Crítica: Herança de Sangue (Blood Father, 2016) - Cinem(ação)
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Crítica: Herança de Sangue (Blood Father, 2016)

Herança de Sangue segue a fórmula dos filmes de brucutu, mas com boa dose de melodrama.

Ficha técnica:
Direção: Jean-François Richet
Roteiro: Peter Craig, Andrea Berloff
Elenco: Mel Gibson, Erin Moriarty, William H. Macy, Michael Parks,  Diego Luna
Nacionalidade e lançamento: França, 2016 (08 de setembro de 2016 no Brasil)

Sinopse: após a filha Lydia se envolver com bandidos, John Link (Mel Gibson) – que está em liberdade condicional – tem que sair em uma jornada com ela para garantir a sobrevivência e liberdade de ambos.

Herança-de-Sangue

Há muito eu não via um filme com essa pegada. Herança de Sangue poderia ter sido feito nos anos 80/início dos 90. A história, o clima e, é claro, o ainda parrudo, Mel Gibson me fizeram ter essa nostalgia. Mais do que remeter àquele sentimento, a obra dirigida pelo Jean-François Richet entrega surpreendentemente um ótimo longa. O Caue Petito também escreveu sobre, mas ele não gostou tanto quanto eu. Vale ler o texto dele também clicando aqui.

Herança de Sangue tem um começo intenso com uma cena de grande estresse e um certo drama. Tal elemento não é só visto neste início, mas se sustenta durante toda a obra. O ritmo, portanto, permite que sejamos convencidos que a dupla principal está vivendo uma situação urgente. Isso também é possível de ser notado, pois o longa só dedica uma cena para o background dos protagonistas, mostrando o suficiente para entendermos aqueles contextos. Outro fator é a paleta amarelada que dá uma sensação de calor e esquenta a jornada.

Herança-de-Sangue

Lydia saiu de casa muito jovem. Ainda menor de idade, envolveu-se com um criminoso e, apesar de mostrar uma falta de direção na vida, demonstra ter alguma consciência do mundo – algo provado em diálogos ácidos e atitudes que mesclam uma fraqueza típica da idade, mas ao mesmo tempo uma maturidade muito além. Mesmo com poucas características descritas vemos uma personagem complexa.

O pai dela, John Link, ficou preso algum tempo e agora cumpre liberdade condicional, não podendo sair da linha. Ele, obviamente, lamenta o desaparecimento da filha e a solidão é percebida pela região desértica onde mora (mesmo com alguma vizinhança) e no caos do trailer que vive. Apesar de tudo tenta seguir em frente, contudo fica clara as cicatrizes presentes ocasionada pela ausência de Lydia.

Herança-de-Sangue

Quando ambos se encontram, algo que ocorre logo no começo, Herança de Sangue fica ainda melhor. Há um elo a ser reconstruído. Um pai dedicado tentando não afastar novamente a filha rebelde. Uma rispidez também coaduna com a aridez local, logo desvirtuada, dada a já citada urgência em algo mais importante: sobreviver. Uma crescente é percebida no diálogo entre eles, tal qual a relação em si. Uma passagem, mais para o final do filme lembrou o já antológico discurso do Rocky com o filho no longa de 2006.

A dupla de atores combina muito bem. Mesmo de gerações opostas vemos uma dobradinha desafiadora e complementar. Com outro propósito, comparo-a com a dupla Holly (Angourie Rice) e Holland (Ryan Gosling) em Dois Caras Legais e em momentos menos frequentes com Katie (Amanda Seyfried e Kylie Rogers) e Jake (Russell Crowe) em Pais e Filhas. Mel Gibson se porta como Mel Gibson. E não há definição melhor do que dizer que ele teve um coração valente aqui e que estava bem Mad Max – há até um curioso e metalinguístico (?) diálogo sobre sucessos passados.

Com bons resquícios de uma jornada do (anti) herói, Herança de Sangue pode soar familiar demais. Contudo, um gênero tão saturado outrora não peca por existir neste momento, pelo contrário vem em um momento que havia uma lacuna nesse tipo de filme. Além disso, a ausência de novidade é contrabalanceada por uma diversão sincera e uma intensidade contínua.

https://www.youtube.com/watch?v=FROZFnLE5IU%20

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