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Crítica: Perrengue Fashion

Perrengue Fashion
Direção: Flávia Lacerda
Roteiro: Ingrid Guimarães, Célio Porto, Edu Araújo
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 2025
Elenco: Ingrid Guimarães, Rafa Chalub, Filipe Bragança, Michel Noher.
Sinopse: Paula Pratta é uma influenciadora de moda que tenta se consolidar como referência no ramo dos criadores de conteúdo desse nicho. Quando sente que chegou sua grande oportunidade de brilhar, seus planos não são os mesmos de seu filho Cadu, que decide abandonar tudo para se dedicar ao ativismo ambiental e morar numa ecovila sustentável na Floresta Amazônica. Focada em trazê-lo de volta para São Paulo com a ajuda de seu assistente, Paula não pensa duas vezes e embarca até a Região Norte do país.

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Em uma época onde mais e mais pessoas sonham em crescer na internet e transformar suas redes sociais em seu ganha-pão, nada mais lógico que colocar uma criadora de conteúdo e seu desejo por relevância digital como protagonistas de uma comédia. É o que acontece no filme Perrengue Fashion. 

Paula Pratta (Ingrid Guimarães) é uma influenciadora de moda que lutou e luta muito para ter relevância na internet. Quando ela é convidada para estrelar uma super campanha de Dia das Mães, seu filho interessado em ativismo ambiental abandona sua faculdade nos Estados Unidos e vai para a Amazônia. Para não perder a oportunidade da sua vida, Paula resolve ir atrás dele e convencê-lo a estrelar a campanha junto com ela. 

A premissa de Perrengue Fashion é promissora. Uma comédia totalmente brasileira que tem espaço para questionar o consumo desenfreado, a lógica das redes sociais, falar sobre maternidade e dar protagonismo à floresta amazônica. O problema é que apesar do filme tentar fazer tudo isso e trazer muitas piadas que são engraçadas, com um elenco afiado na comédia, o filme tropeça em seu próprio olhar. 

É visível a tentativa de colocar a Amazônia com respeito, mostrando como pessoas de fora não têm noção nem respeito pela paisagem, pelo povo e pela cultura amazônida. Mas Perrengue Fashion tropeça ao trazer um olhar parecido demais com aquele que deseja criticar.

O filme não vai além de colocar o lugar e sua cultura apenas como cenário, sem explorar de fato suas particularidades. E por mais que tente fugir dos estereótipos não deixa de exotizar e estereotipar nortistas e seus costumes. E para piorar, cai em um problema muito sério que é tratar a Amazônia e a região Norte como um lugar que precisa ser salvo por pessoas do Sudeste e de fora do país. Pessoas supostamente mais instruídas e que podem mostrar aquele povo como viver e preservar seu lugar. 

Então, por mais que o filme tenha momentos muito engraçados e que os atores sejam ótimos e deem muita honestidade aos seus personagens, o filme acaba trazendo essa visão problemática e irreal que ainda é dominante quando falamos sobre a região Norte do Brasil. 

A intenção provavelmente era boa, mas o resultado só reforça estereótipos. E não dá mais para ficar fazendo piada com a cultura de uma região tão rica do país.

Nota: 2,5 / 5

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