Prêmios 49º Festival de Brasília - Noite Final - Cinem(ação)
Cinema Nacional

Prêmios 49º Festival de Brasília – Noite Final

Noite de prêmios no encerramento do  49º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. Após apresentação musical, foi exibido o filme, vencedor em 1996, Baile Perfumado. Nunca tinha visto o longa e foi uma grata surpresa- o trabalho de câmera em especial. Outro destaque foi para os discursos sucintos dos vencedores. Poucos ficaram um tempo demais no palco, em geral subiam agradeciam e passavam um o outro recado rápido.

O grande vencedor da mostra competitiva foi o longa: A cidade onde envelheço, de Marília Rocha – ela também levou o prêmio de melhor direção. Nos curtas quem levou foi Quando os dias eram eternos, de Marcus Vinicius Vasconcelos (conforme previ no primeiro dia da Mostra). O júri popular escolheu Martírio, de Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tita, como melhor longa e Procura-se Irenice, de Marco Escrivão e Thiago Mendonça, como melhor curta.

Comentários: 

Sobre os curtas eu concordo 100%. Eles foram os dois melhores e que bom que ambos puderam ser contemplados. Agora sobre os longas, a decisão foi muito destoante do que eu vi em tela. 4 prêmios para A Cidade onde Envelheço e 3 para Último Trago soam absurdos pela qualidade dos longas (o Cidade é até ok, já o Último Trago é terrível), mas mais ainda pela ausência de mais prêmios para Deserto, disparado o melhor filme e só sendo contemplado em direção de arte. O ótimo Antes o Tempo não Acabava saiu sem um troféu sequer, outra injustiça. Pequena ironia é o festival ter tido tantos longas sobre a temática indígena e logo um filme português (em coprodução com MG) levar. A obra prima Deserto à parte, a qualidade dos curtas se mostrou superior às dos longas.

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Na Mostra Brasília  Catadores de história, de Tânia Quaresma, ficou com 3 prêmios, incluindo o principal do júri. Já o público elegeu Cora Coralina – todas as vidas, de Renato Barbieri, como o melhor da competição. Nos curtas, Rosinha, de Gui Campos, e Das raízes às pontas, da diretora Flora Egécia, foram os contemplados pelo júri e público, respectivamente.

Comentários:

Aqui a minha revolta foi ainda maior com o júri. Catadores de História é o PIOR documentário que eu já vi – e não só no festival, tem momentos que é só proselitismo e a arte cinematográfica é deixada de lado. Só vi 3 dos 6 concorrentes, mas dentre eles o Cora Coralina foi digno de uma nota máxima, então tendo a concordar com o público. Já nos curtas, não vi Das Raízes às Pontas, mas Rosinha é um deleite e nessa concordo com o júri.

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Fiz a cobertura junto com o pessoal do Razão de Aspecto que compartilharam a estrutura deles comigo e sou grato pela parceria. Agradeço à equipe: Aniello Júnior, Daniel Guilarducci e Maurício Costa.

O Maurício, a convite do Cinem(ação), também comentou a noite de prêmios:

A premiação da Mostra Competitiva indicou o divórcio entre público, critica e júri. Os prêmios especiais, especialmente o prêmio da critica, para Rifle, e o prêmio Marco Antônio Guimarães, conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira, para Martírio, foram justos. Rifle é um filme que incomoda, mas que tem um linguagem narrativa original. Não se trata de um filme para ser campeão de bilheteria, mas de um filme que tem relevância cinematográfica e que inova na linguagem. Martírio, por sua vez, teve um grande trabalho no uso de imagens de arquivo sobre a questão indígena. Prêmio indiscutível.

A premiação do júri, por sua vez, destoou das expectativas da critica. A cidade onde envelheço, embora seja um bom filme, sequer é uma narrativa sobre o Brasil, não inova em nada a linguagem e pouco acrescenta ao cinema brasileiro. Mais destoante ainda foram as premiações de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante. Não existe nível de comparação possível com as atuações de Magali Biff e Cida Moreira em Deserto, seja pela originalidade, seja pela grau de dificuldade. O prêmio de melhor direção e de melhor fotografia também destoam, considerando o quanto Deserto é claramente superior na técnica a todos os outros filmes.

Por fim, os quatro prêmios para O Último Trago são inexplicáveis, tamanha a disparidade entre público, crítica e juri. O filme traz uma narrativa sem nenhuma coerência, com uma montagem confusa e um roteiro para lá de fraco. Não há como concordar com essas escolhas.

O melhor filme do festival recebeu apenas o premio de direção de arte. O resultado não muda a qualidade das performances consagradoras da equipe de deserto. O filme continua como campeão moral do 49º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro.

 


Para a lista completa de vencedores clique aqui.

E para ver a cobertura dos outros dias do festival:
2º Dia com: Ótimo Amarelo, Quando os dias são eternos e rifle

3º Dia com: Martírio

4º Dia com: O Último Trago e A Cidade Onde Envelheço

5º e 6º Dias com o comentário de 13 filmes.

 7º dia com: Deserto

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