A estrada vale mais que o destino
(quase) nunca me lembro do fim do filme.
Recentemente, voltei a ler com mais frequência, após uns dois anos sendo atrapalhado por excesso de trabalho e tempo perdido nas redes sociais.
Percebi, então, que não basta uma promessa de suspense ou algum fim incrível ao longo da leitura: quero uma linguagem agradável, palavras bem escritas, sentimentos interessantes – ainda que nem sempre positivos.
Descobri que o que me faz ter estas escolhas é o mesmo motivo por não lembrar do fim do filme. Eu quero aproveitar a jornada.
“Coisa de ‘Geração Y”, essa que não quer nada com nada, quer ganhar muito fazendo pouco e só curtir a vida”, diria o revoltado. Mas não é verdade. O que a Geração Y – e as que vêm depois – quer é curtir a jornada. Porque não há nada mais triste que viver na expectativa de um futuro incerto. Não há nada mais enfadonho que fazer algo apenas pelo resultado: se o processo não me instiga, não me desafia, ou não me dá prazer, creio que não vale a pena.
Seria como trabalhar em uma cansativa e enfadonha repartição burocrática apenas para aproveitar a aposentadoria nas Bahamas, aos 68 anos, também conhecidos como 45 minutos do segundo tempo.
Seria como esperar o momento certo para tomar uma decisão importante, esperar ter dinheiro para viajar, aguardar algum momento “mágico” para tomar uma iniciativa rumo aos sonhos.
Acredite: o fim do filme nem sempre é importante. As últimas páginas do livro não valem tanto quanto os capítulos do meio. O que vale é a jornada.
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