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Crítica: A Grande Aposta

AGrandeAposta_TheBigShort_posterA Grande Aposta é considerado o grande favorito a ganhar o Oscar 2016, já que venceu o prêmio do sindicato dos produtores.

Ficha Técnica:

Direção:  Adam McKay
Roteiro:  Adam McKay, Charles Randolph, Michael Lewis (livro)
Elenco: Steve Carell, Marisa Tomei , Christian Bale, Ryan Gosling, Hamish Linklater , Rafe Spall, Jeremy Strong, Finn Wittrock , John Magaro, Brad Pitt, Selena Gomez.
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2015 (14 de janeiro de 2016 no Brasil)

Sinopse: Michael Burry (Christian Bale), dono de uma empresa de médio porte, decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Além de tal ato gerar complicações junto aos investidores, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) nota a oportunidade e passa a oferecer este investimento a seus clientes. Mark Baum (Steve Carell) se interessa pelo investimento, enquanto dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária.

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O humor é sutil e somos lembrados o tempo todo que estamos vendo um filme. Seja quando surge na tela a imagem de um testículo para mostrar qual é o problema de saúde do personagem, seja quando a atriz Selena Gomez aparece como ela mesma explicando alguns conceitos complexos de investimentos, hipotecas e economia.

“A Grande Aposta” é, assim como “Spotlight“, um filme necessário. Afinal, escancara a um grande público uma realidade que precisamos conhecer. Não é fácil, apesar de ser didático. Mesmo com todas as explicações desenhadas na tela (quase sempre literalmente), quem não entende de economia, finanças, fundos, aplicações e hipotecas, deve ficar perdido em meio a tantas siglas e termos incomuns.

Ainda assim, é possível entender o básico: a ganância de grandes corporações – especialmente os bancos – aliada à pouca (quase nula) interferência do Estado na economia foi o grande motivo para a crise financeira internacional de 2008. Toda a trajetória mostrada no filme só serve para nos fazer ter ainda mais asco do mercado financeiro e de como ele funciona. A trama relata como alguns poucos investidores descobrem que o sistema imobiliário, bem como toda a economia americana, deverá quebrar em breve. Entre eles, estão o empresário Michael Burry (Christian Bale), o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling), o benqueiro Mark Baum (Steve Carrell), e os jovens investidores Jamie Shipley (Finn Wittrock) e Charlie Geller (John Margaro), que contam com a ajuda do desacreditado Ben Rickert (Brad Pitt).

Com uma câmera fugidia e em constante movimento, Adam Mckay consegue colocar o humor de seus filmes anteriores (O Âncora, Tudo Por um Furo) como forma de sarcasmo e acidez diante de uma realidade que, se bem pensada, parece uma grande mentira. Aliás, por parecer tanto ficção, é admirável que o cineasta faça tudo parecer um grande documentário, já que é uma forma de provar que aquilo é real, por mais absurdo que pareça. Outras escolhas inteligentíssimas do diretor, que também assina o roteiro, é colocar alguns personagens quebrando a quarta parede, seja para explicar a história – como é o caso do narrador (Gosling) – seja para criar uma situação metalinguística – na qual Jamie (Wittrock) conta que uma situação não aconteceu exatamente daquela forma, mas estava ali para fazer sentido em um roteiro de filme. Também vale destacar a inserção de risadas quando um homem explica como se davam as aplicações de CDO e CDO sintéticas, diante da expressão estupefata de Baum (Carrell).

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Com diálogos quase tão incansáveis quanto os do roteirista Aaron Sorkin, o filme nunca fica em silêncio, e se volta exclusivamente aos personagens do mundo corporativo. É aí que reside um dos problemas: a falta de tempo para aprofundar-se um pouco mais no personagem de Steve Carrell e principalmente sua esposa Cynthia (Marisa Tomei), que parece apenas uma ponta de luxo. Brad Pitt aparece pouco e sem tanto destaque, mas ao menos é o produtor do longa. Enquanto Ryan Gosling não se destaca, Christian Bale e Steve Carrell dão um show completo. Enquanto o primeiro encarna um homem brilhante com claros distúrbios mentais, Carrell carrega humor e drama na medida para seu personagem, indicando os motivos que fazem com que ele seja o personagem mais ético entre todos os que lá estão.

Desta forma, além de ser essencial em sua mensagem e trazer elementos diferentes do que vemos comumente nos filmes do “mainstream”, “A Grande Aposta” ainda se destaca por cortes curiosos e imagens que parecem saídas de power point, mas que escancaram a verdade com todas as palavras, como é preciso ser dito – e o corte repentino para um acampamento de pessoas que ficaram sem suas casas me lembrou o curta “Ilha das Flores”.

E o fim pessimista de “A Grande Aposta” apenas prova, como eu disse em meu artigo, que definitivamente o ser humano não aprende nada com a História. Ou simplesmente não quer aprender.

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5/5

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