Crítica: Dollhouse
Dollhouse
Direção: Shinobu Yaguchi
Roteiro: Shinobu Yaguchi
Nacionalidade e Lançamento: Japão, 2025
Elenco: Masami Nagasawa, Kôji Seto, Aoi Ikemura, Jun Fubuki
Sinopse: Quando sua filha de 5 anos morre, uma mãe fica devastada, mas encontra consolo em uma boneca que se parece com a menina e começa a tratar o brinquedo como parte da família. Mas, depois de dar à luz outra criança, coisas estranhas começam a acontecer.
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O boneco Chucky abriu as portas para a fama dos brinquedos assassinos no final dos anos 1980. Mais recentemente, Annabelle se tornou a representante mais bem-sucedida dessa classe. Como costuma acontecer, muitos outros filmes de bonecos assassinos foram realizados ao longo dos anos, sempre tentando pegar carona nos exemplares mais famosos, mas com resultados, frequentemente, pouco originais. Até Dollhouse.
O filme japonês, que estreia nos cinemas brasileiros nesse 6 de novembro, tem direção e roteiro de Shinobu Yaguchi, que já tem uma extensa experiência na comédia – um fato que ele não disfarça no novo projeto. No filme, Yoshie Suzuki perde sua filha, Mei, em um trágico acidente doméstico. Mesmo com o apoio do marido, Tadahiko, mesmo um ano depois ela ainda não conseguiu seguir em frente. Isso muda quando, em uma feira de antiguidades, Yoshie encontra uma boneca de porcelana (que lembra muito um bebê reborn) muito parecida com Mei. A partir daí, ela passa a tratar o brinquedo como uma criança e exige que todos ao redor façam o mesmo.
Nesse ponto eu achei que já tinha entendido o filme todo. Mais uma vez uma personagem que sofreu um trauma muito grande passaria a ser vista como louca pelas pessoas à sua volta. Os espectadores são deixados em dúvida por boa parte do filme: será que a boneca está mesmo viva? No final, ela estaria, sim, mas já seria tarde. E a boa notícia é que não é isso que acontece.

Yoshie acaba engravidando de novo e, finalmente, consegue superar a morte de Mei e guardar a boneca no fundo do armário. Mas, cinco anos depois, sua filha, Mai, a encontra e a torna seu brinquedo favorito – afinal de contas, a boneca conversa com ela! Se em Brinquedo Assassino vemos Chucky em ação o tempo todo e em Annabelle a boneca não se mexe, em Dollhouse acontece uma boa mistura. Não vemos a boneca Aya se mexer, mas vemos vultos no canto da tela, ou um movimento estranho no final de um corredor. Shinobu Yaguchi consegue manter uma tensão palpável, mesmo incluindo alívios cômicos em vários momentos.
Como a dúvida sobre Aya logo é sanada, o problema passa a ser como se livrar da boneca. Além do brinquedo conseguir voltar por conta própria, a família Suzuki ainda enfrenta picaretas até encontrar um especialista no assunto. Todo esse plot envolve lendas e rituais específicos da cultura japonesa, mas isso não causa nenhum tipo de distanciamento do público com o que está acontecendo na tela. Pelo contrário, são elementos que diferenciam Dollhouse de outros filmes similares, tornando a experiência mais interessante.
Com quase duas horas de duração, o problema do filme está em algumas redundâncias. A boneca que sempre retorna e as várias reviravoltas quando achamos que a situação finalmente vai se resolver fazem o terceiro ato de Dollhouse ser um tanto arrastado. Optar por mostrar mais do que o necessário nesse final também traz um humor involuntário, diferente do que vem em outros momentos.
Mas as qualidades de Dollhouse ultrapassam facilmente os pequenos problemas. É revigorante ir ao cinema e ser surpreendida com uma versão tão simpática dentro de um subgênero já tão batido no terror. Vale a visita a essa casa de bonecas!
Nota: 4 /5