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Crítica: As Duas Faces de um Crime

Ficha Técnica

Direção: Gregory Hoblit

Roteiro: Steve Shagan e Ann Biderman

Elenco: Richard Gere, Laura Linney, Edward Norton, Andre Braugher

Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 1996

Sinopse: Depois da morte de um arcebispo, um jovem inexpressivo é acusado como sendo o maior suspeito do crime. Porém, não há um motivo para o ato fatal. Desse modo, um renomado advogado decide pegar o caso e descobrir o que houve de verdade.

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Estou em uma fase de assistir filmes policiais, cheios de mistério. Apesar de ser um tanto antigo, “As Duas Faces de um Crime” (Primal Fear) estava na minha lista do Netflix há algum tempo, e decidi desenterrá-lo. Não tive arrependimentos e me culpei de não ter assistido ao filme antes. Embora seja difícil falar sobre esse filme sem deixar escapar alguns spoilers, tomei o cuidado de não revelar respostas essenciais da trama. Tudo começa quando um arcebispo é morto com 78 facadas e um garoto chamado Aaron Stampler (Edward Norton) é encontrado correndo para longe da cena do crime, coberto com o sangue do arcebispo. Aaron é o principal suspeito do crime, e o advogado Martin Vail (Richard Gere) decide pegar o caso para defendê-lo.

Aos poucos, Martin começa a conhecer melhor seu cliente e encontra nele uma pessoa com possíveis problemas neurológicos. Aaron alega ter “apagões mentais” desde criança, e diz não se lembrar de certos momentos, incluindo o momento em que o arcebispo morreu, quando Aaron estava na sala dele junto com ele. A partir daí, ambos começam a pensar que havia uma terceira pessoa na sala do arcebispo no momento de sua morte. Juntamente com uma análise psiquiátrica de Aaron, Martin e o espectador começam a descobrir detalhes de sua infância e de sua vida, e os obstáculos aos quais Aaron enfrentou. Eles descobrem um grande segredo de Aaron que torna-se essencial para desvendar o resto da trama, mas obviamente eu não vou revelar aqui. Do outro lado da história, a promotora Janet Venable (Laura Linney), uma mulher que já teve um relacionamento com Martin, tenta provar que Aaron é o culpado do crime. Ao mesmo tempo em que tudo isso está ocorrendo, informações importantes em relação ao arcebispo são reveladas, e ambos tentam encontrar um motivo para o crime.

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O filme nos traz inúmeros pontos positivos. Entretanto, o maior destaque é a primeiríssima atuação de Edward Norton, concebendo a ele um reconhecimento amplo de seu trabalho e tornando-o um dos atores mais queridos e profissionais dos tempos atuais. Ele conseguiu equilibrar as personalidades do personagem, e interpretou a doença de Aaron Stampler com muita convicção. Curiosamente, o papel de Aaron era destinado a Leonardo DiCaprio. Porém, ele desistiu do filme e os produtores tiveram que fazer uma nova seleção, descobrindo os talentos de Norton. E que talentos! Vinte anos mais jovem, Norton nos mostra um profissionalismo incrível e uma atuação que superou muitos atores mais experientes da época. Logo em seu primeiro filme, Norton ganhou diversos prêmios e foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Tudo muito merecido.

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Além de Norton, Richard Gere também demonstrou grande competência em seu papel de advogado. Suas dúvidas constantes em relação ao seu cliente e sua sede para buscar a verdade e defender Aaron da melhor maneira deixa o espectador atento. Martin nos convence de suas opiniões quando desacredita e quando passa a confiar em Aaron. Seu nervosismo para saber o que Janet Venable está tramando e se preparar para o pior também nos deixa apreensivos.

Sendo assim, o filme nos apresenta dois personagens de forte personalidade. Sem nenhum elemento de monotonia, o espectador se perde em suas opiniões quando simpatiza com Aaron e quando também acredita que ele possa ser o culpado da morte do arcebispo. Mas será que a insanidade mental deve ser punida? Os debates entre a promotora Venable e o advogado Martin Vail no tribunal criam um turbilhão de possibilidades em relação ao crime. Várias reflexões surgem durante o longa e há o apetite para saber como tudo irá acabar. O final é inesperado e intenso, possuindo uma reviravolta de última hora.

O diretor Gregory Hoblit oferece detalhes através de suas câmeras e acrescenta o suspense nas horas certas. Toda a equipe que participou da realização do filme fez um bom trabalho. Os elementos cinematográficos estão bem colocados, o roteiro está caprichado (baseado no livro de William Diehl) e pode-se afirmar que esse é um verdadeiro filme de grande qualidade de suspense policial, não chegando a ser cansativo em momento algum.

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