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Crítica: Esquadrão Suicida (2016)

Esquadrão Suicida mostra que a falta de direcionamento pode matar o universo DC no cinema.

Ficha técnica:
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer, John Ostrander
Elenco: Will Smith, Margot Robbie, Viola Davis, Jared Leto, Jay Hernandez, Joel Kinnaman
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (04 de agosto de 2016 no Brasil)

Sinopse: o governo americano cria uma força-tarefa para combater o crime. Contudo, uma peculiaridade faz esse grupo ser tão especial: ele é composto pelos mais perigosos vilões. Eles são obrigados a fazer “o bem” após terem um chip explosivo implantado neles.

Will-Smith-and-Margot-Robbie-in-Suicide-Squad

Neste tipo de filme é válido um comentário inicial de que esta crítica NÃO contém spoiler e que a análise que se segue vai se ater aos 123 minutos de filme e não levará em conta outras mídias, como as HQs.

Muitos falaram que Esquadrão Suicida iria revolucionar o universo DC no cinema, abalado pelo “fracasso” de Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Outros colocavam que Esquadrão Suicida poderia ter o mesmo efeito de  Guardiões da Galáxia ou até mesmo de um Deadpool. No entanto, a sensação que fica é que Esquadrão Suicida briga para ser um dos mais fracos filmes de “herói” de todos os tempos e entrará na lista dos piores filmes de 2016. O longa consegue errar em todas as frentes.

No começo há uma cena dos personagens Pistoleiro (Will Smith) e Arlequina (Margot Robbie). Após o título do longa aparecer em tela, segue a apresentação dos membros do que virá a se tornar o esquadrão. Contudo, os dois personagens citados são novamente postos em tela, claramente aproveitando da popularidade dos dois atores – algo que se seguirá durante todo o filme. Como se não bastasse, a aparição de cada um é feita com a utilização de um letreiro explicando as características deles. Um recurso preguiçoso que demostra a inabilidade do diretor em mostrar os caracteres daqueles personagens.

Esquadrão Suicida

A premissa (que parecia e  poderia ser interessante), de utilizar vilões como protagonistas e agentes do governo, soa
pouco verossímil na medida que a chefe da inteligência,  Amanda Waller (Viola Davis), em uma ceninha mequetrefe convence o presidente americano de que tinha tudo sobre controle – sem maiores questionamentos por parte dos superiores. Waller, aliás, demostra uma onisciência duvidosa.

A partir daí vemos o time trabalhando junto. O grande problema é que não temos vínculo com aquelas pessoas já que o filme não para, sendo apenas uma ação contínua – não permitindo criar laços com o público. E com a câmera buscando constantemente os personagens do Will Smith e da Margot Robbie. Ele um atirador perfeito e que se tornaria uma espécie de líder do bando. Ela uma mistura de “muita lindeza com muita loucura”, forçando ambas as características constantemente.

O roteiro traz uma história simplória e vazia. Alguém pode alegar que a proposta não era ter uma trama complexa, mas simplesmente um filme de ação/comédia. Tal afirmação é questionável, pois filmes de quaisquer gêneros tem de conter um roteiro minimamente decente. Mas a comédia aqui fica por conta de piadinhas mal encaixadas (pautando-se já citada loucura da Arlequina). O humor, apesar de sempre presente, fica deslocado e sem uma organicidade natural. Ri em bem menos situações que o filme propunha.

Todavia, as cenas de ação é que apresentam o pior problema aqui. Não há senso de urgência – nunca tememos pelos protagonistas. E a filmagem se baseia em momentos picotados e a câmera mais fechada. Não vemos direito o que acontece e não sabemos o posicionamento dos personagens nos ambientes – saudades de Mad Max: Estrada da Fúria onde a movimentação era clara.

Há uma cena em um bar onde é o único momento que o filme acalma. É tentado estabelecer alguma relação entre os personagem e entre eles e o público. Mesmo com problemas, tal momento vem como um oásis em meio a tanta velocidade e intensidade. O respiro se fez necessário e foi bem-vindo. Porém ao vermos a motivação dos personagens – em geral histórias de amor meio tortas – soa piegas.

Esquadrão Suicida

Os antagonistas (não dá para usar o termo vilão, já que que todos são) ficam ausentes boa parte do filme. O que de certo modo é bom dado que eles são terrivelmente genéricos e até contraditórios. Parecem superpoderosos, mas nunca utilizam na plenitude tal poder. E o embate final é digno do título de pior cena do ano. Lá para as tantas tem aquela estilização típica do Zack Snyder, aqui, mais uma vez, desnecessária.

A trilha, isoladamente, apresenta boas canções. Contudo, a proposta fica monotônica. Junto com a montagem focada em cortes rápidos e bruscos, servem para reforçar ainda mais a cansativa intensidade. Não sei se estou muito velho, mas parece que o longa foi feito para adolescentes de 15 anos.

Os atores estão no automático e não tem um momento digno de elogios. O material sem qualidade faz com que os bons nomes ali presente não desenvolvam o potencial que tem. Aqui vale o comentário sobre Jared Leto. Ele claramente tenta se espelhar no Heath Ledger, porém sequer ecoa o talento do antecessor. Para não ser injusto, vale esperar um filme com maior tempo em tela para ter um julgamento mais preciso.

Esquadrão Suicida é tempo e dinheiro jogados fora. Incrível como o competente David Ayer apresentou um trabalho com uma qualidade tão abaixo do que é caro na carreira dele. O filme não é sombrio e é menos engraçado que poderia. Sendo apenas uma ação vazia e uma obra esquecível.

  • Nota Geral
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