessa lista também. Por isso agora é com você. E aí, quem faltou nessa lista? Comente abaixo e conte pra gente. Quem sabe não fazemos uma parte dois!