Crítica: Ma' Rosa, vencedor do prêmio de Melhor Atriz em Cannes
Ma' Rosa, de Brillante Mendoza, com Jaclyn Jose
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Crítica: Ma’ Rosa

Ma’ Rosa é uma denúncia dura, crua e universal sobre a pobreza.

Ma' Rosa, de Brillante Mendoza, com Jaclyn Jose

Ficha técnica:

Direção: Brillante Mendoza
Roteiro: Troy Espiritu
Elenco: Jaclyn Jose, Julio Diaz, Baron Geisler, Jomari Angeles, Neil Ryan Sese, Andi Eigenmann
Nacionalidade e lançamento: Filipinas, 6 de Julho de 2016 (Sem data prevista para o Brasil)

Sinopse: Rosa é uma mãe de família com quatro filhos que tem uma lojinha local e é adorada pela comunidade do bairro pobre de Manila, onde vive. Para conseguir mais dinheiro, ela e seu marido revendem pequenas quantidades de drogas. Descobertos pela polícia, vão para a cadeia e terão que fazer de tudo para conseguir o dinheiro exigido pelos policiais corruptos.

Ma' Rosa, de Brillante Mendoza, com Jaclyn Jose

Ma’ Rosa:

No Festival de Cannes deste ano, a atriz filipina Jaclyn Jose surpreendeu muitos ao ganhar o prêmio de Melhor Atriz. Famosa em sua terra natal, onde se destaca especialmente por seus papeis em novelas, a atriz é o centro do filme dirigido pelo premiado diretor filipino Brillante Mendoza.

Ao longo do filme, a “câmera na mão” de Mendoza, que comumente acompanha os personagens por longas caminhadas, permite ao longa um ar quase documental (assim como suas outras obras), o que vai totalmente ao encontro das atuações – especialmente a da protagonista. Assim, quando vemos Rosa tomando chuva com seu filho, enquanto tenta chegar em sua casa com algumas compras, já começamos a nos localizar em um ambiente escuro, áspero e sujo. Em nenhum momento o espectador acredita que tratam-se de atores: parecem pessoas que realmente vivem naquele ambiente. Talvez um filipino, já familiarizado com os rostos, consiga alguma separação, mas trata-se de uma caracterização inimaginável para qualquer astro famoso do Brasil ou de Hollywood.

Ma' Rosa, de Brillante Mendoza, com Jaclyn Jose

E se a atuação de todos é sutil a ponto de nos esquecermos completamente de que aquilo é montado, ensaiado ou roteirizado, a sutileza também pode ser vista em pequenos momentos: quando o policial pega um celular que não lhe pertence, muda a droga de lugar, ou simplesmente quando acompanhamos a entrada dos personagens no “escritório” da polícia sem ser pelo caminho oficial. O olhar perdido da protagonista ao comer um “espetinho” antes de solucionar seu problema é outro momento brilhante (com o perdão do trocadilho com o nome do diretor).

“Ma’ Rosa” ainda nos apresenta alguns momentos engraçados, que permitem uma quebra do ambiente pesado. Igualmente sutis, eles também funcionam como forma de ridicularizar a figura dos policiais – os verdadeiros vilões da trama.

No entanto, é possível criticar a escolha do roteiro em “esquecer-se” da protagonista no segundo ato, quando o foco da narrativa vai para seus filhos, que passam a buscar dinheiro das mais diversas formas para livrar a mãe e o pai da prisão. Ainda que a “sombra” de Rosa permaneça, o filme parece fazer um desvio de curso que poderia ser amainado com uma montagem diferente.

Por fim, “Ma’ Rosa” merece destaque especialmente por fazer uma crítica social que funciona para as Filipinas, mas poderia ocorrer em muitos países. Afinal, corrupção policial, pobreza e tráfico de drogas ocorrem, em maior ou menor grau, no mundo todo. O mesmo mundo onde encontramos milhões de Rosas que tentam vencer a pobreza e sustentar a família como podem.

 

**O filme foi visto em sua estreia no BFI London Film Festival

 

https://www.youtube.com/watch?v=_Y-YxXlwNw4

  • Nota
4

Resumo

“Ma’ Rosa” merece destaque especialmente por fazer uma crítica social que funciona para as Filipinas, mas poderia ocorrer em muitos países.

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