Eu Cinéfilo #31: NERVE – Um jogo sem regras - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Colunas

Eu Cinéfilo #31: NERVE – Um jogo sem regras

A vida controlada pelo mundo virtual, sem privacidade, livre arbítrio limitado. A capacidade de um indivíduo ultrapassar os próprios limites e viver a mercê de seus seguidores, estes são alguns pontos que podem ser observados em “NERVE – Um jogo sem regras”.

Lançado em 2016 com Emma Roberts e Dave Franco como protagonistas, “NERVE – Um jogo sem regras” retrata uma realidade que não está muito longe da que estamos vivendo no momento. Estamos totalmente imersos em um ambiente virtual, através de múltiplas telas somos intensamente impactados por informações e opiniões de terceiros, sejam amigos, parentes e meios de comunicação que, mesmo que indiretamente, acabam nos influenciando.

Durante – mais ou menos -, 1h30 nós acompanhamos Vee, personagem de Roberts, sair da sua zona de conforto após enfrentar uma situação desconfortável, quase humilhante, na frente dos colegas de escola, ela decide participar do jogo NERVE, a sensação do momento, onde é possível ingressar como Jogador ou Observador. Os Observadores são os responsáveis por desafiarem os Jogadores a cumprirem determinadas missões e estas missões são as mais absurdas possíveis, elas vão desde mostrar uma parte íntima em público até colocar sua vida em risco.

Apesar da temática estilo Black Mirror estar muito em pauta nos últimos tempos, neste filme a abordagem do assunto ficou limitada apenas ao mundo adolescente, como se apenas este público estivesse uma relação aprofundada com a tecnologia, o filme dá a entender que a geração anterior (ou anteriores) não possui conhecimento ou consciência de que este tipo de comportamento é real e tangível, sendo assim, imunes a tal situação.

E, ao se limitar a este público em particular, alguns clichês já vistos em filmes teens são perceptíveis, como por exemplo, o amigo nerd que gosta da protagonista que se acha o patinho feio e que é apaixonada pelo menino popular da escola, entre outros pontos que parecem déjà vu diretamente transportados de outros filmes adolescentes.

Ao transitar entre os conflitos pessoais dos personagens e os desafios do jogo, dispersar do filme nos momentos de interação entre personagens não é difícil, os debates mostrados entre os adolescentes não são aprofundados, se tornando quase que irrelevantes para o desenvolvimento da história do filme, pois os desdobramentos destes conflitos são previsíveis e que vão para a zona de conforto.

Os debates levantados por “NERVE – Um jogo sem regras” são contemporâneos que merecem ser discutidos e analisados, no entanto com a seriedade devida. Até que ponto estamos dispostos a nos expor para nos tornarmos celebridades instantâneas e agradarmos seguidores que nos julgam? Perguntas como estas não são respondidas ou, até mesmo, discutidas com profundidade, mas o filme acerta em ao menos introduzir este tipo de conversa para a audiência.

 

Texto escrito por: Ana Augusta Caetano Pereira

 

 

Quer escrever um texto para ser publicado no Cinem(ação)? Envie um e-mail para [email protected]!

Deixe seu comentário