“A Vida Secreta de Walter Mitty” – (2013)
Walter Mitty (Ben Stiller) é um homem comum. O que torna sua pessoa ser do jeito que é faz parte do seu interior sensível e calmo. É só. Passeia por sites de relacionamentos com intuito de encontrar alguém para lhe fazer companhia, lhe dar carinho, amor. A timidez é inerente à sua solidão. Além disso, sua imaginação, talvez por sentir-se sempre só, é ilimitada. Tem espasmos de pensamentos, isto é, tem uma percepção e capacidade tremenda de se ausentar de si mesmo em qualquer lugar que esteja, e logo em seguida, poder estar voando, estar num lugar frio no meio da neve escalando ou imaginando algo inusitado ou que seus desejos desejam com quem conversa.
Acorda, toma o seu café e espera o trem para mais um dia de trabalho. Walter trabalha na Time Magazine, no departamento de fotos e restauração de imagens. E-hamony é o porto seguro onde Walter consegue ter um pouco mais de intimidade consigo mesmo e lidar com suas frustrações e realmente tentar conversar com uma garota, e quando consegue, seu wink não é processado. Essa mulher é uma colega de trabalho, morena de olhos verdes, atraente. É nela que Mitty vê um possível futuro, uma possível ligação amorosa, uma conexão, enfim, com alguém, mesmo sem ainda conhecê-la.
A princípio, a ligação que Walter tem com ela é meramente através de um homem que ele conhece pelo telefone e que trabalha no site em que ela foi encontrada. Eles mantêm uma relação interessante. Não se conhecem, nunca se viram, porém, acabam tornando-se colegas e ele fazendo de tudo para ajudar Mitty a conseguir a mulher de seus sonhos. O intrigante é que parece que o filme trata dessa relação não existente e dessa busca que esse personagem enfrenta com o objetivo de encontrar alguém para estar do seu lado. Contudo, é mais que isso. Sua procura é por uma foto que vai ser capa da última revisa Time a ser publicada, já que a empresa vai fechar. Tirada por um fotógrafo famoso (Sean Penn) e que tem muito apreço por Walter ela acaba sumindo e é a partir desse fato que a narrativa se dá por iniciada.
A jornada por uma vida mais interessante começa nessa busca por esse negativo dessa foto que perdera. É a transformação de si mesmo durante essa viagem mágica – não no sentido fantasioso, porém, real em sua vida, é que Walter passa a realmente sentir-se vivo. Fantasia e realidade se misturam, são entrelaçadas mutuamente, há no topo fantasioso o real debruçado e vivo. É possível perceber a qualidade do trabalho de Ben Stiller tanto como diretor quanto como ator. Nessa narrativa temos o ator/diretor delinear sua arte via focos distintos, mas, contíguos, inerentes um ao outro. É bonito, é sensível, temos em A Vida Secreta de Walter Mitty não ausência e sim o oposto, a existência, temos a magia, o real.