“Stalker” – (1979)
Stalker é escrito e dirigido por Andrei Tarkovsky.
Um música não reconhecível preenche um cenário estranho no qual dois homens dialogam em silêncio. O bizarro estado das coisas que não temos ainda noção do que sejam, sejam elas utensílios, vestimentas ou mesmo o cenário que engloba as imagens que vemos, vem acompanhado de sons estridentes junto ao aparecer de alguns personagens, cada um ao seu momento. O suspense envolve o desconhecido. Uma família desunida pela solidão perene de um pai de uma criança deformada e marido de uma mulher indefesa.
O diálogo existencialista entre um homem pessimista e cheio de tédio e uma mulher atraente e interessada, que bebem ao lado dos trilhos de trem, os quais fazem tremer a casa daquela família perdida em descaminhos de amor, chama a atenção do pai/marido que ficara cinco anos preso: o homem do diálogo, no caso, estava à sua espera. Ela pergunta: “Are you a stalker?” e ele: “Eu explico depois.”
Um escritor, um médico e um stalker. Na paisagem distópica há sujeira, melancolia e motocicletas que representam a lei. Elas rodeiam os becos, as ruas manchadas por destruição e ratificam o poder de prisão. Os três homens atravessam atrás de um trem em movimento o portão que separa a cidade devastada pelo abandono, em busca um de um lugar seguro para seus sonhos: The Zone. O caminho percorrido é repleto de símbolos que representam sensações diversas que não conseguimos decifrar. O suspense advindo da trilha futurista, acompanhada do jogo cênico da câmera que transita entre os personagens, suas aflições e o destino, o qual ainda é incerto mas que é cheio de esperança, são qualidades inerentes ao modo como Tarkovsky traça sua narrativa.
Ninguém sabe a respeito do que realmente aconteceu nesse lugar, contudo, a fantasia diz que um meteorito caiu e que pessoas sumiram do local. Na verdade, o que está ao redor dessa procura, principalmente no caso desses três homens defini, em certa medida, uma alegoria sobre a consciência humana, uma necessidade de crer em algo, de ter fé – seja ela qual for, mas que traz vida e vem do coração desses homens. A cor é um diferencial quando a direção minuciosa de Andrei traz para o filme o colorido de um lado e a sépia de outro. Neste último, o som de máquinas predomina; a tristeza e a desesperança são partes exclusivas desses que moram ali, entretanto, atado ao colorido da Zona, uma calmaria profunda mas também junto aos destroços e restos daqueles que não sobreviveram ao caos provocado pelo dito meteorito décadas atrás. Por conseguinte, em suma, após alguns minutos temos acesso a um bucólico cenário o qual, como um prólogo, nos leva mais adiante ao quarto que estavam indo à procura.
[…] weakness is a great thing and strength is nothing. When a man is just born, he is weak and flexible, when he dies, he is hard and insensitive. When a tree is growing, it’s tender and pliant, but when it’s dry and hard, it dies. Hardness and strength are death’s companions. Pliancy and weakness are expressions of the freshness of being, because what has hardened will never win.
Nota: 5