Para além da conscientização, o cinema pode ser sustentável?
O cinema é peça-chave em várias ações que podem impactar diretamente a vida humana e deve repensar a sua própria forma de produção cinematográfica
Os olhos do mundo estão voltados para a crise climática que assola o planeta e os países estão buscando alternativas para reduzir os impactos negativos no meio ambiente em decorrência da ação humana. O objetivo é estabelecer uma consciência mundial sobre a importância de cuidar do meio ambiente e comprometer-se com formas de preservar a natureza nas mais diversas áreas de impacto ambiental, como nas indústrias automobilísticas, na alimentação, na moda e, inclusive, no cinema.
A produção audiovisual possui papel central no estímulo e modificação de comportamentos na sociedade. O cinema é peça-chave em várias ações que podem impactar diretamente a vida humana, seja com um papel mais educador sobre a consciência ambiental, seja ao repensar a sua própria forma de produção.
As fases do cinema ambiental
Não é de hoje que o audiovisual retrata a natureza como um de seus focos centrais em diversas produções cinematográficas. Até 1930, muitas produções brasileiras abordavam as florestas e as belezas naturais do país, mostrando áreas quase inexploradas. O objetivo era popularizar essas regiões, seja para moradia ou turismo. O desconhecido era atraente e o cinema tratava isso com muito afinco. Em um segundo momento, até a década de 1950, mais ou menos, o cinema demonstrava o progresso urbano e industrial das maiores cidades do Brasil, assim atraindo mais moradores e incentivando a urbanização das cidades, novas tendências de moda e consumo.
A partir de 1960, o cinema ambiental começa a tomar um tom mais crítico, com caráter de denúncia e conscientização da população sobre a destruição das florestas e a poluição das cidades, devido ao grande aumento de pessoas nas cidades. Também foi quando começaram as críticas sobre a ganância do homem em relação a terras e fábricas que exploravam outros homens e mulheres, o desmatamento, a poluição de rios e a caça ilegal de animais. Ainda hoje é possível ver produções cinematográficas com esse tom mais duro e muitas distopias produzidas para a sétima arte abordam a temática da destruição planetária por conta do descaso humano com a natureza.
Todavia, atualmente, as críticas devem extrapolar as telas dos cinemas e fazer a diferença real em sua forma de produzir e ser coerentes com o que criticam, sendo mais sustentável.
O cinema pode e deve ser sustentável
A produção audiovisual contribui, mundialmente, para o aquecimento global e a poluição do planeta. Nas últimas décadas, muitos produtores e diretores estão, cada vez mais, preocupados em reduzir a poluição gerada na produção de filmes ou documentários. Desde 2009, algumas produtoras hollywoodianas, preocupadas com o grande número de lixo produzido durante as filmagens passaram a pensar em produções com responsabilidade socioambiental, com o incentivo de redução de uso de papel, cenários reaproveitáveis e compensações ambientais.
As compensações ambientais podem ser feitas de diversas formas, como estimular o plantio de árvores, pensar em utilizar biocombustíveis, carros elétricos e formas de energias renováveis. Não apenas em Hollywood, mas as produtoras brasileiras já estão engajadas em modificar sua forma de produção, com espaços que priorizem a luz natural, utilização de materiais recicláveis e investimento em painéis solares como alternativa para o consumo energético dos equipamentos de filmagens.