"Coherence" - (2014) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Coherence” – (2014)

Coherence é escrito e dirigido por James Ward Byrkit.

Nada muito fora do comum quando o início da película corrobora com uma história que narra, primeiramente, um encontro o qual parte de um belo jantar entre velhos amigos que há um tempo não se viam. O cerne da situação é reaver um o outro, ter contato com quem estava por algum motivo não presente ativamente na vida do outro, conversar sobre diversos tópicos como encontros, vida, profissão, paixões antigas, amor, isto é, nada muito estranho ou distinto e até muito normal, a princípio.

O menos pode ser mais, principalmente num filme que pode ser considerado como Sci-Fi. Há algum problema com a comunicação naquele local e em todos os sentidos. Uma tela de celular se quebra, como se tivesse caído de uma altura significativa até o chão ou mesmo, sendo jogado contra a parede, e mais de uma vez: um padrão? Talvez, mas é a partir desses fatos que o enredo começa a nos deixar mais intrigados com o que está acontecendo, mesmo porque tudo acontece ao redor de um simples jantar e nada mais. A falta de energia soa como um estalo de intriga reflexiva a respeito dos casuais acontecimentos recentes.

O escuro e o nervosismo diante do medo após um susto começam a gerar um certo pânico entre os que ali ficaram ao redor da mesa de jantar. O irmão de um deles pediu para que ele o contactasse caso algo anormal acontecesse durante a passagem de um cometa, o qual estaria previsto à revelar-se no céu naquela noite. Uma caixa de fotos? “É claro que tudo isso então foi planejado por alguém!”- poderíamos pensar; acredito que até seja o pensamento mais plausível para o ocorrido, porém, outros caprichos do destino assombram cada vez mais tal noite, que momentos antes estava preenchida de risos e felicidade e agora está repleta de terror e desconhecimento dos acasos do tempo.

O passado e o presente passam a ter o mesmo tempo e duração, não há diferença e realidade verdadeiras; o que existe naquele instante é escuro e vazio. O encontro consigo diante de si mesmo, à sua frente, em carne e osso, é algo de perplexo e sem sentido, mas a dúvida acerca do fato de que é possível alguém se ver – numa dada situação similiar e estar a beira de uma loucura mental não cabe, não se suporta, visto que mais de três deles se viram. Chega um ponto em que não sabemos mais qual realidade é a que estávamos presenciando, há uma mistura, os acontecimentos tornam-se gradualmente duvidosos e sem sentido, não há mais a certeza de que o tempo real existe ou se o passado é o presente ou se o futuro já passou, e o inimigo, pode ser você mesmo.

Acredito que muitas pessoas se perguntam ou tem questionamentos a respeito do tempo ou de viajar por ele. Imaginar como seria se ver, se presenciar, ou se factível, conversar consigo, bater um papo com seu próprio eu, que na verdade, é um outro, como seria isso? Vasculhar uma ideia de paranóia e acreditar nisso, ir a fundo no sentido de ter um encontro com elementos possíveis e não verossímeis, porém com verdade, faz de Coherence um retrato elementar mas não tão simples exemplo de que é praticável e funcional uma ideia quando trabalhada com dedicação e vontade, mesmo com pouco investimento e só um cenário.

 Nota: 5

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