Barbie e as coisas de menininhas
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Barbie e as coisas de menininhas

O trailer e os pôsteres do live action da Barbie foram lançados. O filme é dirigido pela Greta Gerwig e roteirizado por ela e pelo seu marido Noah Baumbach. Nas imagens vemos muito rosa, muitas mulheres em cena e um Ken que está ao lado da Barbie, sem de fato ser o centro. O foco não é ele, mas sim ela. E como era de se esperar já começaram a falar.

Muitas pessoas criticando que o filme é uma infantilidade, feito para uma geração que não sabe ser adulta e que precisa viver em função de uma nostalgia. Tá, mas… anos e anos de live actions de heróis e só agora que isso incomoda? Filme de boneco pode, mas de boneca é infantilidade? Isso porque Barbie nem foi lançado ainda. 

Sempre que algo é considerado feminino chegam as críticas. O termo “coisa de menininha” ainda hoje é usado como pejorativo e tudo o que é diretamente associado a mulheres é colocado como inferior. 

Enquanto isso o que se associa a masculinidade é validado pela mídia e pela sociedade, visto como algo a ser perseguido. Mesmo que diversas questões de masculinidade sejam a base de muitos dos problemas de violência que existem no mundo. E isso em uma sociedade que a cada dia questiona mais e mais a ideia dessas lógicas binárias. 

Filmes com protagonismo feminino têm sofrido críticas antes do lançamento porque alguns grupos não aceitam que o foco não seja neles. Não se dão ao trabalho de tentar encontrar prazer no diferente. E precisam xingar, brigar, desmoralizar para tentar fazer com que nada mude.

A questão é que mulheres são uma grande parcela do público de cinema. E querem ver filmes de todos os tipos. Querem ver filmes de heróis, dramas com mulheres de meia-idade, comédias pastelão e filmes como o da Barbie. E algumas não querem assistir nada disso e está tudo bem também. Porque o problema está em achar que todas as mulheres são iguais e que tudo o que remete a elas é simplório, bobo e não merece espaço. 

Só que independente das críticas e tentativa de desmoralização, filmes com protagonismo feminino, seja com estética camp, lógica colorida, figurino fofo ou com cenários e figurinos mais frios e poucas falas vão continuar sendo produzidos e tendo espaço na mídia. Seja com marketing grandioso feito Barbie ou uma lógica mais modesta como Entre Mulheres da Sarah Polley. 

E tudo isso porque já passou da hora de acabar com a lógica de que para ser bom cinema precisa ser algo diretamente ligado ao imaginário que a sociedade tem do que é masculinidade. Mulheres têm voz, tem gosto próprio e querem suas histórias nas telas do cinema. Quem não gostar, bom… paciência!

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