Crítica: Carrie, a Estranha
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Crítica: Carrie, a Estranha

carrieaestranha_poster_brasilNão se fazem mais filmes de terror como antigamente. Isso é fato. Basta passar os olhos por algumas obras clássicas como “Carrie, a Estranha” de 1976 e “O Iluminado” de 1980, ambos adaptações de livros de Stephen King, bem como “O Exorcista” de 1973 e “Halloween” de 1978. Não se cria medo nas pessoas hoje em dia. Sinal de tempos menos inocentes ou pouca inventividade dos cineastas? Difícil saber. No entanto, a refilmagem (ou readaptação) de “Carrie, a Estranha” faz bem em pender mais para o drama, deixando o “terror” para funcionar apenas no terceiro ato, quando o espectador aguarda uma revanche da protagonista.

Na trama, Carrie (Chloë Grace Moretz) é uma menina tímida que sofre bullying na escola, tendo um comportamento diferente especialmente por ter sido criada por uma mãe excêntrica (Julianne Moore). Ao mesmo tempo em que menstrua pela primeira vez, a jovem descobre ter poderes de telecinese e passa a ser perseguida por Chris (Portia Doubleday), a garota rica e mimada que a odeia. Na versão moderna, Carrie tem um vídeo de bullying divulgado no Youtube, algo impensável quando se fez o primeiro filme.

Este “Carrie, a Estranha” pouco amedronta, apesar de ser bem-sucedido na proposta de causar incômodo no espectador, que sofre com a protagonista e entende suas atitudes. Até mesmo quando Carrie faz mal a sua mãe, sabemos que ela apenas luta para “ser normal”, tal qual todas as meninas de sua idade.

Fica difícil não comparar este filme com o primeiro, que se tornou um clássico do terror. O filme dirigido por Brian de Palma era mais amedrontador e focava mais no “rito de passagem”, ou seja, na transformação da menina em mulher. O segundo, com cenas de escola que remetem aos filmes adolescentes, tem uma “Carrie” muito mais forte e com iniciativa.

carrieaestranha_02Talvez sejam estes os “sinais dos tempos” que fazem deste “Carrie” um filme mais moderno. Afinal, hoje em dia todas as meninas já sabem o que é menstruação aos cinco anos de idade, tornam-se “adultas” antes do baile de formatura e são mais resistentes e menos frágeis que a Carrie de Sissy Spacek. Além disso, o grande tema do momento é muito mais o bullying que a transformação do corpo feminino ou os questionamentos bíblicos. Nos dias atuais, as relações e os sentimentos vêm se tornando mais superficiais e descartáveis: e se levarmos estas características em consideração, “Carrie, a Estranha” é um filme com a cara do nosso século.

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