CCXP 25: o acerto da Petrobras em meio aos “problemas” do evento
Já faz uma semana que ocorreu a CCXP 25. O evento anual de cultura pop, que já se tornou o maior do mundo em público total (embora eu não tenha visto atualizações recentes), já é um dos principais eventos do Brasil e movimenta muito dinheiro e expectativas.
*foto destaque: imprensa CCXP 25 (Crédito: ‘Gabriel Na Foto’)
Depois de um ou dois anos sem ir, simplesmente porque não tive vontade e não estava disposto a pagar o valor cobrado, neste ano eu decidi ir. Surgiu o convite e a oportunidade de ir com amigos, e realmente senti que era hora de voltar a viver o ambiente nerd que, de fato, pode ser divertido se você não entrar na onda de que tudo tem que ser “épico”.

A CCXP é um evento caro (são mais de 300 reais por dia para entrar em um lugar onde tudo custa mais dinheiro, o foco é fazer compras, e a comida é inflacionada). E agora, com ausência das grandes empresas, que não participaram do evento, como Globo, Netflix e Disney (especialmente as duas últimas), o evento deixou de ser aquela fonte de lançamentos e anúncios que recheavam o mercado da cultura pop.
Não pretendo me estender mais sobre o assunto. A matéria do Leonardo Sanchez na Folha já explica muito do tema, e o vídeo do PH Santos faz uma análise interessante sobre o fato de os problemas da CCXP 25 serem muito mais ecos da situação atual da cultura pop, com a crise dos estúdios, do que problemas específicos do evento em si.
Expectativas e pontos positivos — vamos falar da Petrobras!



Se você vai à CCXP esperando algo realmente épico (como o evento já se vendeu mais no passado, e como ele conseguia se vender especialmente porque era novidade no Brasil), você vai se decepcionar. E se o objetivo for tirar foto com artistas internacionais nos famosos “meet-and-greet”, por exemplo, você vai gastar muito dinheiro e a tendência é que os artistas sejam cada vez menos famosos.
Tendo isso em mente, vale ressaltar que o melhor da CCXP é, como sempre, o Artists Valley. Além do local onde quadrinistas e artistas colocam suas obras à venda (desde os mais desconhecidos até grandes nomes, como a Laerte), a CCXP também se destaca, na minha opinião, quando tem livros e HQs a preços mais vantajosos (como no caso do estande da editora Pipoca e Nanquim) e, claro, o simples fato de ser um espaço de encontro presencial para que as pessoas se vejam, cara a cara, em um grande momento de confraternização (quanto mais viciados em telas, mais o presencial tem valor).
E a despeito de todos os problemas que podem ser apontados no evento, um estande se destacou para mim: o da Petrobras.
A gigante estatal brasileira não estava lá para nos vender barris de petróleo, é claro: seu estande era sobre o cinema brasileiro e todas as obras já patrocinadas pela empresa. Além de versões cartunizadas dos cartazes desses filmes, todos desenhados por grandes nomes do Artists Valley (o que valoriza bastante o artista independente, e espero que tenham sido bem pagos), a Petrobras fez uma coisa interessante: distribuiu um álbum de figurinhas gratuito, junto com as próprias figurinhas.
Essa ação da empresa gerou um momento de troca entre os interessados, que se sentaram no chão para selecionar as figurinhas necessárias, todas misturadas e espalhadas. Posso dizer, por experiência própria, que foi uma experiência positiva viver esse ambiente de troca com algumas pessoas. Além disso, a ação realmente valorizava o cinema nacional com um brinde que de fato vale a pena — diferentemente dos bottons, cartazes e outras bugigangas inúteis que geralmente são distribuídas.
Propostas para a CCXP melhorar (baseadas na minha opinião)
Se as próximas edições da CCXP terão a Disney, Globo, Netflix e outras gigantes de volta, capazes de trazer a relevância dos lançamentos, só o tempo dirá. E quanto a isso, é difícil prever ou controlar.
Se eu fosse da organização do evento, tentaria melhorar e renovar a CCXP por meio de apostas no pequeno: mais produtores independentes, mais editoras de livros (literatura também é cultura pop, afinal), e marcas menos óbvias ou inesperadas com boas iniciativas, contado com o cuidado para não sair do eixo da temática do evento (teve estande e painel do UFC este ano, o que dizer?).
Gostei muito da apresentação do Pedro Bandeira, um autor que me foi muito importante na adolescência, que falou em um dos palcos sobre sua obra e a quadrinização de A Droga da Obediência. Depois, me arrependi de não correr para comprar o livro com seu autógrafo: quando cheguei, ele já estava esgotado. O evento poderia ter mais autores como ele, mesmo sem uma HQ para lançar.
Sigo sem grandes críticas à CCXP 25, mas como um consumidor menos afoito e com menos expectativas. Não espero tanto assim do evento, e sei de todas as suas vicissitudes, tanto que não entro em filas e nem participo do que promete ser muito “épico”. Mas também não contem comigo no ano que vem. Talvez eu volte em 2027. Quem sabe.