Crítica: Era do Gelo: O Big Bang (2016)
Era do Gelo: O Big Bang é divertido, bobo, referencial e nada marcante.
Ficha técnica:
Direção: Mike Thurmeier, Galen T. Chu
Roteiro: Michael Berg, Yoni Brenner, Aubrey Solomon, Michael J. Wilson, Michael J. Wilson
Dubladores: Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary, Queen Latifah, Keke Palmer, Jennifer Lopez, Simon Pegg
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (07 de julho de 2016 no Brasil).
Sinopse: os famosos bichos pré-históricos estão comemorando um casamento, cogitando ter uma família e buscando um novo amor. Mas os planos são interrompidos por uma ameça: um meteoro gigante está prestes a cair na Terra e devastar toda a vida local.
O Cauê Petito já havia feito uma crítica do filme Era do Gelo: O Big Bang. Você pode lê-la clicando aqui. Contudo, o presente texto terá uma peculiaridade: eu não vi os 4 longas anteriores da franquia. Este, portanto, foi o meu primeiro contato com os personagens que encantaram muita gente nos últimos anos. Então darei uma visão mais “crua” e ligada apenas a esta obra e aos minutos que passei na sala.
Era do Gelo: O Big Bang tem momentos bem infantis, principalmente na falta de profundidade do roteiro. Claramente é um longa para os pequenos. Mas será que funciona para um adulto e que nunca teve contato com a série? A minha resposta é sim. Mesmo não tendo um subtexto filosófico ou psicológico como Divertida Mente e Anomalisa, eu me diverti o suficiente para valer o ingresso – principalmente nas piadas referenciais.
Algumas cenas nos remetem a longas como Gravidade (2013) e Dirty Dancing (1987), ambas de curta duração e podendo passar despercebidas (como creio que outras passaram por mim). Há também uma homenagem ao Neil deGrasse Tyson, físico e apresentador da nova versão da série Cosmos – neste momento eu ri alto e sozinho na sala. Todos as três referências voltadas para o público adulto. Há também uma simulação de briga entre jogadores de hóquei, tal prática é algo comum para quem acompanha o esporte, mas pode não ser para as crianças (principalmente as brasileiras).
Contudo, apesar de engraçado, o humor se pauta mais na fisicalidade do que no texto. Coisas como tropeços, pancadas e gags visuais são recorrentes. Porém, mesmos nesses momentos há um certo entendimento de que parte dos espectadores são mais velhos. E vemos claras movimentações à la Patolino ou Coyote, como por exemplo o clássico tchauzinho no ar precedendo uma queda.
O gráfico não soa errado em momento algum (o 3D aliás está bom, não é essencial, porém tem momentos perceptíveis e valorosos). As animações, hoje em dia, tem um nível alto que já é considerado padrão (a exceção fica por conta de Norm e os Invencíveis, que praticamente duvidou da nossa inteligência nesse sentido). Mas em Era do Gelo: O Big Bang falta algo, um apuro técnico maior como o que vimos em O Bom Dinossauro e em Piper, o curta que abre para Procurando Dory. A história da peixinha azul desmemoriada, aliás, vem como uma opção bem mais interessante para adultos – talvez até mais do que para as crianças. Já aqui, apesar de uma ou outra preocupação com os pais, o foco narrativo e visual é notadamente infantil.
Logo nos primeiros instantes a narração do filme expõe: “um plano gloriosamente orquestrado ou algo muito muito mais bobo?”. A honesta proposição é respondida logo em seguida e durante todo o filme. Qualquer drama familiar é reduzido à superfície. A transformação dos personagens é mínima ou nula. A mensagem é apenas uma jornada episódica. Um problema? Provavelmente sim. Mas não podemos acusá-los de incoerência.
Como novo espectador no universo Era do Gelo, fiquei feliz com o que vi. O público alvo talvez não perceba a ausência de senso de urgência ou o quão óbvio e linear é a trama. Falta muito para ser marcante, mas passa longe de ser um horror. Fiquei curioso para ver mais aventuras com essa turma. Pode ser que a minha nota deste longa baixe depois que eu ver o restante da franquia? Talvez. Por hora, como obra única, valeu o ingresso e a uma estrela a mais que o Cauê deu na crítica dele.