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Cinema Mundial

Os não-indicáveis

Quer dizer que “Os Intocáveis” não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012? Humph.

Mas faço cá uma ideia do que possa ter se passado em terras hollywoodianas. Aparentemente, o filme francês “Os Intocáveis”, dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano, tem um roteiro típico dos consagrados pela escola clássica americana. A jornada dos personagens que vivem em universos opostos e que, ao se encontrarem e serem obrigados a convier, se modificam gradativamente. Ao final, ninguém é mais o mesmo, ambos crescem e se tornam pessoas melhores. Sempre funciona. E a gente adora.

Acontece que, se feito por americanos, a tendência é que esse roteiro tivesse sido  “estressado” e levaria ao melodrama ruim (nem todo melodrama o é). As piadas duras e cruas seriam extintas. Ao fim, o empregado teria se redimido totalmente, tornando-se um cara 100% correto e o empregador, um santo. E tal qual a vida real, não é assim que acontece no filme europeu. O politicamente incorreto está lá, o tempo todo, de forma honesta e verdadeira. Rimos amarelo, de nós mesmos, quando nos identificamos com um personagem que não esconde estar numa situação desconfortável – nós também estaríamos. Os americanos teriam muita dificuldade em financiar um projeto desses.

Amo o cinema clássico americano, mesmo os mais moralistas como “Forrest Gump”. Mas tendo a vê-los como o são, uma história fantasiosa, recorte de mundo ideal. E nisso eles são imbatíveis. Constroem trajetórias apaixonantes, de forma que é impossível não derramar uma lágrima no “the end”.  Além do mais, são obras fundamentais para aqueles momentos em que a gente deseja é exatamente isso: fugir da nossa dura e amarga condição. Mas o fato é que a vida real também é fantástica. E “Os Intocáveis” é prova disso.

Ignorar um dos maiores filmes do ano e não indicá-lo ao Oscar foi puro despeito. Só pode.

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P.S.: Este é meu primeiro post no Cinema(ação), espero que gostem. Quero primeiramente agradecer o convite – e a confiança – do Rafael Arinelli e, desde já, o tempo e a disposição de cada leitor. Para o alto e avante!

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