Crítica: Acima das Nuvens
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Crítica: Acima das Nuvens

“Acima das Nuvens” (Clouds of Sils Maria, 2014) não deixa claro, a princípio, sobre o que se trata. No desenrolar do filme, entendemos sua lógica. Maria Enders (Juliette Binoche) é uma atriz que ficou famosa pelo papel de Sigrid, uma jovem que seduz sua chefe Helena, levando-a ao suicídio. Quem a lançou na trilha da fama foi Wilhelm Melchior, um diretor de cinema. Quando a morte do dramaturgo é anunciada, Enders é convidada a interpretar Helena em uma nova versão da peça, e sua ficha cai instantaneamente: ela já não é uma jovem sedutora, mas sim, uma atriz de meia-idade ofuscada pelos novos talentos.

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Kristen Stewart interpreta a assistente jovem de Enders, Valentine, que deve segurar as pontas quando sua chefe entra em um de seus surtos psicológicos. Quando Enders descobre que uma jovem atriz rebelde (Chloë Grace Moretz) envolvida em diversos escândalos na mídia irá interpretar seu antigo papel de Sigrid, o mundo parece desabar. Mas Valentine consegue apoiá-la, mesmo sendo fã da futura Sigrid. Assim, atriz e assistente vão juntas a Sils Maria (uma região dos Alpes) para ensaiar a peça.

O ponto alto do filme é a constante perturbação sofrida por Enders. Seu ego, sua confiança e sua auto-estima foram todos destruídos pela permanente luta interna a qual passa a personagem. A crise da meia-idade e a interna depressão evoluem de maneira desastrosa na atriz cujo auge da fama já passou há muito tempo, e tudo isso acaba por influenciar na imagem que ela vê de si mesma. Stewart está admirável interpretando uma Valentine forte e sonhadora, que se sente presa ao trabalho, e espera uma trégua para se libertar. E a relação entre Enders e Valentine? É algo a se pensar. Seriam elas Helena e Sigrid?

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A interação entre Binoche e Stewart é incrível. Muitos não gostam da atuação de Stewart, mas não há o que reclamar nesse filme. Embora a estrela do longa seja Binoche, Stewart fez um ótimo trabalho. O diretor francês Olivier Assayas levou diversos elogios da crítica. Pegou um tema simples e o introduziu na complexidade da mente humana. Foi considerado um dos favoritos ao Oscar 2015, mas acabou não sendo indicado em nenhuma categoria.

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Embora seja um bom filme, senti umas furadas no enredo de vez em quando. Ocasionalmente temos momentos de monotonia, deixando um ar um tanto pesado. Mas as paisagens conseguem compensar essas imperfeições. Que incrível! “Acima das Nuvens” foi filmado na Suiça, Itália e Alemanha. As paisagens são muito bem aproveitadas no desenrolar da história, e entram como adicionais nos diálogos dos personagens. Realmente fantástico.

Assayas dirigiu um drama delicado. Como a passagem do tempo pode influenciar a nossa mente? Enfrentar o inevitável sem se deixar afetar pelo óbvio. Maria Enders nos mostra que não é uma tarefa fácil.

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