Sobre cinema, amor e felicidade
E se não for pra chorar, rir e se encantar com os filmes, é melhor que não vejamos mais nada.
Eu andava um pouco desanimado. Alguns problemas, insucessos, questionamentos… tudo culminava para que eu não me sentisse bem. Eu, que quase sempre sou otimista, por um momento me vi com o olhar cabisbaixo.
Decidi, então, assistir ao clássico “A Felicidade Não Se Compra“, de Frank Capra. Não… eu não queria me suicidar e nem perdi milhares de dólares. Mas sabia que precisava terminar meu domingo com algo mais feliz que os episódios da quinta temporada de House of Cards.
E se tem uma coisa que o cinema pode fazer com a gente é iluminar a vida. E foi o que aconteceu.
Quando George Bailey (James Stewart, um de meus atores favoritos) clama seu desejo de ver o mundo, viajar e construir coisas novas, não pude deixar de me identificar com ele. E quando vi que ele nunca deixa sua pequena cidade, a identificação foi ainda maior. Por que será, não é mesmo?
E então me lembrei de um outro momento, de um outro filme. Foi a cena de “Up – Altas Aventuras” que mais me emocionou: folheando o álbum de fotos, o velho Carl descobre uma mensagem de sua esposa agradecendo pela grande aventura que foi a vida deles: não aquela cheia de florestas e desbravamentos com que sonhava a esposa, ainda menina, mas a quieta vida de um casal cheio de amor.
E só agora, talvez, eu me dei conta – ou me tornei mais consciente – de que a melhor forma de viver a maior aventura das nossas vidas não é necessariamente com grandes feitos. Não precisamos salvar pessoas na guerra, construir grandes fortunas ou sair pelo mundo em busca de descobertas enormes. É possível fazer com que o agora e a cidade em que vivemos se tornem a grande aventura de nossas vidas. E para isso é preciso olhar para as pessoas ao nosso redor com mais amor. Não precisa ser o amor puro, romântico: pode ser simplesmente o amor que nos vem quase naturalmente na infância e nos leva a ajudar o próximo.
“A Felicidade Não Se Compra” é um desses filmes que nos ajudam a entender um pouco mais sobre o amor e a vida. Filme de Natal? Que nada! Filme bom deve ser visto em qualquer momento do ano.
É o cinema que pode fazer com que a gente encontre a felicidade nos momentos de fraqueza. É ele que nos faz acordar no dia seguinte com muito mais energia, para entregar um pouco mais de amor às pessoas.
E assim, sei que um dia vou olhar para trás e perceber o quanto o meu mundo seria diferente sem mim… e observar o álbum de fotos e poder agradecer pelos companheiros de aventuras que encontrei pelo caminho.