Crítica: A Hora Mais Escura

A Hora Mais Escura é o novo filme da diretora Kathryn Bigelow, e isso já diz muito sobre o filme. Para quem esteve preso em uma das prisões secretas americanas nos últimos anos eu explico quem é a diretora. Americana e ex-esposa do diretor James Cameron,  Bigelow ficou mundialmente conhecida e reconhecida com o filme Guerra ao Terror, que retratava um esquadrão norte-americano especializado em desarmar explosivos. Com o filme a diretora faturou 6 estatuetas do Oscar incluindo melhor filme e melhor diretor, no caso diretora, a pioneira em receber o prêmio. Para muitos o filme Guerra ao Terror é excelente, para mim foi sofrível aguentar assistir até o final, não gosto de ver os americanos como santos e mártires, sabendo que existe no mundo muito mais pessoas sofrendo por problemas realmente sérios como doenças e fome. Então fui ao cinema sem grandes esperanças para assistir A Hora Mais Escura, não havia visto sequer o trailer do filme, e qual minha surpresa, saí muito animado do cinema.

A Hora Mais Escura, em seu nome original Zero Dark Thirty (codificação para o horário 12:30 ou meia noite e meia), é o horário onde houve a invasão do esconderijo do terrorista e líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, e tema principal do filme, relatando os dez anos de pesquisas incessantes para descobrir sua localização.

O filme é muito bem dirigido por Bigelow, deixando sempre um clima de tensão e imprevisibilidade, porém um dos grandes vilões do filme é sua extensão, um pouco mais que duas horas e meia acaba sendo muito cansativo, principalmente na primeira metade do filme em que parecemos andar em círculos sem grandes elucidações sobre o enredo, não sabendo realmente onde o filme quer chegar. Porém aguente firme pois a segunda metade do filme valerá a pena o preço da entrada.

Jessica Chastain – Atuação digna de Oscar

Um dos maiores trunfos do filme é a atuação da atriz Jessica Chastain, a bela ruiva que interpreta a personagem principal do filme, a agente da CIA, Maya, numa atuação que para mim entre as indicadas é uma concorrente muito forte à levar o Oscar de melhor atriz. Temos também outras boas atuações, com destaque para o ator Jason Clarke, que interpreta o agenda da CIA Dan, e que acaba se tornando o maior aliado de Maya, com uma interpretação que beira o sádico psicopata: sua especialidade é a tortura dos prisioneiros para obter informações e é descrito como um verdadeiro animal por um dos prisioneiros.

O filme tem algumas cenas de ação muito bem feitas, com grandes explosões e que chega ao seu auge no último arco do filme na extremamente empolgante e tensa invasão da fortaleza de Osama Bin Laden ou O.B.L. segundo os soldados. Essa também é um dos pontos positivos do filme. Eu realmente não sabia até que ponto o filme iria, pois como disse é um filme longo, mas é extremamente confortante saber que o filme mostra toda uma investigação na melhor forma dos seriados investigativos como CSI, Law & Order e outros e sim, conclui de uma forma impressionante e mostra toda a invasão e caçada a uma das pessoas mais perigosas de nossa época.

O filme possui uma cadeia de diálogos muito bem estruturados e interessantes, bem condizentes com o tipo de filme e que por alguns momentos pode até mesmo nos fazer imaginar estarmos assistindo a um verdadeiro documentário.

Outra característica interessante, e que me lembrou os filmes de Tarantino é a divisão do filme em capítulos, sempre mostrando um título que resumia perfeitamente o que iríamos ver a seguir.

A Hora Mais Escura é um filme que vale a pena ser visto, mas se me perguntarem se merece o Oscar eu já não posso dizer isso, pois a caçada ao Bin Laden tem que ganhar do tigre Richard Parker de As Aventuras de Pi, ou a cantoria de Os Miseráveis ou até mesmo o grandioso plano de Argo, este último também um filme de que eu me lembrei diversas vezes durante a projeção de A Hora Mais Escura.

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