“Victoria” – (2015)
Victoria é dirigido por Sebastian Schipper.
Uma boate, suas luzes, bebida, Berlim e Victoria. A sequência ficcional imita a vida, transgride os cortes, os planos médios, fechados e simétricos; a câmera além de nos contar a narrativa também reflete nosso olhar quanto espectadores diante do que acontece. Quando o silêncio permeia os acontecimentos, percebemos que há a necessidade, em certos momentos, de um diálogo verbal, pois tudo pertence à realidade dos personagens em cena. As brincadeiras, os risos, o elevador pequeno, tudo girando em torno de uma grande inocência, e tudo isso, faz parte do cenário estranho, diferente e ao mesmo tempo similar junto ao cumprimento envergonhado de um beijo no rosto.
Através de um café, um piano e mentiras bobas, o olhar de Victoria torna-se cada vez mais suave e apaixonante ao apaixonar-se por um certo alguém. A trilha de suas mãos ao tocar as teclas brancas-pretas e finas fazem soar o que era de verdadeiro naquela fantasia de outrora. Reticência e melancolia diante do não sabido por quem sente de frente, à primeira vista, o que a música pode trazer ao nosso peito; no peito dela. O desalento de não saber ser o que sempre quis e perder o sentido de um sonho quando se pratica o mesmo: há um degrau entre a esperança, um não, e a desistência. É belo ver a confidência poder existir, e de forma verdadeira, entre entrangeiros e desconhecidos – onde não há ligação alguma de passado e presente tanto quanto para com o futuro: é só o que é naquele momento. Contudo, apesar do charme e da gentileza daquele que se faz amigo, sente-se também uma certa desconfiança quanto a quem ele realmente é e diz ser.