The L Word e a iniciação lésbica
Quantos filmes da Disney são representados por afetividade entre mulheres? Quantas comédias românticas, séries, filmes de quais quer gênero ou novelas da sua adolescência tinham como protagonistas da história de amor duas meninas?
A resposta para essas duas perguntas é “zero”. Até meados dos anos 2000 era difícil encontrar qualquer produção com relativo alcance e sucesso que mostrasse personagens lésbicas. E por isso The L Word foi tão importante na vida de muitas meninas.
A primeira vez que eu li sobre a produção de uma série que estava classificada como “o Sex and The City lésbico” foi em uma nota de não mais que 5 linhas em uma revista, que eu lia do alto dos meus 18 anos, pós descoberta que passara todos eles dentro de um armário heternormativo.
A série da Warner foi um marco na história. Contrabandeada em DVDs piratas em qualquer bar LGBT, onde onde os discos eram disputados como se fossem essenciais à existência de qualquer mulher lésbica. E talvez fossem mesmo. Era a primeira vez que existiam mulheres que amavam mulheres em uma série de grande escala.
The L Word foi tão marcante que até hoje, quase 10 anos depois da exibição de sua última (e sofrível) temporada, ainda tem muita relevância na vida de qualquer mulher que está se descobrindo.
Por isso, o anúncio oficial da Showtime de que a série irá voltar com suas protagonistas originais mexe com o coração de qualquer mulher homossexual.
Ainda sem data de estreia, mas prevista para o final de 2019, a série foi confirmada pelo canal no último dia 31. The L Word terá Ilene Chaiken, criadora da série, como produtora executiva e Marja-Lewis Ryan como showrunner. Além disso, já estão confirmadar no elenco Jennifer Beals, Katherine Moennig e Leisha Hailey.
Mexer com Bette, Tina, Shane, Dana e Alice é mexer com personagens que durante muito tempo foram as amigas que muitas tiveram durante suas saídas dos armários e autodescobertas. Elas acompanharam cada passo, cada decepção, cada transa, cada culpa e cada alívio de mulheres que se achavam inadequadas para caber na sociedade. O primeiro sopro que muitas tiveram do que era representatividade.
A série tinha defeitos? Sem dúvida. Como muitos sitcoms da época (embora não fosse bem uma comédia), a série tinha sua problemática, mas isso não importava. O que importava ali eram mulheres que amam mulheres em foco e como The L Word foi o precursor para qualquer abertura para tramas homoafetivas de sucesso.
Após seu fim, a série ainda teve uma tentativa de spin-off que teve apenas o piloto filmado. Ainda bem, talvez se o spin-off tivesse fracassado além do piloto, não existiria nenhuma chance de retomada da série.
Para quem está ansiosa como eu talking, laughing, loving, breathing, basta maratonar as 5 primeiras temporadas enquanto espera e assistir a sexta só para não esquecer para onde a trama pode andar.