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Crítica: Ted

Quem conhece um mínimo das produções televisivas de Seth MacFarlane podia imaginar que o filme “Ted” seria uma comédia muito desbocada e ácida. Isso é verdade, mas “Ted” é, além de tudo, uma narrativa coesa com toques de drama orgânicos às piadas.

Como se não bastasse, o filme ainda faz com que um ursinho de pelúcia falante seja completamente verossímil em seu universo e ainda se utiliza de uma crítica à sociedade para isso: um ursinho que fala se tornaria famoso no mundo todo mas, mesmo assim, após um tempo as pessoas passam a não dar a mínima para ele: isso é uma grande verdade.

No filme, John é um menino que faz um pedido e consegue fazer com que seu ursinho de pelúcia comece a falar. O menino cresce e se torna um adulto (Mark Wahlberg) sem muito rumo na vida que adora fumar maconha e assistir a filmes nerds com seu melhor amigo, que se tornou um ursinho com voz grossa e vocabulário bastante diversificado. A bela namorada de John, Lori (Mila Kunis), dá um ultimato para que ele abandone sua vida desregrada ao lado de Ted e assuma um compromisso mais adulto.

Além de ser uma jornada ao amadurecimento, “Ted” tem personagens totalmente coesos com seus objetivos: John é apaixonado pela namorada e deixa bastante claro que suas “mancadas” são feitas na real inocência de alguém que não amadureceu, como acreditar que em apenas 10 minutos vai entrar em uma festa e sair dela, para apenas para conhecer o ator que viveu seu personagem preferido. Lori é uma mulher apaixonada, que obviamente se diverte com as piadas do namorado, mas é madura o suficiente para saber a hora de trabalhar sério. Ted é (oras!) um ursinho de pelúcia que fala e, portanto, não tem nenhum objetivo na vida, mas gosta de seu amigo e tenta, ao seu modo, fazê-lo feliz e respeitar o relacionamento dele com sua namorada.

O filme ainda consegue reunir uma quantidade imensa de piadas com referências ao mundo nerd, como as que falam de Flash Gordon, colocam Ryan Reynolds em uma aparição inesperada, ou citam o filósofo Horkheimer (a piada mais engraçada, na minha opinião). E até mesmo as piadas aparentemente preconceituosas e escatológicas soam engraçadas por estarem dentro de um contexto: o pum soltado em um restaurante durante uma conversa, ou até mesmo uma piada sobre mexicanos feita após o consumo de cocaína.

Por ser uma piada em todo seu contexto, o filme não é politicamente incorreto em nenhum momento, e ainda se dá ao luxo de uma sutileza: tanto John quanto Lori recebem importantes conselhos, que carregam a história, de colegas de trabalho loiras e muito bonitas – um grupo que não costuma ser considerado bom de conselhos, muito menos por Hollywood.

Com um final tão despretensioso quanto sua premissa, “Ted” é uma comédia repleta de bons momentos que, embora seja um pouco exagerada ao criar “vilões” desnecessários, mantém o mesmo nível que MacFarlane dá a suas séries animadas.

Nota: 04 claquetes

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