Crítica: Dente de Leite – 43ª Mostra de São Paulo
Dente de Leite tem elementos que já viemos em outros lugares, mas funciona e emociona.
Ficha técnica:
Direção: Shannon Murphy
Roteiro: Rita Kalnejais
Nacionalidade e Lançamento: Austrália,
4 de setembro de 2019 (Festival de Veneza)
Sinopse: Milla, uma adolescente
muito doente, apaixona-se por Moses, um pequeno traficante de drogas. A jovem
começa a ter uma nova vontade de viver, mas, aos poucos, vai deixando de lado
os valores tradicionais e a moralidade.
Elenco: Eliza Scanlen, Toby Wallace, Emily Barclay, Eugene Gilfedder.
Você certamente já viu algum filme com uma menina com câncer vivendo seus últimos dias de vida. Você certamente já viu uma história de adolescentes cuja paixão transforma ambos os amantes. Você certamente já viu uma ‘dramédia’ com uma família cheia de defeitos mas que transforma tudo pelo amor. Mas qual o problema de ver tudo isso “de novo” com um charme australiano, ótimos atores, trilha sonora edificante e aquele chamado para lágrimas no final?
Em “Dente de Leite” acompanhamos a vida de Milla, jovem que luta contra um câncer e se apaixona por Moses, um rapaz mais velho e que se encontra “perdido na vida”, envolvido com drogas e longe da família. Apesar disso, a paixão de ambos se transforma em algo que permite que a menina viva mais intensamente seus últimos dias.
Com uma linguagem um tanto irônica e repleta de cenas engraçadas e diálogos espirituosos, a trama tem a sorte de contar com personagens carismáticos e atores fortes. Além de Ben Mendelsohn (Jogador Nº 1) e Essie Davis (The Babadook), ambos divertidos e com drama no ponto certo, o filme nos mostra Eliza Scanlen (Objetos Cortantes) e Toby Wallace (Neighbours) vivendo seus papéis com uma intensidade palpável.
“Dente de Leite” parece andar um pouco na corda bamba de vários deslizes, mas consegue se livrar deles. Flerta com o melodrama mas não chega lá; parece desejar ser aquele filme jovem cheio de canções modernas, mas não tem tantas destas inserções (e muita são muito bem encaixadas); flerta com a comédia de costumes com personagens bobos demais, mas não dá tempo suficiente a isso.
O quesito trilha sonora é algo a se destacar. Não só as canções inseridas como toda a trilha é bastante tocante, até porque há personagens músicos no filme, o que leva a um momento especialmente bonito nos minutos finais.
“Dente de Leite” peca por mostrar algumas breves quebras da quarta parede que não levam a lugar nenhum, bem como por não explicar uma resolução importante relacionada ao irmão de Moses que não é bem explicada. Além da temática do título, que seria impossível de ser mais óbvia. No mais, é uma bela reflexão sobre aproveitar a vida e vivê-la intensamente.
Summary
Dente de Leite tem elementos que já viemos em outros lugares, mas funciona e emociona. Anda na corda bamba, mas atravessa até o fim!