"Frank" - 2014 - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Frank” – 2014

Quando nascemos para o mundo, será que alguma entidade ou algo externo ao nosso pequeno ser e estar  nos disse ou nos invocou a sermos algo? “Como assim sermos algo?” – você quem lê poderia questionar. Digo o algo como uma vocação, um talento, uma vontade: porque não? Será que somos destinados a nos tornarmos esse algo quando nascemos ou podemos aprender a nos tornar e dar flores à essa flor ou dar frutos à essa semente que nasce para frutificar. Sinto-me numa situação delicada nesse momento. Floreando com as palavras me deixo estar num invólucro sem saída para resoluções para os meus problemas diante do que escrevo, contudo, o como lidar com isso, seria o potencial, talvez, para descobrir as respostas ou pelo menos chegar mais perto, se aproximar, do útero de tais dilemas.

Penso que estamos vivendo a cada dia que acordamos essa visão de imagens e luzes que nos fazem pensar, ativar nossas sinapses ao abrirmos e piscarmos nossos olhos, e simplesmente, assim, um momento se passou, isto é, estamos dialogando com o nosso ser e com nossas vontades e desejos. Por isso que a decisão de afirmarmos para nós mesmos o quê nós queremos ser pelo resto de nossas vidas é claramente uma dificuldade, ainda mais com uma pressão social tremenda em nossas costas. O que seria dizer: “Viver um sonho”? Primeiro o que seria um sonho, ele é real, é algo que não existe, ou somente uma imaginação ou vestígio de um desejo? Na verdade não interessa muito saber o que significa ou o que ele representa, mas viver e estar presente nele ou por um segundo sentir as sensações que aquilo pode representar, já vale como tê-lo percebido.

Tem sonhos que nos fazem pensar mais, nos fazem aprender com algumas coisas de nossas vidas, como também, nos desviar do que nós achamos comum. Como preencher um sorriso por completo, ou seja, que não baste um movimento facial da boca e uma fechada de olhos de forma carinhosa? Certos momentos podemos rir por dentro e não demonstrar por fora, ou chorar por dentro e fingir que está tudo bem ou o contrário. Não há como descrever realmente como o outro se sente, é uma incógnita, e por isso, Frank, me despertou um interesse tremendo. A seguir, citarei um diálogo do filme. “J”, como John e “F”, como Frank.

J – Posso perguntar uma coisa?

F – Claro.

J – Porque usa isso?

F – Acha que é estranho?

J – Um pouco.

F – Rostos normais também são. Do jeito que são macios, macios, macios…e então..as irregularidades, os buracos, e o que são os olhos? É como se fosse um filme de ficção. Nem me fale dos lábios, como se fossem as bordas de um ferimento.

J – É verdade, mas a sua cabeça ainda é intimidante.

F – Bem, debaixo de tudo isso estou te dando um sorriso. Ajudaria se eu falasse em voz alta minhas expressões faciais?

Encontrei nesse diálogo muitas coisas bonitas, marcantes, sinceras. Não sei se estão ali realmente ou eu mesmo que as percebi, já que cada um acolhe o que lhe é dado ou que lhe apetece, porém, acredito que o que Frank diz, é que nos preocupamos tanto com coisas superficiais que acabamos notando características e as assemelhando com qualidades através de superfícies as quais se distanciam realmente do que elas demonstram ou se apresentam para os outros que as vêem. Nos atentar mais para as simples sutilezas que nos rodeiam todos os dias, todos aqueles momentos que achamos que são cotidianos e rotineiros e que não tem importância, como dar um bom dia ou dar um sorriso para alguém; isso pode mudar o resto do dia desse alguém que recebeu essa sinceridade, basta se doar um pouco e manter-se inteiro diante do que deseja e sonha para o resto da vida, já que ela passa como num piscar de olhos.

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