“HAPPYish” – (2015)
HAPPYish é uma série amarga, engraçada e começa com Thom Payne, personagem interpretado por Steve Coogan criticando veemente Thomas Jefferson: “Fuck you, Thomas Jefferson”. Logo em seguida, após citar algumas linhas da Declaração de Independência dos EUA sobre “vida, liberdade e à procura pela felicidade”, questiona: “What is happiness anyway? A new BMW? A thousand Facebook followers? These days, we’re all trying to figure it out.”
No desenrolar da narrativa, Coogan— conhecido comediante britânico — é um executivo de sucesso que trabalha numa agência de publicidade. Thom acha que é feliz. Ele tem todo o direito de ser, porque não? Ele tem uma esposa linda – Kathryn Hahn, um filho meigo, simpático, tem amigos inteligentes e um emprego que lhe dá uma boa estabilidade financeira. Entretanto, no auge de seus 44 anos, Thom está começando a perceber que ele não é mais aquele jovem vigoroso, cheio de força e vontade pra tudo. Agora está desconcertado com o aparato tecnológico que o envolve, principalmente com as redes sociais, está preocupado com a possibilidade de ter Alzheimer num futuro próximo e se perguntando diversas vezes se deveria ter vivido sua vida de forma diferente. Através de uma crítica bem humorada a uma série de tv diz: “Fuck ‘Mad Men’, there’s nothing cool about advertising.”
Certo dia, Thom vai ao trabalho e descobre que a agência na qual trabalha está dominada por outros donos, os quais são viciados e amantes da internet, e eles têm apenas vinte e poucos anos. Com toda essa mudança, essas questões acerca da vida, de seu emprego, de seu sucesso, da própria felicidade, Thom começa a se perguntar se deveria largar o emprego. Talvez fosse melhor começar a escrever um livro, ficar mais em casa, ter uma vida mais tranquila e longe de tudo isso que o rodeia, porém, toda essa mudança, realmente, o faria ser, em suma, um homem feliz? De acordo com seus amigos mais próximos, ele já atingiu o auge da felicidade na vida. Será?
HAPPYish é uma série diferente, atrevida. Além de ser uma comédia e trazer ao espectador humor e ironia, nos leva a explorar pra onde estamos indo como sociedade, como uma sociedade descartável. Hippyish é escrito por Shalom Auslander e originalmente estava sendo desenvolvida há alguns anos atrás com a participação do ator Philip Seymour Hoffman como personagem principal, contudo, sabe-se que tal caminho não se prolongou devido à sua morte. Com a entrada de Coogan, a ideia ganhou força e uma temporada foi produzida e seu talento, com certeza, faz da série uma ótima companhia aos interessados por histórias cínicas, inteligentes e bem humoradas. Um bom humorista fazendo drama, geralmente, traz aos amantes do cinema uma grande expectativa; é vivo, nos traz questões, nos emociona e também nos faz rir.
Auslander lidera o enredo, literalmente, de forma sensível, dá a série um particular sabor que, na verdade, está em falta na maioria dos shows de comédia. Vale a pena conferir.
Nota: 5