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Crítica: Sense8 - Episódio Final
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Crítica: Sense8 – Episódio Final

O episódio final de Sense8 foi claramente feito para seus fãs… e isso é seu ponto forte e seu ponto fraco!

 

Ficha técnica:
Direção: Lana Wachowski
Roteiro: Alexander Hemon, David Mitchell, Lana Wachowski
Elenco:  Doona Bae, Jamie Clayton, Tina Desai, Tuppence Middleton, Max Riemelt, Miguel Ángel Silvestre, Brian J. Smith, Toby Onwumere, Freema Agyeman, Alfonso Herrera, Daryl Hannah, Eréndira Ibarra.
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2018 (8 de junho de 2018 – lançamento mundial).

Sinopse: Após terem capturado Sussuros, os sensates precisam encontrar uma forma de recuperar Wolfgang, que foi capturado pela misteriosa OPB (ou BPO). Juntos, eles também precisam compreender mais sobre os objetivos do vilão, entender melhor o passado vivido por Jonas e Angelica, e descobrir como parar essa organização.

 

Quando a Netflix anunciou que produziria um episódio final para a série Sense8, até então cancelada, muitas pessoas vibraram. Pareceu injusto deixar os personagens sem um destino fechado. Talvez este tenha sido o motivo para que o episódio final – que é na verdade um longa-metragem de duas horas e meia – seja tão centrado em si mesmo: é praticamente uma auto-homenagem da série para aquilo que foi construído ao longo das duas intensas temporadas anteriores (ainda que este episódio final faça parte da segunda temporada, tecnicamente).

 

O objetivo de fazer algo voltado aos fãs para finalizar a trama apenas como forma de respeito ao público fiel (e não tão grande assim, segundo a própria Netflix) provavelmente contribuiu para que os roteiristas sentissem a necessidade de reforçar as características da série. Assim, além de um começo lento e até repetitivo, o episódio final traz alguns elementos que parecem ter sido feitos apenas para manter uma espécie de “tradição”, como algumas piadinhas, momentos de interação que deixam o espectador na dúvida se o sensate está presente ou apenas fazendo uma “visita”, e uma tórrida cena de sexo (e quem é que está reclamando, não é mesmo?).

Também não é preciso saber sobre os bastidores de Sense8 para entender que este episódio final é apressado e contém tramas que poderiam ser exploradas por uma ou duas temporadas inteiras. E assim como as autorreferências e a intenção de agradar os fãs, esta característica é igualmente uma vantagem e desvantagem. Ao mesmo tempo em que cospe informações na tela e segue adiante sem dar tempo para que compreendamos inteiramente, ao menos este episódio final traz uma boa dinâmica e não perde muito tempo. Podemos citar alguns exemplos: a solução do drama de Kala a respeito de seu relacionamento se dá de forma implícita no começo, evitando possíveis diálogos extensos, enquanto que todo o surgimento e explicação da organização “Lacuna” mereceria mais tempo de tela. O passado de Jonas e Angelica, no entanto, conseguiu ser mostrado de forma sucinta o suficiente – mais que isso não seria necessário.

 

Em meio a muitas piadas, a trama se alterna entre boas cenas de ação – especialidade da diretora Lana Wachowski – e algumas de celebração. São estas, como a sequência com todos os personagens em um conversível ou aparecendo repentinamente em uma mansão na França que geram sentimentos dúbios: ao mesmo tempo em que são exageradas e sem contexto, também parecem nos lembrar a todo tempo que a vida, tal qual a série, deve ser aproveitada sempre que possível. Afinal, é o tom quase novelesco de Sense8 que nos permite seguir a trama com certa displicência.

 

Por falar em displicência, é interessante notar o quanto as mensagens que o episódio final traz parecem ser mais importantes que a trama em si: “a neutralidade diante de tanta crueldade é cumplicidade”, diz uma personagem em uma das muitas mensagens explícitas. É como se a diretora e criadora estivesse nos gritando que os elementos de ficção científica pouco importam diante da necessidade de discutir a diversidade no mundo. O resto é diversão e entretenimento.

 

Os elementos “novelísticos” de Sense8 chegam ao auge nos minutos finais, quando a série exagera nos epílogos e nos discursos, sentindo a necessidade de mostrar o destino de cada personagem. Aliás, sigo com a tese de que são esses elementos típicos de novela que levaram tanto Sense8 quanto La Casa de Papel ao sucesso que tiveram em países como o Brasil (ainda que a série espanhola tenha ganhado uma audiência muito maior).

 

No fim das contas, Sense8 nos ganha com a simpatia dos atores, a temática da diversidade e os momentos excitantes (em diversos sentidos). A série chega ao fim formando fora dela o que possui como núcleo de sua trama: um grupo de pessoas conectadas pela empatia e pela intensidade. É como se cada fã fosse parte de um grande “cluster”, capaz de um dia vencer os problemas do mundo (tanto dos vilões quanto dos furos de roteiro) com muita empatia, diversidade e felicidade. E se tiver algumas orgias de vez em quando, melhor ainda!

  • Nota
4

Resumo

Também não é preciso saber sobre os bastidores de Sense8 para entender que este episódio final é apressado e contém tramas que poderiam ser exploradas por uma ou duas temporadas inteiras. No fim das contas, Sense8 nos ganha com a simpatia dos atores, a temática da diversidade e os momentos excitantes (em diversos sentidos). A série chega ao fim formando fora dela o que possui como núcleo de sua trama: um grupo de pessoas conectadas pela empatia e pela intensidade.

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