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Crítica: Extermínio: A Evolução

Extermínio: A Evolução
Direção: Danny Boyle
Roteiro: Alex Garland
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 2025
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Jodie Comer, Alfie Williams, Ralph Fiennes.
Sinopse: Um grupo de sobreviventes do vírus da raiva vive em uma pequena ilha. Quando uma pessoa do grupo parte da ilha em uma missão no continente, ele descobre segredos, maravilhas e horrores que mudaram não apenas os infectados, mas outros sobreviventes.

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Foi em 2002 que Danny Boyle lançou Extermínio, filmado em uma Tekpix câmera de vídeo digital e apresentando uma versão de zumbis que não eram mortos-vivos, mas sim pessoas infectadas por um tipo de vírus da raiva que os transformava em corredores assassinos implacáveis. Sujo e caótico, o longa foi um marco dentro do subgênero, rendeu uma sequência que dividiu opiniões em 2007 e deixou o público esperando por um terceiro filme por anos. Finalmente esse momento chegou, com Boyle se unindo mais uma vez ao roteirista Alex Garland para produzir Extermínio: A Evolução, que chega aos cinemas brasileiros 23 anos após o primeiro filme (e não 28, como o título original indica, só pra constar).

Ignorando o segundo filme, Evolução mostra que a infecção foi contida no Reino Unido e o país é agora um território isolado do resto do mundo (Brexit, alguém?). Em uma ilha, que na maré baixa é ligada ao continente por uma ponte de terra, vive um grupo de sobreviventes bem organizado, apesar dos poucos recursos. Passamos a acompanhar o garoto Spike (Alfie Williams), prestes a fazer sua primeira viagem ao continente junto com o pai, Jamie (Aaron Taylor-Johnson), em uma espécie de ritual de afastamento da infância e perda da inocência. Enquanto a ilha está limpa, o continente é o lugar onde os infectados evoluídos do título habitam, onde se adaptaram e mudaram, agora divididos em diferentes espécies e formando seus próprios grupos.

É nessa incursão que Spike fica sabendo da existência de um médico no continente, o (a princípio) insano Dr. Kelson (Ralph Fiennes). Após desentendimentos com o pai, o garoto decide fugir da ilha levando a mãe, Isla (Jodie Comer), uma mulher que sofre de alucinações e dores de cabeça, para uma consulta com o médico. A dupla tem alguns encontros insólitos pelo caminho, para acabar se deparando com um ser humano muito diferente do que os habitantes da ilha acreditavam.

Por mais que abra seu filme com uma cena muito brutal e ousada, aqui Boyle conta uma história mais sobre relações humanas do que sobre zumbis corredores. Nos filmes anteriores, assim como em tantas outras produções sobre temas parecidos, os seres humanos acabam frequentemente sendo uma ameaça muito maior do que os próprios zumbis. Em Evolução isso ficou pra trás, pelo menos nesse recorte. Há menos mortes de humanos, mais sensibilidade e solidariedade – essa que só dá uma boa escorregada quando o roteiro resolve envolver gravidez e solidariedade feminina de uma forma que não faz nenhum sentido. É o tipo de coisa que pode afastar fãs mais fervorosos da franquia, mas, se fosse pra fazer mais um filme igual, era melhor deixar pra lá. Esse é um projeto mais maduro, que só poderia acontecer em um mundo que já acabou faz tempo.

Agora usando iPhones, que entregam uma imagem bem menos ruidosa e mais próxima do tradicional, Boyle faz um filme tão diferente dos anteriores que poderia muito bem ser um projeto independente. Mas muito da essência de Extermínio está lá, seja na trilha sonora marcante do trio escocês Young Fathers, ou na montagem rápida e cheia de experimentação nos enfrentamentos entre infectados e humanos que usam flechas para se defender. Mas tudo isso sai dos cenários urbanos que já conhecemos para acontecer em campos e florestas que entregam mais cor e beleza ao cenário pós-apocalíptico.

Para aqueles que querem o caos, a cena final de Extermínio: Evolução é tão doida que me fez soltar um “o que tá acontecendo?” na sala de cinema, e deve ser um indicativo do que esperar do próximo filme, 28 Years Later: The Bone Temple, dirigido por Nia DaCosta e já agendado para 2026. Diz a lenda que Cillian Murphy também volta para essa sequência – e não, ele não é o zumbi que aparece no trailer. Enquanto isso, aproveitemos a paisagem.

Nota: 3,5 /5

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