Crítica: Sociedade dos Poetas Mortos (1989) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Sociedade dos Poetas Mortos (1989)

Sociedade dos Poetas MortosEste é um filme que ouço falar desde meu colegial… e olha que isso aconteceu a 21 anos atrás em uma aula de literatura, quando o professor falava sobre romantismo, ou pré romantismo, que seja, onde um dos temas recorrentes do “Arcadismo” (sim, este era o tema da corrente literária abordada na aula) é o Carpe Diem, que em latim significa aproveitar o dia. Aposto que você pode não se lembrar do que escrevi neste parágrafo, mas se você teve alguma aula de literatura no colegial enquanto adolescente, certamente você ouviu falar sobre Carpe Diem e achou muito legal a ideia de “aproveitar do dia”, aproveitar a vida, ser feliz por que a vida é curta e passageira.

De olho nesta ideia onde a maioria dos adolescentes acham o Carpe Diem “maior massa” (essa era a gíria da época do meu colegial, o que fazer…), foi lançado em 1989 o filme “Sociedade dos Poetas Mortos” que conta a história de uma internato dos EUA, muito tradicional somente para rapazes, famosa por encaminhar aproximadamente 80% dos seus alunos para as maiores universidades daquele país (e da Inglaterra também). Uma escola cara, tradicional, e de renome. Porém, nesta escola chega um 5.0.2novo professor chamado Mr. Keating, (Robin Williams) também formado naquela escola e com um curriculum muito bom. E este professor passa a ensinar aos alunos idéias revolucionárias para a época, entre elas o Carpe Diem. É claro que esta ideia é absorvida por alguns alunos e isso gera conflito. Outra idéia que é defendida pelo Sr. Keating (ou “Mr. Keating” se preferir…) foi a de ensinar estes garotos a ter pensamentos independentes, ideia rechaçada automaticamente pelo diretor da escola com uma frase parecida com: “Claro que eles devem ter pensamentos independentes, mas nunca nesta idade!”. Diante de tanta coisa nova devemos lembrar que, quando você dá geleia para quem nunca comeu, esta pessoa acaba se lambuzando, e apesar de  Sr. Keating (ou Capitão, meu Capitão!) dizer: “Não sejam burros, vocês tem algo muito bom nesta escola! Não desperdicem!”  o filme não acaba bem. E chega de spoiler!!! Mas…talvez eu esteja mentindo… pois Mr. Keating faz uma coisa que mudou de vez a vida de alguns alunos daquela escola. Agora cabe a você pensar se o que ele fez foi bom ou não… Realmente, ele faz acontecer bastante coisa na vida dos alunos.

De qualquer forma o filme é ótimo. Robbin Williams faz ótima atuação e recebeu indicação para o Oscar, Bafta e Globo de Ouro, porém, não levou nenhum, por um motivo até compreensivel, afinal concorreu nestas premiações com Daniel Day-Lewis que fez o papel de “Christy Brown”, no filme “Meu pé esquerdo” (My Left Food – 1989). Lewis teve uma atuação tão impressionante que me lembro de ver este filme mesmo não sendo eu quem aluguei ele para assistir (foi meu pai) por volta de meus 11 ou 12 anos. Foi quase desleal com nosso saudoso Robbin Williams, pois o roteiro de Lewis era algo que dava a ele uma oportunidade de ouro.

sociedade-dos-poetas-mortos-004-aA fotografia, cenários e figurinos são muito bons. É possível sentir o clima pesado da escola e o tanto que ela é séria (algo muito criticado para os padrões de escola de hoje).  Dá para se posicionar a data do filme (final da década de 50 começo da década de 60) do filme só observando a ambientação do cenário e do figurino, pois não encontrei referências de data muito explícitas.

Outra coisa muito boa são o roteiro e a direção do filme. Eles exploram muito bem o perfil daqueles alunos que seriam alguns anos depois, os jovens adultos da década de 60 que protestariam contra a Guerra do Vietnã, seriam Rippies, fariam Woodstok, apoiariam Martin Luther King Jr, e entre outras várias revoluções culturais e sociais que aconteceram nos EUA logo após (também aconteceram várias revoluções destas no mundo, mas como o filme é ambientado nos EUA vamos nos ater apenas a este país). É possível ver os futuros jovens revolucionários no filme, assim como é possível ver aqueles que só querem levar sua vida pacata com um belo figurante, estando muito feliz com isso, muito obrigado.

sociedade-dos-poetas-mortos-005-aPorém, existe uma coisa que muito ruim neste filme. Mas muito ruim mesmo. Uma coisa que me manteve distante deste filme por décadas: O nome. Toda vez que eu pensava neste filme pensava em algo meio mórbido, ou ainda mágico… Ou leitura de poemas filosóficos que eu certamente não entenderia… Ok, até tem este tipo de leitura, mas o mais interessante é que os próprios personagens não entendem direito o poema nas primeiras vezes e algumas ficam até encabulados, o que ao longo do filme passa a fluir bem (mais um ponto positivo para o roteiro e a direção). Já ouvi falar de pessoas que, por causa do nome,  pensasse que o filme é sobre zumbis… (é claro que não leu a sinopse… mas ok). E o mais interessante é que não corrigiram o nome na tradução para o português no Brasil, como aconteceu anos depois com o filme “The Shawshank Redemption” de 1994 que, por grande sabedoria dos distribuidores no Brasil virou “Um sonho de Liberdade”.  Não posso descartar a possibilidade de não ter entendido a poética do nome “Sociedade dos Poetas Mortos”, mas vai… poesia nunca foi meu forte. Enfim… nada é perfeito… de qualquer forma o filme é muito bom, e merece uma nota “perfeita”: 5 claquetes.

5-claquetes

  • Nota
5

Resumo

Não posso descartar a possibilidade de não ter entendido a poética do nome “Sociedade dos Poetas Mortos”, mas vai… poesia nunca foi meu forte. Enfim… nada é perfeito… de qualquer forma o filme é muito bom, e merece uma nota “perfeita”: 5 claquetes.

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